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Estado de Minas ALIMENTA��O

A��car: teste gen�tico aponta quem tem predisposi��o para o consumo

Gene espec�fico definiria por que algumas pessoas tendem a comer mais alimentos com a��car do que outras. Sem desconsiderar fatores psicol�gicos


21/03/2021 04:00 - atualizado 21/03/2021 08:03
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Apesar de os fatores externos influenciarem na forma como cada um se alimenta, alguns componentes genéticos desempenham papel importante nessa escolha
Apesar de os fatores externos influenciarem na forma como cada um se alimenta, alguns componentes gen�ticos desempenham papel importante nessa escolha (foto: pasja1000/Pixabay )
O v�cio que possa ter no consumo do a��car pode n�o ser apenas por escolha, mas pela carga gen�tica. Isso mesmo. Apesar de os fatores externos influenciarem na forma como cada um se alimenta, alguns componentes gen�ticos desempenham papel importante nessa escolha, inclusive o de influenciar na quantidade de a��cares que cada um consome.

J� existem at� testes gen�ticos capazes de analisar esse gene espec�fico e medir a predisposi��o de cada indiv�duo em consumir mais ou menos a��car no dia a dia. O que definiria por que algumas pessoas tendem a comer mais alimentos com a��car do que outras, claro, sem desconsiderar fatores psicol�gicos, que tamb�m s�o relevantes.

O m�dico aconselhador gen�tico Ricardo di Lazzaro Filho, s�cio-fundador da Genera, laborat�rio brasileiro especializado em gen�mica pessoal, que faz testes de ancestralidade, sa�de e bem-estar voltados a uma melhor qualidade de vida, explica que existem testes gen�ticos que podem analisar a propens�o de ingest�o de a��car de cada indiv�duo.

Um deles analisa marcadores gen�ticos ligados � prote�na transportadora GLUT2, que � capaz de conduzir a glicose por meio das c�lulas sem a necessidade de media��o da insulina e tem grande import�ncia na detec��o dos n�veis de glicose logo ap�s a ingest�o de alimentos. Essa prote�na � encontrada principalmente no p�ncreas, f�gado, intestino e c�rebro e est� relacionada � sensibilidade individual � glicose e ao consumo de a��cares.
 
Ricardo di Lazzaro Filho enfatiza que “no teste da Genera 
(https://descubra.genera.com.br/caracteristica/genera-nutri/ingestao-de-acucares) s�o avaliadas as variantes que codificam essa prote�na e que determinam uma maior ou menor sensibilidade � glicose e um consequente consumo mais elevado de a��cares. Esses testes ainda s�o novos no Brasil, encontrados apenas em empresas particulares. “Infelizmente, n�o s�o oferecidos no Sistema �nico da Sa�de (SUS). Mas sim, se fosse um teste incluso nos check-ups de todos, com certeza ajudaria muito no desenvolvimento de doen�as como a diabetes e a obesidade.”

O aconselhador gen�tico esclarece que embora os a��cares sejam nutrientes de extrema import�ncia para o organismo, a ingest�o excessiva est� associada ao aumento da preval�ncia do diabetes e da obesidade. O a��car � uma �tima fonte de energia, no sentido de efici�ncia energ�tica e n�o de sa�de propriamente. Em casos de desidrata��o, hipoglicemia ou antes de fazer atividades f�sicas intensas, � importante o consumo moderado de a��car, por exemplo. “Em uma dieta saud�vel, ele pode ser consumido em baixas quantidades, alguns estudos sugerem at� 30 gramas por dia. Importante ressaltar que alguns alimentos considerados saud�veis, como frutas, t�m a��car, e n�o devem deixar de ser consumidos por isso.”

Ricardo di Lazzaro Filho, médico aconselhador genético, alerta que, hoje, mais da metade dos brasileiros está acima do peso e existem 16 milhões de diabéticos no país
Ricardo di Lazzaro Filho, m�dico aconselhador gen�tico, alerta que, hoje, mais da metade dos brasileiros est� acima do peso e existem 16 milh�es de diab�ticos no pa�s (foto: Arquivo Pessoal)
Ricardo di Lazzaro Filho alerta que, hoje, mais da metade dos brasileiros est� acima do peso e existem 16 milh�es de diab�ticos no pa�s. “O elevado consumo de a��car no Brasil �, com certeza, um dos principais fatores para esses n�meros, mas n�o � o �nico vil�o. O excesso de alimentos industrializados, com alto valor cal�rico e rico em gorduras saturadas, contribui. Uma das alternativas � reduzir o a��car gradualmente. O paladar humano se adapta ao consumo exagerado e, conforme se reduz o uso, o paladar ir� se acostumar a alimentos menos a�ucarados. Trocar o a��car refinado por alimentos doces naturalmente, como frutas e mel, � uma sa�da. Por �ltimo, o uso moderado de ado�antes pode ser um aliado para a redu��o do a��car, principalmente em bebidas amargas como o caf�. No entanto, n�o � recomendado exagerar.”


