
Acostumado a estar sempre com os amigos, o servidor p�blico Eduardo Souto, de 27 anos, come�ou a perceber que a vontade de ficar cercado por quem ama estava impedindo que ele vivesse determinadas experi�ncias.
O rapaz viu que havia se tornado dependente de companhias para tudo o que queria fazer. Deixava de conhecer restaurantes, de ver uma pe�a no teatro e de curtir a estreia de um filme no cinema toda vez que n�o conseguia algu�m para acompanh�-lo.
O rapaz viu que havia se tornado dependente de companhias para tudo o que queria fazer. Deixava de conhecer restaurantes, de ver uma pe�a no teatro e de curtir a estreia de um filme no cinema toda vez que n�o conseguia algu�m para acompanh�-lo.
"Isso come�ou a me incomodar quando vi que estava deixando meus desejos de lado. Deixava de viver experi�ncias que eu queria muito por n�o ter algu�m para ir junto. Isso passou a me fazer mal", lembra. Tentando se libertar do que via como um problema, Eduardo tomou uma atitude dr�stica. Em vez de come�ar curtindo uma sess�o de cinema sozinho, resolveu fazer um interc�mbio de um m�s por conta pr�pria.
Assim, ele embarcou para Londres. Ainda aprendendo a l�ngua, perdeu-se pela cidade, passou alguns "perrengues" com a alimenta��o e descobriu os prazeres de sair da pr�pria bolha. "Era eu comigo mesmo, perdido, sem entender o mapa no celular e precisando encontrar uma solu��o, dependendo de mim mesmo", conta.
"Aprendi a sair da minha zona de conforto, entendi que se fosse esperar ficar com zero medo, fosse de viajar ou de pegar covid, eu n�o ia mais viver, pois o medo e o risco est�o sempre ali!"
Eduardo Souto, de 27 anos, servidor p�blico

O servidor p�blico gostou da experi�ncia, que o ajudou a ter mais autoconfian�a e independ�ncia, e a transformou em h�bito. Quebrar barreiras, improvisar e se virar sozinho se tornou um exerc�cio de supera��o importante para ele. Todas as viagens internacionais, desde ent�o, foram por conta pr�pria.
Antes da pandemia, em fevereiro de 2020, Eduardo conheceu Nova York. "Tive a sorte de ter acabado de fazer uma viagem muito boa no limite. Em mar�o, tudo fechou e foi aquela loucura. Depois dessa minha liberta��o, foi dif�cil ficar parado durante esse tempo", conta.
A RETOMADA Ap�s mais de um ano sem colocar o p� para fora, Eduardo come�ou a se inquietar. O tempo livre permitiu que ele pesquisasse bastante e come�asse a considerar o que achava ser um sonho imposs�vel: conhecer Dubai. "Para mim, era um tipo de viagem que os meros mortais n�o poderiam fazer. Coisa s� de gente muito rica mesmo. Era um sonho distante e pesquisando eu descobri que talvez conseguisse realizar."
Com a meta de conhecer um pa�s diferente por ano pausada, o sonho distante come�ou a parecer mais pr�ximo. Vendo que a situa��o vacinal e de restri��es nos Emirados �rabes estava muito avan�ada e vislumbrando at� mesmo a possibilidade de se imunizar do outro lado do mundo, Eduardo comprou um pacote para maio de 2021.
Ansioso, acompanhava avidamente as not�cias de abertura e fechamento de fronteiras e chegou a mudar as passagens quando o pa�s em que faria escala proibiu a entrada de brasileiros. "Bateu um desespero, eu j� tinha reservado tudo. Todo o roteiro planejado, at� pela necessidade do teste de COVID-19 com 72 horas", diz.
Sem saber se poderia embarcar, Eduardo revela que o risco valeu a pena, pois a sensa��o de voltar a viver, fazer planos e se arriscar para realizar sonhos foi importante para que ele n�o se entregasse aos sentimentos de desesperan�a trazidos pela pandemia.
"Tudo podia ir por �gua abaixo, e foi dinheiro e tempo que investi ali. Mas aprendi a sair da minha zona de conforto, entendi que se fosse esperar ficar com zero medo, fosse de viajar ou de pegar covid, eu n�o ia mais viver, pois o medo e o risco est�o sempre ali. Precisamos tomar os cuidados necess�rios, claro, mas n�o deixar de viver", pondera.
"Tudo podia ir por �gua abaixo, e foi dinheiro e tempo que investi ali. Mas aprendi a sair da minha zona de conforto, entendi que se fosse esperar ficar com zero medo, fosse de viajar ou de pegar covid, eu n�o ia mais viver, pois o medo e o risco est�o sempre ali. Precisamos tomar os cuidados necess�rios, claro, mas n�o deixar de viver", pondera.
