
Peso e incha�o nas pernas, hematomas e dificuldades de locomo��o. Esses s�o alguns dos sintomas que podem indicar o acometimento de membros – bra�os, pernas e quadris – pelo lipedema, doen�a causada pelo ac�mulo de gordura em regi�es espec�ficas do corpo, de forma desproporcional.
A patologia, muitas vezes confundida com a obesidade e/ou de diagn�stico negligenciado, em raz�o da falta de conhecimento, acomete, segundo dados da Sociedade Espanhola de Medicina Est�tica (Seme), cerca de 10% das mulheres de todo o mundo, causando sofrimento f�sico e psicol�gico.
A patologia, muitas vezes confundida com a obesidade e/ou de diagn�stico negligenciado, em raz�o da falta de conhecimento, acomete, segundo dados da Sociedade Espanhola de Medicina Est�tica (Seme), cerca de 10% das mulheres de todo o mundo, causando sofrimento f�sico e psicol�gico.
“O lipedema est� diretamente ligado aos horm�nios femininos, o estr�geno e a progesterona. Justamente por isso muitas mulheres come�am a sentir o desconforto no corpo em raz�o do aumento de volume nos bra�os, pernas, quadris e/ou joelhos, ap�s o in�cio da menstrua��o ou com a inser��o da p�lula anticoncepcional. A gesta��o tamb�m tende a ser um fato precursor do aparecimento do chamado tumor de gordura”, explica o m�dico cirurgi�o pl�stico F�bio Kamanoto.
O especialista destaca que o primeiro sinal normalmente diz respeito � apar�ncia das pernas e, consequentemente, do corpo como um todo. Segundo ele, os membros inferiores assumem uma semelhan�a com um tronco de �rvore.
Ou seja, o controle da panturrilha � perdido e, assim, a perna tende a se parecer retificada desde o joelho at� a altura do p�. No entanto, o p� n�o � acometido, o que confere � apar�ncia das pernas a impress�o de que um el�stico foi amarrado no tornozelo.
Ou seja, o controle da panturrilha � perdido e, assim, a perna tende a se parecer retificada desde o joelho at� a altura do p�. No entanto, o p� n�o � acometido, o que confere � apar�ncia das pernas a impress�o de que um el�stico foi amarrado no tornozelo.
“Ent�o, a portadora de lipedema normalmente tem uma cintura fina e pernas grossas, as quais ficam caracteristicamente retas. Ao chegar no p�, o aspecto � normal. Al�m disso, outros sintomas aparecem com o decorrer do tempo e o ac�mulo de gordura nas regi�es superiores e inferiores do corpo tende a aumentar. A paciente passa, ent�o, a sentir peso e dor local, e sofrer com o aparecimento de hematomas, pois a pele fica mais suscet�vel ao aparecimento de roxos”, completa F�bio Kamanoto, que aponta outro sinal bem sugestivo da doen�a: a n�o perda da gordura nas regi�es de ac�mulo, mesmo com a pr�tica de atividades f�sicas e dietas.
Nesse cen�rio, o quadro cl�nico s� piora. “Na progress�o da doen�a – o volume tende a aumentar muito ao longo dos anos –, a paciente j� n�o consegue mais subir escada, tem dificuldades para andar, n�o consegue vestir cal�as, por exemplo, e as roupas come�am a n�o servir mais. E isso est� muito relacionado com a falta de conhecimento sobre a doen�a, tanto pelo corpo cl�nico e m�dico quanto pelas portadoras da doen�a, que muitas vezes t�m, mas n�o sabem”, ressalta o especialista.
EXAMES
F�bio Kamanoto ilustra bem a situa��o com dados de um estudo recente realizado por ele sobre o perfil epidemiol�gico do lipedema. De acordo com os n�meros da pesquisa, 91% dos m�dicos n�o est�o aptos para diagnosticar e/ou tratar a doen�a, muito em raz�o de desconhec�-la.
Foi o que a atriz e produtora de conte�do digital Helena Lins, de 24 anos, sentiu na pele.
A jovem conta que, mesmo realizando in�meros exames, os m�dicos que a atenderam inicialmente diziam ser algo passageiro, partindo do pressuposto de que os exames feitos n�o apresentaram nenhuma altera��o.
Foi o que a atriz e produtora de conte�do digital Helena Lins, de 24 anos, sentiu na pele.
A jovem conta que, mesmo realizando in�meros exames, os m�dicos que a atenderam inicialmente diziam ser algo passageiro, partindo do pressuposto de que os exames feitos n�o apresentaram nenhuma altera��o.
