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Estado de Minas Comportamento

Cozinhar pode resultar em dias mais saborosos e especiais

A cozinhaterapia ganha espa�o e adeptos impulsionada pela pandemia e a redescoberta dos benef�cios no preparo do pr�prio alimento.


13/12/2020 04:00 - atualizado 14/12/2020 14:39

(foto: Kranich17/Pixabay )



“Cozinhar � o mais privado e arriscado ato. No alimento se coloca ternura ou �dio. Na panela se verte tempero ou veneno. Cozinhar n�o � um servi�o. Cozinhar � um modo de amar os outros.”  A defini��o � de Mia Couto, escritor e bi�logo mo�ambicano, que leva poesia para descrever o sagrado ato de cozinhar.

O preparo da comida � sin�nimo de amor, cuidado e conforto. Tudo o que as pessoas precisam em tempos de pandemia e com a proximidade das festas de fim de ano, Natal e r�veillon, datas em que as emo��es e os sentimentos ficam � flor da pele, ainda mais tendo de lidar com o afastamento social por causa da contamina��o pelo Sars-Cov-2, novamente em alta em Minas e no Brasil.

A escolha de cozinhar, de preparar o pr�prio alimento, a comida de verdade, foi resgatada, de certa maneira, diante do isolamento social imposto pelo novo coronav�rus.

H� quem voltou a cozinhar e quem descobriu uma nova habilidade. Assim, est� cada vez mais forte o termo cozinhaterapia, uma maneira que muitos encontraram de se acarinhar, cuidar da sa�de mental e n�o s� a do est�mago. Uma tend�ncia que veio para ficar. Sim, cozinhar � terap�utico.

A farmacêutica Lorena Mendes, de 37 anos, é do grupo que sempre gostou de cozinhar, ainda que, confessa, não tenha muita técnica e tanto conhecimento
A farmac�utica Lorena Mendes, de 37 anos, � do grupo que sempre gostou de cozinhar, ainda que, confessa, n�o tenha muita t�cnica e tanto conhecimento (foto: Arquivo Pessoal)
A farmac�utica Lorena Mendes, de 37 anos, � do grupo que sempre gostou de cozinhar, ainda que, confessa, n�o tenha muita t�cnica e tanto conhecimento.

O que tem resolvido ao longo dos �ltimos quatro anos, quando se matriculou na escola do chef Felipe Caputo. “Ele simplesmente transformou a minha forma de cozinhar. Aprendi muitas t�cnicas, preparos diferentes, como utilizar especiarias. Cozinhamos todos os dias em casa e as receitas do Caputo est�o sempre em nosso card�pio. Ele me ensinou a praticidade com a sofistica��o, a surpreender e tornar os momentos inesquec�veis.”

Para Lorena, a comida tem um significado especial: “Para mim, ela une, cura, alimenta as emo��es, a alma e cria as melhores mem�rias. Nesta quarentena, apesar de todos os contratempos, teve um sabor especial. Desaceleramos, ficamos em casa e conseguimos aproveitar mais momentos com a fam�lia, principalmente ao redor da mesa. Fa�o quest�o de montar uma mesa especial, linda e recheada de prepara��es, cheia de sabor e amor. Amar cozinhar torna meus dias ainda mais saborosos e especiais”.

Com as pessoas for�adas a permanecer mais tempo em casa por causa da pandemia, nasceram novos h�bitos e hobbies.

Dados de uma pesquisa on-line, que faz parte de um estudo que contou com apoio da Funda��o de Amparo � Pesquisa do Estado de S�o Paulo (Fapesp), dispon�veis no artigo “Influence of nutritional status on eating habits and food choice determinants among Brazilian women”, publicado na plataforma medRxiv, revelaram que as medidas de isolamento social modificaram o comportamento alimentar dos brasileiros.

Entre os destaques, est�o o crescimento do h�bito de cozinhar (28%) e de sentar-se � mesa para comer (40%).

Ainda que outra pesquisa, a Tracking COVID-19 – Alimenta��o e bem-estar, feita entre mar�o e abril de 2020 pela RGNutri, em parceria com a Tech.Fit, revele que se por um lado cresceu o h�bito de cozinhar, por outro tamb�m aumentou a comodidade de pedir comida pronta.

Ela ainda registrou que quatro em cada 10 pesquisados passaram a cozinhar ou aumentaram a frequ�ncia na cozinha. A esperan�a � de que o n�mero aumente ou se mantenha no p�s-pandemia, para o bem da sa�de de todo o organismo.

