
Para ela, dessa forma acaba parecendo que os beb�s podem ser classificados em uma lista de choros, e nesse ponto esquece-se que cada um � um. Muito se ouve que o choro � a �nica forma de os beb�s se comunicarem, mas isso n�o � de todo verdade, ensina Marjorie.
O choro costuma ser a �ltima op��o para se fazer notado, salienta. Antes de cair no choro sofrido, ele vai tentar, do jeito dele, exteriorizar o que est� precisando. "Fazer essa leitura n�o � f�cil, ainda mais porque estamos come�ando a conhec�-los. Mesmo tendo passado nove meses na barriga, somos estranhos", diz.
Os beb�s reclamam quando est�o com fome, sono, sede, vontade de mudar de posi��o, quando sentem frio, calor ou quando querem ser carregados e acolhidos. "Alguns estudos na Europa e nos Estados Unidos demonstraram que o choro desperta no adulto uma parte do c�rebro relacionada ao cuidado. Ent�o, nosso c�rebro j� vai fazendo suas liga��es enquanto vamos ao encontro do beb�. Aos poucos, vamos entendendo cada sinal e tudo vai ficando mais f�cil. Junto ao choro vem a express�o corporal, que vai nos ajudar a decifr�-lo."
De uma maneira geral, o choro de fome vem acompanhado do movimento de busca do seio materno – o nen�m abre a boca e mexe o rosto. O choro de desconforto, que pode ser causado por uma fralda molhada, frio ou calor, � um choro que parece resmungo, mas que n�o engrena – ele fica ensaiando e n�o vinga.
O choro de sono parece que o beb� vai bocejar, e vem acompanhado de m�o nos olhos e ouvidos. Quando o choro � de dor, relacionado �s c�licas, a crian�a faz for�a, contrai o abd�men, costuma ficar bem vermelha e levando as pernas em dire��o � barriga.
O choro de sono parece que o beb� vai bocejar, e vem acompanhado de m�o nos olhos e ouvidos. Quando o choro � de dor, relacionado �s c�licas, a crian�a faz for�a, contrai o abd�men, costuma ficar bem vermelha e levando as pernas em dire��o � barriga.
Quanto a passeios e viagens, � um assunto controverso. Se consideradas quest�es como a imunidade, o ideal, e o que alguns pediatras e infectologistas indicam, � come�ar a partir do quinto m�s, quando pelo menos algumas vacinas j� est�o com a segunda dose completa, como � o caso da meningite e da hepatite. "Mas sabemos que para muitos pais isso � quase imposs�vel, ent�o prefira locais abertos e arejados, evitando aglomera��es, como em shoppings e festas", ensina Marjorie.
MUNDO EXTRAUTERINO

Quando o assunto � dormir, Marjorie lembra que a a ci�ncia tem estudado bastante o sono e seus ciclos, tanto em adultos como em crian�as, e por isso pode-se afirmar categoricamente que o padr�o de sono do beb� � diferente do adulto. N�o d� para esperar que um beb� durma a noite toda.
Com rela��o �s c�licas, muitas vezes s�o confundidas com desconfortos fisiol�gicos que todos os beb�s ter�o. Eles nascem imaturos e com v�rios dos sistemas ainda em desenvolvimento, assim como o gastrointestinal. Enquanto, na barriga, os beb�s n�o sabem o que � fome – s�o alimentados 24 horas por dia pelo cord�o umbilical, ent�o estranham muito a sensa��o da fome depois do nascimento.
"Ao nascer, inicia-se o processo de coloniza��o das bact�rias intestinais e tamb�m a percep��o do peristaltismo, que � a movimenta��o involunt�ria do tubo digest�rio. Coordenar esse movimento com a abertura e o fechamento do esf�ncter anal, no momento de fazer coc�, � complicado e exige muito do beb�, por isso ele sente tanto desconforto."
"Ao nascer, inicia-se o processo de coloniza��o das bact�rias intestinais e tamb�m a percep��o do peristaltismo, que � a movimenta��o involunt�ria do tubo digest�rio. Coordenar esse movimento com a abertura e o fechamento do esf�ncter anal, no momento de fazer coc�, � complicado e exige muito do beb�, por isso ele sente tanto desconforto."
Esse inc�modo natural da imaturidade � chamado de disquesia, n�o � a c�lica. O beb� aqui sente inc�modo, principalmente ap�s mamar e na hora de fazer coc�, mas depois fica bem. A c�lica em si pode ser causada por v�rias coisas, at� alergia alimentar, e faz com que o beb� tenha um comportamento diferente. Ele chora mais, � mais irritado, dorme menos e dificilmente se acalma.
Sobre amamenta��o, Marjorie pontua a import�ncia da fam�lia pesquisar sobre o assunto desde a gravidez. "A amamenta��o costuma ser o calcanhar de aquiles de muitas mulheres e, por conta de falta de informa��o, pouco apoio e a dor, elas acabam desmamando. E o alimento padr�o ouro para o rec�m-nascido � o leite materno."