Efeito de uma droga? 


Ricardo di Lazzaro Filho alerta que, por mais que, em geral, o a��car n�o cause danos como as drogas de abuso, do ponto fisiol�gico, os mecanismos de depend�ncia s�o semelhantes. Envolvem vias neuronais relacionadas ao prazer e � satisfa��o. Al�m disso, sintomas t�picos de drogas de abuso, como compuls�o, toler�ncia e abstin�ncia, foram observados em animais com “v�cio em a��car”.

“Do ponto de vista gen�tico, deve haver variantes no DNA tanto em vias biol�gicas semelhantes quanto em vias diferentes relacionadas � predisposi��o de distintas drogas e ao a��car. � recomendada a ajuda de um profissional (nutricionista ou m�dico nutr�logo), caso uma pessoa esteja consumindo muito a��car (mais de 30g por dia) e n�o consiga reduzir por si s�, tentando mudar os pr�prios h�bitos e sua dieta.”

Doce, mas nem tanto!

 
Riscos do consumo descontrolado de a��car

  1. Danos ao f�gado, que armazena glicose (um tipo de a��car) e que, em excesso, se transforma em gordura
  2. Danos ao p�ncreas, respons�vel pela libera��o da insulina (que auxilia na entrada de glicose nas c�lulas)
  3. Aumento do aparecimento de c�ries 
  4. Excesso de peso, que pode evoluir para obesidade, press�o alta, diabetes e outras doen�as cr�nicas


Maus h�bitos alimentares


Nutricionista Patrícia Duarte avisa que a ONU indica o consumo de 25g de açúcar em uma dieta de 2 mil calorias, ou seja, o equivalente a uma colher e meia de sopa nivelada
Nutricionista Patr�cia Duarte avisa que a ONU indica o consumo de 25g de a��car em uma dieta de 2 mil calorias, ou seja, o equivalente a uma colher e meia de sopa nivelada (foto: Arquivo Pessoal)


Ao longo dos anos, cada hora um alimento � apontado por especialistas ou como o vil�o ou mocinho da vez. Caf�, ovo, e, claro, o a��car. O que pode confundir a popula��o e dificultar uma aceita��o quando houver realmente riscos. A nutricionista Patr�cia Duarte, especialista em obesidade e emagrecimento, explica que diretrizes dos �ltimos 30 anos indicavam que a gordura era o fator de risco na alimenta��o para causar obesidade, diabetes e doen�as cr�nicas. “Mas, tirar ou diminuir esse nutriente da dieta n�o mostrou ser eficaz, j� que a obesidade aumentou juntamente com as doen�as cr�nicas. Por isso, as aten��es se voltaram para o a��car e os carboidratos. Os �ndices indicaram que o a��car n�o � a principal causa da obesidade ou do sobrepeso, e sim um fator que se soma aos maus h�bitos de alimenta��o. Doen�as como obesidade e diabetes podem ter diversas causas, sendo que nenhuma delas � o consumo isolado do a��car. O a��car pode ser inclu�do em uma dieta saud�vel, j� que exclu�-lo, mais do que uma simples busca pela alimenta��o saud�vel, pode desencadear compuls�es e fatores psicol�gicos negativos.”
 
Conforme Patr�cia Duarte, com dietas restritivas e da moda esquecem-se do prazer em comer e n�o faz reeduca��o alimentar. “N�o � recomend�vel o consumo excessivo e nem a retirada de um determinado nutriente quando o indiv�duo � saud�vel. Existem casos extremos de comorbidades, que devem ser analisados. O a��car e os alimentos de �ndice glic�mico alto, como algumas frutas, refrigerantes, sucos e alimentos industrializados ricos nesse nutriente, devem ser consumidos com modera��o e orienta��o individualizadas. Isso porque, em excesso, o p�ncreas tende a produzir mais insulina para normalizar as taxas, mas depois ele come�a a n�o dar conta de tanta demanda. As consequ�ncias s�o diabetes, problemas neurol�gicos, cardiovasculares, renais e outros.”

Patr�cia Duarte destaca que a Organiza��o Mundial da Sa�de (OMS) � enf�tica em documento divulgado no in�cio de mar�o: chegar a menos de 5% de a��cares livres na ingest�o cal�rica di�ria seria o ideal, o que inclui a adi��o de a��car refinado, refrigerantes, sucos de caixinha, doces e outros produtos industrializados, seja pelo fabricante, cozinheiro ou voc� mesmo. O consumo seria de cerca de 25g em uma dieta de 2 mil calorias, ou seja, o equivalente a uma colher e meia de sopa nivelada de a��car.


