estudante em um corredor com a mão na cabeça, em um gesto de preocupação, cansaço

Na pesquisa, contatou-se que os sintomas depressivos foram os mais relacionados � baixa qualidade de vida dos estudantes da �rea de sa�de

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Muito se fala sobre como estamos vivendo no s�culo da precariza��o da sa�de mental. Fluxo de informa��es elevado, excesso de demandas e uma rotina cada vez mais desgastante t�m colaborado para um intenso aumento dos diagn�sticos de doen�as como depress�o e ansiedade. Trazendo para a realidade acad�mica, um estudo publicado na Revista Latino-Americana de Enfermagem (RLAE) avaliou a rela��o entre a sa�de mental e a qualidade de vida de estudantes da �rea da sa�de de tr�s universidades federais de Minas Gerais: UFOP, em Ouro Preto, UFSJ, em S�o Jo�o del-Rei e Divin�polis, e UFTM, no  Tri�ngulo Mineiro. 

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No trabalho, os cientistas aplicaram um question�rio on-line a 321 alunos dos cursos de biomedicina, educa��o f�sica, enfermagem, farm�cia, fisioterapia, medicina, nutri��o, psicologia e terapia ocupacional, que responderam perguntas sobre aspectos f�sicos, emocionais, psicol�gicos, de rela��es sociais, do ambiente em que vivem e h�bitos particulares. A maioria dos participantes era do sexo feminino, solteira, proveniente de fam�lias com renda igual ou superior a quatro sal�rios m�nimos e com m�dia de idade de 24 anos. 

Os resultados mostraram que cerca de 50% dos entrevistados apresentavam sintomas de depress�o, ansiedade e estresse, variando entre quadros leves, moderados e graves. Segundo o estudo, acredita-se que a preval�ncia desses sintomas esteja relacionada, pelo menos parcialmente, � qualidade de vida limitada experimentada pelos estudantes no ambiente de aprendizagem, tendo em vista a sobrecarga de atividades de ensino, tarefas acad�micas e est�gios curriculares no �mbito hospitalar e da aten��o prim�ria, press�o por rendimento elevado, al�m da dist�ncia de familiares e baixa autoestima. 

H� reflexos nos h�bitos dos jovens

Esse cen�rio desfavor�vel pode, inclusive, refletir nos h�bitos desses jovens: quase metade dos alunos revelou usar ou j� ter usado drogas il�citas. Outro n�mero que tamb�m chamou aten��o � o de que 47% dos alunos afirmaram consumir excessivamente bebidas alco�licas.

“Os sintomas depressivos foram os mais relacionados � baixa qualidade de vida desses estudantes. Isso se manifesta em todas as �reas da vida dos estudantes, como nas emo��es, autoestima e percep��o sobre si mesmo e o mundo em que vivem. V�rios fatores podem contribuir para o desenvolvimento desses sintomas, como ansiedade, estresse, dificuldades econ�micas e ser do sexo feminino. Al�m disso, fatores individuais e do ambiente acad�mico tamb�m influenciam na elevada carga de sintomas depressivos e ansiosos nessa popula��o”, explica Pedro Henrique de Freitas, doutor em ci�ncias da sa�de pela UFSJ  e um dos autores do estudo.

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A depress�o ï¿½ um dos principais preditores de uma pior qualidade de vida, podendo impactar, no caso de estudantes universit�rios, seu desempenho acad�mico e as perspectivas futuras desses jovens tanto no contexto profissional como pessoal. A ansiedade, por sua vez, tamb�m merece aten��o e um aprofundamento do debate sobre como pensar em alternativas para control�-la. 

Estudantes com sintomas de ansiedade geralmente apresentam sensa��o de inseguran�a, tens�o e medo, fazendo com que se privem de atividades que promovem bem-estar. “Os estressores relacionados ao ambiente acad�mico t�m uma participa��o importante no desenvolvimento e/ou manuten��o desses sintomas. � importante destacar que, apesar de ser t�o debilitante e comum quanto a depress�o, a ansiedade ainda � pouco discutida e diagnosticada entre estudantes universit�rios”, afirma Clareci Silva Cardoso, Professora da UFSJ e orientadora do trabalho de doutorado que deu origem ao artigo. 

Os resultados do estudo apontam para a necessidade de planejar interven��es e cuidados oportunos que possam evitar desfechos futuros tr�gicos, como o suic�dio. Al�m disso, a avalia��o da qualidade de vida e das caracter�sticas associadas aos estudantes da �rea da sa�de, principalmente aquelas relacionados � sa�de mental, pode facilitar o levantamento de indicadores para planejar interven��es e cuidados oportunos. Nesse sentido, a pesquisa ajuda a subsidiar o desenvolvimento de pol�ticas p�blicas que possam contribuir para a melhora da qualidade de vida desses universit�rios e, consequentemente, reduzir as chances dos alunos desenvolverem problemas de sa�de mental. 

Os pesquisadores afirmam ser fundamental que as institui��es de ensino adotem medidas para identificar precocemente essas condi��es, a fim de promover um ambiente acad�mico saud�vel e prop�cio ao desenvolvimento dos estudantes. Algumas sugest�es que surgem com o estudo s�o a cria��o de estrat�gias de rastreamento dos sintomas de depress�o, ansiedade e estresse, a elabora��o de programas de preven��o e tratamento desses quadros cl�nicos, al�m da promo��o de atividades de lazer, cultura e esporte no ambiente acad�mico, visando fortalecer a sa�de mental e emocional dos jovens. 

O estudo � parte integrante de uma tese de doutorado desenvolvida no Programa de P�s-gradua��o em Ci�ncias da Sa�de da UFSJ, em Divin�polis, e contou com apoio da Coordena��o de Aperfei�oamento de Pessoal de N�vel Superior (CAPES).