A designer de interiores e arquiteta Fabíola Constantino Ferreira, de 47 anos, tomou tanto gosto pela cozinha que hoje se transformou em hobby
A designer de interiores e arquiteta Fab�ola Constantino Ferreira, de 47 anos, tomou tanto gosto pela cozinha que hoje se transformou em hobby (foto: Arquivo Pessoal)
J� a designer de interiores e arquiteta Fab�ola Constantino Ferreira, de 47, conta que vem de uma fam�lia em que as mulheres cozinham muito bem, “dominam de verdade a cozinha. Av�, m�e, tias, todas me trazem lembran�as maravilhosas dos mais variados sabores”. Mas ela ainda n�o se inclu�a nesse rol. Ainda mais pela sorte de ter ao lado “uma pessoa querida que trabalha comigo h� 18 anos. Ent�o, meus filhos acabaram tendo o privil�gio de comer comida fresca e de qualidade todos os dias e em casa. Da�, um dia me deu um estalo. Qual lembran�a de um prato gostoso eles iriam levar de mim? Foi a� que iniciei minhas aulas de culin�ria com os mais variados chefs e estilos diferentes. Tomei tanto gosto que hoje � meu hobby”.

Fab�ola revela, ent�o, que passou a ter enorme prazer ao ver a fam�lia apreciar seus pratos, feitos por ela, ali, na hora. E aprendeu tamb�m a reconhecer bons produtos e o alimento fresco.

“Minhas lembran�as mais antigas s�o os almo�os de domingo na casa da minha av� Filomena. L�, todos se reuniam para saborear a aut�ntica comida mineira, tutu de feij�o, arroz de forno, galinha caipira, macarronada e hortali�as da horta dela. Na sobremesa, aquele arroz-doce fresquinho, al�m do caf� de qualidade e roscas que ela preparava para todos levarem de presente.”

Lembran�as reais que confirmam que cozinhar � um ato de amor.

SAUDABILIDADE

(foto: ds_30/ Pixabay)


Assim como a cozinhaterapia, a saudabilidade � outro termo que ganha proje��o e entra no dia a dia de muitas pessoas. A palavra � associada � nutri��o e ganha o censo comum com abordagem mais integral incluindo o corpo, a mente e a alma.

Pesquisa da Nielsen, de 2016, antes de todas as priva��es de 2020, j� mostrava que 66% dos brasileiros estavam dispostos a pagar mais por alimentos e bebidas livres de ingredientes indesej�veis.

A saudabilidade alimentar, ou a procura por produtos mais saud�veis, � uma tend�ncia porque cada vez mais estudos vinculam a m� alimenta��o a doen�as como diabetes, hipertens�o, problemas card�acos e obesidade.

Outro fator para se levar em conta na procura por alimentos mais saud�veis � o aumento da expectativa de vida. De acordo com a Organiza��o Mundial da Sa�de (OMS), o Brasil ser� o sexto pa�s em n�mero de idosos em 2025, com cerca de 32 milh�es de pessoas com mais de 60 anos.

A longevidade faz com que a boa alimenta��o seja uma busca por ter uma sa�de melhor. A preocupa��o � v�lida porque em outro dado do Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE), estima-se que, at� 2055, o n�mero de pessoas com mais de 60 anos superar� o de brasileiros com idade inferior a 30.

A nutricionista Adriana Stavro, p�s-graduada em doen�as cr�nicas n�o transmiss�veis pelo Hospital Albert Einstein, assim como em nutri��o cl�nica funcional e fitoterapia, destaca que estudos sobre mudan�a de comportamento de sa�de, incluindo nutri��o e atividade f�sica, t�m ra�zes em um paradigma cognitivo racional.

“A mudan�a � conceituada como um processo linear em que os indiv�duos pesam os pr�s e os contras.” Em �ltima an�lise, ela explica que o design comportamental ajuda as pessoas a encontrar ferramentas e t�ticas �teis para fazer mudan�as no estilo de vida.

Tamb�m ajuda a determinar o qu�o capaz e pronta uma pessoa � para fazer uma mudan�a e quais os gatilhos com maior probabilidade de estimul�-la.

“Para que os indiv�duos mantenham transforma��es de estilo de vida saud�veis, devemos fazer da escolha saud�vel a escolha f�cil”, afirma a nutricionista.

Outro aspecto importante � tornar o indiv�duo capaz de traduzir as in�meras informa��es sobre nutri��o a que est� exposto em informa��es pr�ticas sobre quais alimentos deve escolher para garantir uma alimenta��o saud�vel.

“Envolver as pessoas na melhora de sua sa�de, mostrar a elas como as mudan�as de comportamento podem contribuir para prevenir ou retardar o aparecimento de doen�as. A ideia � que cada etapa seja uma prepara��o para a seguinte; portanto, n�o deve se apressar ou pular fases.”


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