Por�m, com os incha�os e dores em constante piora, Helena Lins come�ou a sentir as limita��es: j� n�o conseguia andar muito sem se sentir cansada e subir escadas virou um desafio.
“Um dia, perguntei � minha cunhada, que cursava medicina, se havia mais algum exame que eu pudesse fazer. Ela me falou, ent�o, sobre a linfocentinografia. E, apesar de n�o fazer esse exame, pesquisei muito sobre a doen�a e ao analisar os sintomas, pensei: ‘Acho que tenho isso’. E foi o que me fez ir atr�s de um m�dico especializado”, relata.
“Um dia, perguntei � minha cunhada, que cursava medicina, se havia mais algum exame que eu pudesse fazer. Ela me falou, ent�o, sobre a linfocentinografia. E, apesar de n�o fazer esse exame, pesquisei muito sobre a doen�a e ao analisar os sintomas, pensei: ‘Acho que tenho isso’. E foi o que me fez ir atr�s de um m�dico especializado”, relata.
A jovem atriz, na �poca com 22 anos, precisou ir at� S�o Paulo para conseguir o diagn�stico da doen�a, j� que no Rio de Janeiro, onde reside atualmente, n�o havia m�dicos que soubessem sobre o assunto.
“Foi angustiante at� o momento em que descobri que, de fato, era lipedema. A partir do diagn�stico, foi um misto de al�vio com preocupa��o. Al�vio por, enfim, saber o que eu tinha, e preocupa��o a respeito de como conseguiria me tratar. Eu sentia muitas dores, me alimentava bem e fazia exerc�cios, mas nada funcionava.”
“Foi angustiante at� o momento em que descobri que, de fato, era lipedema. A partir do diagn�stico, foi um misto de al�vio com preocupa��o. Al�vio por, enfim, saber o que eu tinha, e preocupa��o a respeito de como conseguiria me tratar. Eu sentia muitas dores, me alimentava bem e fazia exerc�cios, mas nada funcionava.”
GEN�TICA
Ainda em estudo, a condi��o gen�tica pode ter rela��o forte com o acometimento de mulheres pelo lipedema. Segundo o estudo brasileiro realizado por F�bio Kamanoto, 63% das pacientes diagnosticadas com a doen�a apresentaram hist�rico familiar positivo para a patologia. Em alguns casos, tr�s gera��es sofreram o ac�mulo desproporcional de gordura: av�s, m�es e a paciente em quest�o.
“Uma pesquisa italiana evidenciou alguns genes. Ent�o, a tese � bem consolidada e pode, sim, em breve se chegar � conclus�o de que o fator gen�tico pode ser preexistente para a doen�a. E, assim sendo, alguns h�bitos podem ser capazes de influenciar o acometimento, como o uso de horm�nios, alimenta��o descontrolada, falta de atividade f�sica, entre outros. Ou seja, desse modo, se algu�m tem hist�rico na fam�lia, ela pode tentar evitar o uso dos horm�nios e incorporar h�bitos mais saud�veis”, afirma.
Para al�m do acometimento f�sico, das in�meras limita��es e inc�modos, F�bio Kamanoto destaca que o emocional pode, e muito, ser afetado pelo lipedema. Inclusive, pode provocar o desenvolvimento de problemas relacionados � autoestima, bem como dist�rbios psicol�gicos, como depress�o e ansiedade.
H�, segundo F�bio Kamanoto, duas frentes de tratamento. Um deles, o chamado tratamento cl�nico, consiste na inser��o de uma dieta anti-inflamat�ria – legumes, carnes, alimentos sem s�dio, gl�ten e/ou bebidas alco�licas; uso de plataforma vibrat�ria, que diminui o incha�o nas regi�es; drenagem linf�tica para tirar o excesso de l�quido; e, por fim, a t�cnica de taping, aplicada por um fisioterapeuta para melhorar o desconforto.
“Essas a��es amenizam os sintomas, mas n�o resolvem o problema da gordura nas regi�es dos bra�os, pernas e quadril, pois n�o extrai as c�lulas doentes. Ou seja, ele apenas controla a doen�a”, pontua o especialista, que destaca, ainda, o m�todo cir�rgico, mais eficaz no que tange � proje��o de cura.
Isso porque o procedimento adotado nesses casos, a lipoaspira��o, � definitivo, j� que as c�lulas de gordura s�o removidas e s�o incapazes de retornar ao organismo, visto que elas n�o se multiplicam.