Em Dubai, Eduardo conta que parecia estar vivendo tudo pela primeira vez e que aprendeu a valorizar pequenos prazeres que n�o percebia antes. Ver o rosto das pessoas, comer em um restaurante, e o simples ato de poder andar pelas ruas sem m�scara, medida liberada no pa�s, foram momentos m�gicos para ele.
O servidor conta que ainda gosta muito de viajar e sair com algu�m, mas hoje entende que a falta de companhia n�o pode ser um obst�culo para curtir novas experi�ncias. "Sempre fui muito apegado e esse foi um aprendizado que as viagens solo me trouxe- ram. Eu me conheci mais profundamente e passei a apreciar muito minha companhia."
De olho no futuro, Eduardo sonha em acompanhar o campeonato mundial de v�lei na R�ssia e na Holanda. Por enquanto, est� apenas no planejamento e de olho nas medidas sanit�rias. A princ�pio, ele vai sozinho, mas se algu�m quiser acompanh�-lo na aventura, est� de bra�os abertos.
Oportunidade de estudar ou trabalhar fora do pa�s
Joana Gontijo
Compartilhar experi�ncias e conhecimento, conhecer novas culturas e vivenciar o mundo, estudar ou trabalhar fora, ou somente viajar e viver por algum tempo. O interc�mbio � o foco principal de quem embarca, � adquirir saberes interculturais. Os programas s�o infindos e oferecidos por in�meras institui��es de ensino, podendo abarcar cursos de p�s-gradua��o, doutorado, com bolsas ou n�o, e muita coisa mudou com a pandemia de COVID-19.
Na Faculdade da Sa�de e Ecologia Humana (Faseh), os programas de interc�mbio agregam basicamente as �reas da medicina e sa�de. Na institui��o, n�o foi diferente do que aconteceu em muitas: a pandemia impactou diretamente qualquer tipo de interc�mbio internacional, como diz o professor do curso de medicina Jos� Ant�nio Ferreira.
Por quest�es de sa�de e seguran�a, o programa na Faseh foi suspenso e agora come�a a ser retomado com a reabertura das fronteiras pelos Estados Unidos. Para evitar o risco de cont�gio e transmiss�o do coronav�rus, a suspens�o se deu n�o s� para a ida dos alunos a pa�ses estrangeiros, mas tamb�m para a vinda de alunos de fora ao Brasil.
A �nima Educa��o (grupo educacional mantenedor da Faseh), conta Jos� Ant�nio, proporciona viagens para diversos lugares do mundo, como Am�rica do Sul e Europa. Especificamente no caso da Faseh, o programa contempla os Estados Unidos, por meio da parceria com as institui��es Stanford University e Emory University, em Atlanta, e com a University of Miami.
"Vamos retomar o interc�mbio a partir deste ano. Existe uma s�rie de documenta��es sobre o aluno que ir� viajar que deve ser enviada antecipadamente, al�m da comprova��o da vacina e teste de COVID-19, tanto na ida quanto para o retorno ao pa�s de origem. Todo o processo deve ser iniciado com at� seis meses de anteced�ncia e o papel da Faseh � dar suporte ao aluno ao longo desse percurso at� a concretiza��o da experi�ncia, incluindo cartas de recomenda��o, registro na institui��o internacional parceira, visto e demais documentos necess�rios", conta o professor.
GANHOS NA FORMA��O Os principais ganhos do programa de internacionaliza��o envolvem a experi�ncia cultural, diz o professor. O aluno tem a chance de imergir em uma cultura totalmente diferente, al�m do ganho de conhecimento. A Faculdade SKEMA Business School � outro exemplo de uma institui��o que oferta o interc�mbio. A proposta educacional se diferencia de um simples interc�mbio para ser uma experi�ncia completa que permite forma��o de excel�ncia em diferentes �reas de conhecimento, para diferentes habilidades.
Logo nos primeiros dias em que foi identificado o contexto pand�mico, a SKEMA adaptou suas opera��es e sua infraestrutura, passando a oferecer aulas on-line aos alunos matriculados, conta a reitora da faculdade, Genevi�ve Poulingue.
"Agimos r�pido para tentar reduzir danos e passamos a fomentar o acolhimento psicol�gico j� oferecido a alunos brasileiros e estrangeiros. Nosso setor de atendimento ao aluno incrementou a presen�a especialmente junto �queles fora de seus pa�ses. E os professores passaram a estar ainda mais pr�ximos da coordena��o dos cursos para atendimento a eventuais urg�ncias emocionais ou de outra natureza."