Mascavo, coco e demerara

O açúcar mascavo é mais saudável. Passa por passar por um leve processo de refinamento, porém, não recebe nenhum aditivo químico, preservando melhor seus nutrientes. Mas, assim como o branco, aumenta a glicemia e favorece o ganho de peso
O a��car mascavo � mais saud�vel. Passa por passar por um leve processo de refinamento, por�m, n�o recebe nenhum aditivo qu�mico, preservando melhor seus nutrientes. Mas, assim como o branco, aumenta a glicemia e favorece o ganho de peso (foto: Gabriela Sanda/Pixabay )


Diante de tantas op��es vis�veis e camufladas, � natural o surgimento de d�vidas, por exemplo, entre o consumo do a��car demerara e mascavo alardeado como mais saud�veis. Patr�cia Duarte explica que eles passam por processo de produ��o semelhante. O diferencial � que o demerara � levemente refinado, no entanto, n�o recebe nenhum aditivo qu�mico. Tamb�m conserva todas as propriedades nutricionais, similares �s do mascavo, e n�o altera o sabor dos alimentos.

O mascavo � mais saud�vel por conter mais nutrientes, mas, assim como o branco, aumenta a glicemia e favorece o ganho de peso. Passa por um leve processo de refinamento, por�m, n�o recebe nenhum aditivo qu�mico, preservando melhor seus nutrientes.

O uso de ado�antes pode ser uma alternativa, mas como estudos sobre esse assunto ainda s�o inconclusivos, o melhor � consumi-los com modera��o

Patr�cia Duarte, nutricionista especializada em obesidade e emagrecimento

Agora, a nutricionista avisa que � o a��car de coco que tem o menor �ndice glic�mico, reduzindo os picos de glicose. Segundo ela, ele tem sabor leve e � produzido a partir do flu�do das flores da palma do coco. N�o passa por processo de refinamento e adi��o de conservantes qu�micos, tem alto valor nutricional e � fonte de ferro e pot�ssio, al�m das vitaminas B1, B2, B3 e B6. Seu �ndice glic�mico � baixo, portanto, libera energia lentamente, sem produzir altos picos de insulina, que s�o prejudiciais � sa�de.

Mas h� quem n�o consiga se livrar do a��car, seja reduzir ou substitu�-lo no consumo no dia a dia. � como um v�cio. “Por causar depend�ncia, a retirada abrupta de a��car e do doce n�o � recomend�vel porque causa alguns sintomas de abstin�ncia. O ideal seria organizar um card�pio com a quantidade e o hor�rio em que seria permitido algum doce. Isso � individual, depende dos exames, do peso, do objetivo, das atividades desenvolvidas por cada um. Mudar h�bitos � a melhor op��o. Outra dica � fazer refei��es que o deixem mais saciado, rica em fibras e em micronutrientes importantes para a manuten��o do humor, de uma boa noite de sono, que lhe deixe disposto para encarar um dia de trabalho, para fazer atividade f�sica. E n�o se esque�a de uma boa hidrata��o.”


Mel ou melado? 

Mel ou melado? Qual a melhor escolha?
Mel ou melado? Qual a melhor escolha? (foto: Steve Buissinne/Pixabay )


Patr�cia Duarte alerta que reeducar o paladar � importante para n�o sentir a abstin�ncia do a��car e, principalmente, para saber escolher os melhores alimentos, inclusive, se for um doce. Outra dica da nutricionista na mudan�a de h�bito �, em determinados momentos e receitas, escolher entre o mel e o melado. Mas qual seria a op��o mais saud�vel
    
Patr�cia Duarte explica: “Produto da cana-de-a��car, o melado � um xarope de sacarose produzido a partir da evapora��o do caldo de cana ou durante a produ��o da rapadura, � rico em ferro. E o mel, fornecido pelas abelhas � constitu�do predominantemente de frutose e glicose. Ambos t�m �gua e minerais, como o zinco. Quanto a calorias, depender� do fabricante. O que os diferenciam nutricionalmente � o �ndice glic�mico bem mais baixo, metabolizados de forma mais lenta pelo organismo, sem elevar bruscamente os n�veis de glicose no sangue, como o a��car refinado.”

Patr�cia Duarte explica que o mel � um componente cal�rico. Uma colher de sopa tem cerca de 60 calorias, valor cal�rico pr�ximo ao encontrado na mesma medida de a��car refinado. Embora seja uma alternativa saud�vel, deve ser consumido de forma equilibrada. 

“Uma colher de sopa de 20g de melado chega a ter 92 calorias; uma colher m�dia, o equivalente a 72 calorias. Dependendo da consist�ncia, ser� mais cal�rico ou n�o. Cortar a adi��o de a��car refinado nos alimentos � o primeiro passo. Muitas pessoas utilizam outras op��es, como a��car org�nico, mascavo, cristal, light e mel, mas eles s�o apenas menos ruins e seu consumo deve ser moderado, e dependendo do paciente, deve ser evitado. O uso de ado�antes pode ser uma alternativa, mas como estudos sobre esse assunto ainda s�o inconclusivos, o melhor � consumi-los com modera��o.”

O que provoca a abstin�ncia do a��car*
 
  • Ins�nia
  • Agita��o
  • Altera��es de humor
  • Compuls�es

*Fonte: Patr�cia Duarte, nutricionista


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