Especialista recomenda dança, hobby e exercício físico como medidas essenciais para ajudar as pessoas a vencer as dificuldades que a pandemia impõe

Especialista recomenda dan�a, hobby e exerc�cio f�sico como medidas essenciais para ajudar as pessoas a vencer as dificuldades que a pandemia imp�e

Scott Broom/Unsplash


Comandado pela mente, o corpo � o principal objeto da dan�a, lugar de representa��es e viv�ncias. O movimento, por sua vez, consiste num modo de existir presente na exist�ncia humana, como ensina a psic�loga Renata Borja, especialista em terapia cognitivo-comportamental. Ela enfatiza um conjunto de fatores que a atividade envolve: “Sob o aspecto da atividade f�sica, h� libera��o do horm�nio endorfina, que combate o estresse, e a dan�a em si produz a serotonina, o horm�nio do prazer. S�o muitos os benef�cios, j� que ela faz o corpo criar recursos, preparando o sistema imunol�gico. Como a��o do momento presente, ela melhora a aten��o e a concentra��o. Faz quem pratica estar presente naquele instante para vivenciar as sensa��es”.

Renata Borja explica que 40% do que a pessoa faz na vida � comportamento automatizado, ou seja, ela n�o presta aten��o enquanto desempenha essas tarefas. Em uma aula de dan�a, quebra-se esse ciclo. � necess�rio estar atento ao movimento e ao passo, sentir a batida da m�sica. Isso desvia o foco da preocupa��o.
 
“Quando se vive o momento presente, energia � economizada porque se est� mais concentrado. Isso explica a import�ncia de um hobby, seja marcenaria, costura, bordado, culin�ria... � preciso estar atento � receita, as medidas, aos pontos.” A dan�a, sempre acompanhada da m�sica, faz um bem ainda maior e nada impede que seja exercitada em casa, fortalecendo as pessoas em tempo de pandemia.

Um passo inicial pode ser vencer o sentimento de vergonha, lembra a psic�loga. “Voc� se autoriza a dan�ar na festa e n�o em casa? Medo de ser julgada? Por quem? Pelo filho, marido, pais, irm�os, o vizinho na janela? Se o fizerem, v�o concluir que voc� est� alegre, de bom humor, feliz, sendo engra�ada, de bem com vida. E se convidar quem estiver em sua companhia, ser� uma hora de socializa��o”, provoca.

Ao recomendar que as pessoas afastem qualquer trava �s sensa��es, e pensando no seu bem-estar, Renata Borja confessa ter dan�ado em casa com o filho ca�ula, recentemente, at� as 5h, ao som do repert�rio t�pico dos anos 1980, o new wave. “Demos gargalhadas, conversamos e dan�amos muito.”

Ela alerta paa o fato de que a maneira como cada um pensa est� intimamente ligada � forma como vai se sentir e comportar. “Dane-se a vergonha. � para ser feliz agora. Livre-se das travas, do certo e errado, de que h� s� um jeito de fazer as coisas. Procure levar a vida com mais humor, se permita. Est� com vontade de dan�ar? Basta colocar a m�sica. Ao decidir fazer algo bom para voc�, estar� investindo em sua sa�de”.

CRIAR RECURSOS PARA O BEM-ESTAR


Psicóloga Renata Borja destaca que, ao dançar, há liberação dos hormônios endorfina e serotonina, ligados ao prazer e controle do estresse

Psic�loga Renata Borja destaca que, ao dan�ar, h� libera��o dos horm�nios endorfina e serotonina, ligados ao prazer e controle do estresse

Arquivo Pessoal
Para a psic�loga, a dan�a � uma ferramenta para lidar com a pandemia. Ela afirma que a maioria dos especialistas da �rea m�dica e das pessoas em geral se concentra nas medidas de prote��o contra a COVID-19. “Elas se esquecem de criar recursos para, se pegarem a doen�a, n�o surtar. Por isso a import�ncia de criar possibilidades de como lidar em caso de infec��o. Sen�o, seguramente vai parar no hospital. � preciso fazer o melhor para cuidar do bem-estar, do organismo. Cuidado com a gente � tamb�m cuidar da sa�de mental”, alerta.

Entre as ferramentas recomendadas pela psic�loga para que as pessoas fortale�am a sa�de mental est�o a dan�a, alimenta��o de qualidade, reposi��o de vitaminas, pr�tica de atividades f�sicas, consumo de uma ta�a de vinho de vez em quando, assim como um chocolate. “Tudo isso tem de ocorrer junto com o uso da m�scara, higieniza��o das m�os e distanciamento social”, diz.

Renata Borja destaca a ansiedade, apontada por muitos como ruim, como ben�fica: “Ela � protetora na medida em que ao liberar o cortisol, por exemplo, � importante para ajudar a pessoa a sair de uma situa��o grave, al�m da adrenalina e da noradrenalina. O problema � que, com o estresse cont�nuo, o organismo n�o aprende a identificar o cortisol e a� o efeito � contr�rio, j� n�o ter� o mesmo benef�cio, o organismo vai inflamar”.
 

MENTE E MOVIMENTO INTERCONECTADOS 


Durante a dan�a, o corpo libera horm�nios que v�o proteger o sistema imunol�gico. Se a pessoa n�o sabe dan�ar, basta pular. “Tudo na vida pode ser aprendido. Basta tomar uma decis�o”, afirma a psic�loga.

Dane-se a vergonha. � para ser feliz agora. Livre-se das travas, do certo e errado, de que h� s� um jeito de fazer as coisas

Renata Borja, psic�loga especialista em terapia cognitivo-comportamental

Ela observa que as esferas do f�sico, ps�quico e espiritual est�o interconectadas. Ao cuidar de uma delas, o efeito ocorrer� em todas: “Uma influencia na outra. Cabe cada um decidir. N�o � a situa��o que determina o problema, mas como o interpreta na condi��o de oportunidade, aprendizado e crescimento. Pensamento, emo��o e comportamento tamb�m est�o interconectados o tempo todo. N�o, necessariamente, h�  uma ordem. Eles podem vir juntos, mas eles se influenciam.

No consult�rio, Renata Borja costuma pedir aos pacientes que coloquem um l�pis na boca e o segurem esbo�ando um sorriso. A a��o se liga � qu�mica cerebral e o corpo tem uma sensa��o mais positiva, libera horm�nios do humor. Do mesmo jeito, o exerc�cio de se curvar e, depois, posicionar o copo ereto leva � percep��o da mudan�a de postura, e do comportamento. “Usamos muito essa t�cnica com pacientes depressivos. Por meio do comportamento, � poss�vel ativar o modelo de pensamentos e emo��es mais positivas. A dan�a pode ser uma forma dessa ativa��o comportamental, vai estimular”.