Isso porque o procedimento adotado nesses casos, a lipoaspira��o, � definitivo, j� que as c�lulas de gordura s�o removidas e s�o incapazes de retornar ao organismo, visto que elas n�o se multiplicam.
Foi o que ocorreu com a atriz Helena Lins h� cerca de tr�s meses, quando ela se submeteu � t�cnica cir�rgica para remover a gordura e se ver livre do lipedema.
“� incr�vel e muito prazeroso poder andar e n�o ficar exausta, porque antes era muito pesado. Os resultados n�o foram instant�neos e vieram com o tempo. Mas � muito satisfat�rio, pois, com menos de dois meses, eu j� conseguia fazer exerc�cios que fazia antes de as limita��es surgirem. E continuo vendo melhora no meu dia a dia. A minha mobilidade como um todo foi beneficiada”, conta.
“� incr�vel e muito prazeroso poder andar e n�o ficar exausta, porque antes era muito pesado. Os resultados n�o foram instant�neos e vieram com o tempo. Mas � muito satisfat�rio, pois, com menos de dois meses, eu j� conseguia fazer exerc�cios que fazia antes de as limita��es surgirem. E continuo vendo melhora no meu dia a dia. A minha mobilidade como um todo foi beneficiada”, conta.
F�bio Kamanoto destaca que, para al�m de tratar os sintomas e evitar as limita��es o quanto antes, o diagn�stico precoce � um forte aliado da cura, visto que, nas cirurgias de remo��o da gordura, consegue-se eliminar apenas 7% do peso total da paciente em litros.
“Se uma mulher tem 100 quilos, � poss�vel remover apenas sete litros. Agora, tem pessoas que t�m 20 litros para tirar, o que a obriga a fazer tr�s procedimentos, tr�s anestesias. A paciente perdeu, ent�o, a melhor oportunidade de cura. Por�m, quando isso ocorre no est�gio inicial, em apenas uma cirurgia a paciente est� curada.”
“Se uma mulher tem 100 quilos, � poss�vel remover apenas sete litros. Agora, tem pessoas que t�m 20 litros para tirar, o que a obriga a fazer tr�s procedimentos, tr�s anestesias. A paciente perdeu, ent�o, a melhor oportunidade de cura. Por�m, quando isso ocorre no est�gio inicial, em apenas uma cirurgia a paciente est� curada.”
*Estagi�ria sob supervis�o da editora Teresa Caram
Ativismo
Em outubro de 2019, um grupo de mulheres diagnosticadas com a doen�a criaram a Associa��o Brasileira de Pacientes com Lipedema (Abrali).
A entidade, voltada para a descoberta e divulga��o de tratamentos da patologia, re�ne, atualmente, 300 mulheres na luta para que a doen�a seja reconhecida pela classe m�dica e, tamb�m, em prol de uma causa maior: o tratamento gratuito no SUS e conv�nios m�dicos.
Em suas redes sociais – Instagram (@helenaliins e @lipedemalifehourney) e YouTube –, Helena Lins fala sobre o lipedema por meio de suas experi�ncias com a doen�a, a fim de conscientizar mulheres portadoras da patologia ou mesmo poss�veis familiares e/ou amigos de pessoas suscet�veis ao diagn�stico. �, para al�m de informa��o, conscientiza��o. “� uma esp�cie de document�rio”, descreve.
A entidade, voltada para a descoberta e divulga��o de tratamentos da patologia, re�ne, atualmente, 300 mulheres na luta para que a doen�a seja reconhecida pela classe m�dica e, tamb�m, em prol de uma causa maior: o tratamento gratuito no SUS e conv�nios m�dicos.
Em suas redes sociais – Instagram (@helenaliins e @lipedemalifehourney) e YouTube –, Helena Lins fala sobre o lipedema por meio de suas experi�ncias com a doen�a, a fim de conscientizar mulheres portadoras da patologia ou mesmo poss�veis familiares e/ou amigos de pessoas suscet�veis ao diagn�stico. �, para al�m de informa��o, conscientiza��o. “� uma esp�cie de document�rio”, descreve.
Fique atenta aos sinais!
Saiba como identificar os sintomas da doen�a!
» Dores locais
» Peso nas pernas
» Incha�o
» Facilidade para ser acometida por hematomas
» Dificuldade para subir escadas e/ou andar
» Dificuldade para usar cal�as
» Sem resultados com a inser��o de dietas e exerc�cios f�sicos
Fonte: F�bio Kamanoto, m�dico cirurgi�o pl�stico e especialista no tema