Sobre os banhos, a enfermeira orienta que � contraindicado nas primeiras 24 horas de vida, e hoje isso � respeitado na maioria das maternidades. Ao nascer, explica, o beb� est� todo envolto em uma secre��o chamada vernix, e esse “creme natural” deve ser mantido o m�ximo poss�vel, pois � rico em benef�cios. Al�m de ajudar a passar pelo canal vaginal, por ser escorregadio, ele tamb�m age como uma barreira protetora, tanto evitando infec��es quanto diminuindo a perda de calor. "Ent�o, nasceu, basta secar e enrolar o pequeno em uma manta ou roupinha e deixar ele quietinho. Depois do primeiro dia pode dar banho normalmente, banheira, chuveiro, balde, do jeito que preferir. Basta lembrar que sabonete s� uma vez ao dia."
VACINAS
� de extrema import�ncia seguir o calend�rio vacinal preconizado. Ainda na maternidade, o beb� recebe a primeira dose da hepatite B e a BCG (contra tuberculose). Os beb�s devem fazer acompanhamento pedi�trico mensal nos primeiros meses de vida, e o pediatra poder� acompanhar melhor os esquemas vacinais.
Marjorie � massoterapeuta. Para as gestantes que chegam at� ela, elenca dois pontos que considera cruciais: a exterogesta��o e o baby blues. "A m�e deve entender que beb�s nascem imaturos e que, para se desenvolver, precisam de muito colo e aten��o. Colo n�o vicia, n�o deixa manhoso e n�o estraga. Colo � necess�rio para que processos qu�micos aconte�am do corpo do beb� e tamb�m � fundamental para que a m�e se organize, quanto mesmo aos horm�nios, para a maternidade. Baby blues � aquela fase logo ap�s o parto em que oscilamos entre o choro, tristeza e alegria extrema. � normal, � fisiol�gico, e passa. Se sentir insegura e com medo faz parte, n�o � preciso se sentir a pior m�e por isso."
Em 2018, Marjorie ficou gr�vida, depois de tr�s anos de tentativas, e deu � luz Luiza. Para entender que o filho � tamb�m um ser aut�nomo � preciso olhar para eles com respeito, diz. "Quando respeitamos o beb� como pessoa, entendemos que, assim como n�s, ele tem suas vontades e suas escolhas."
MEDO DE ERRAR
A empres�ria Silvia Salvador, de 33 anos, � m�e de Ol�via, de dois meses. Para ela, o que tem sido mais desafiador � o medo de errar, de n�o fazer o que � melhor para a filha, principalmente nas escolhas do dia a dia, sobre sua rotina, de alimenta��o, de amamenta��o, de intera��o com o ambiente.
"Penso se estou fazendo escolhas saud�veis para ela. A gente sabe que a priva��o do sono e a mudan�a da nossa rotina s�o cansativas e desafiadoras tamb�m, mas faz parte do processo. Nos preparamos para isso desde a gesta��o, mas de fato, quando me tornei m�e, o maior aprendizado, e o que muitas m�es falam, � lidar com a culpa e saber se estou ou n�o acertando com ela", diz.
Aos poucos, as coisas v�o entrando nos eixos. Os compromissos profissionais est�o sendo retomados, e para Silvia um apoio fundamental vem de uma ajudante que fica com a pequena durante o dia. "Ter algu�m perto dela e perto de mim tem me ajudado a n�o sofrer pelo fato de estar retomando as coisas aos poucos. Ol�via tem cumprido sua rotina de alimenta��o, de passeios no final da tarde e tem dormido muito bem � noite."
Saber se comunicar com Ol�via e entender o que ela pede � um processo de aprendizagem. "Ainda n�o sei ler todos os sinais da Ol�via. Consigo identificar alguma coisa do choro, quando � de fome, de dor por conta de c�lica. Ol�via est� come�ando a interagir com o ambiente e com a gente e responder aos est�mulos. Agora � que eu estou aprendendo a lidar com esse entendimento de respostas e demandas do beb�, e esse � um processo que n�o vai acabar t�o cedo."
Para ela, a amamenta��o foi uma das grandes quest�es no come�o. Ol�via n�o pegou o peito e foi preciso a consultoria de uma fonoaudi�loga. "De fato, isso no in�cio n�o � f�cil para nenhuma m�e. Acredito que at� m�es que n�o s�o de primeira viagem, como eu, ainda sofrem com esse processo da amamenta��o", avalia.
A ajuda do marido para Silvia � crucial. "� um parceiro de vida. N�o s� cumpriu as atividades da Ol�via, mas da casa tamb�m. Cuidou e continua cuidando dos cachorros, o que antes era obriga��o s� minha. Prontamente me levava aos locais onde eu precisava, fazia as compras da casa. Foi e tem sido um grande parceiro, amigo e um grande pai para nossa filha."
Silvia diz que, h� tr�s anos, n�o tinha certeza se de fato queria ser m�e. "No ano passado, virou uma chave no meu cora��o e eu decidi que era o momento. E nada se compara ao que eu sinto hoje. O amor, a gratid�o e o retorno que o beb� d� com um gesto, um sorriso. Isso � impag�vel, � uma experi�ncia que n�o tem precedentes. E s� quem � m�e vai sentir isso de fato. Essa reciprocidade e esse olhar enchem o cora��o e fazem tudo valer a pena."