(none) || (none)
Publicidade

Estado de Minas SER M�E

Maternidade: a constru��o do maternar

Viv�ncias pr�prias da mulher v�o determinar o conceito de maternidade. Ter uma rede de apoio � fundamental para as m�es


03/04/2022 04:00 - atualizado 31/03/2022 11:50
683

Julia Brandt
Para Julia Brandt, m�e de Thomas, hoje com nove meses, a maternidade � a coisa mais dif�cil que j� vivenciou at� agora (foto: Arquivo pessoal)
 Pensar no que seria uma maternidade plena � um conceito complexo. Afinal, o que cada mulher espera da sua maternidade? Para a enfermeira Marjorie Lobato, essa � uma quest�o intimamente ligada �s viv�ncias de cada mulher. Ela � m�e de Luiza, de 3 anos, e diz que a m�e que � hoje idealizou quando era crian�a e brincava de casinha.
 
"O meu maternar foi constru�do pelo maternar da minha m�e, como ela cuidou de mim e como fui absorvendo valores ao longo da vida. Para mim, sempre foi importante disponibilidade, queria ser uma m�e presente, atenta, carinhosa e compreensiva, ent�o, corri e ainda corro atr�s disso. Mas acho que muitas mulheres se sentem plenas fazendo coisas diferentes das que escolhi para mim", constata.
 
Beb�s nascem sem estar prontos. Est�o aptos a viver fora do �tero, mas n�o significa que estejam completamente maduros, ressalta Marjorie. Um dos sistemas imaturos, ela esclarece, � o que coordena o ciclo circadiano – eles desconhecem o que � dia e o que � noite e cabe aos pais ajud�-los nessa transi��o. Organizar a rotina da casa, de maneira que fique claro para ele a diferen�a entre dia e noite, � fundamental. A partir do terceiro m�s de vida, o nen�m consegue 
 
Beb�s n�o gostam de surpresas e imprevistos. Saber o que vai acontecer depois de cada evento � reconfortante e transmite seguran�a, por isso � interessante repetir as mesmas coisas nos mesmos hor�rios.

"Isso n�o significa que precisamos ficar engessados no hor�rio. Mas � bom que a sequ�ncia de eventos seja repetida todos os dias. Um exemplo: todos os dias acordamos, dou o peito, troco fralda, levo para passear, voltamos, brincamos no tapetinho, fa�o massagem, banho e soneca. Independentemente de come�ar essas atividades uma hora ou outra, voc� repete todos esses eventos. O beb� sabe o que vir� a seguir e isso o deixa calmo”, ensina.
 
Para Julia Brandt, de 38 anos, Sr. Manager na J&J, a maternidade � a coisa mais dif�cil que j� vivenciou at� hoje. Natural de Belo Horizonte, reside nos Estados Unidos e com o marido, Peter Brandt, � m�e do pequeno Thomas, de nove meses. "Sempre quis ser m�e. N�o me arrependo e estou muito feliz", conta. Ela diz que o estudo e o trabalho sempre tirou de letra, e at� que a maternidade tem sido assim tamb�m, mas exige um esfor�o muito maior. "Mexe com a gente em todos os aspectos – f�sico, mental, emocional, tudo. A parte f�sica para mim foi bem desafiadora, porque a minha gravidez n�o foi f�cil. Sofri muito, tive v�rios sintomas, e o parto tamb�m foi bem complicado", lembra.
 
Vivendo longe da fam�lia, para Julia um outro fator complicador � a falta de uma rede de apoio bem-estruturada. "Quando acontece uma mudan�a como essa da maternidade fica mais vis�vel o quanto � importante contar com isso." 
 
Enquanto ainda estava de licen�a-maternidade, a dedica��o ao filho era exclusiva. De volta ao trabalho, o dia a dia mudou completamente, e essa transi��o gerou ansiedade. Ela conta que, afinal, gostou de voltar ao trabalho, e fica mais tranquila porque o marido resolveu ficar em casa cuidando do pequeno. A ida para a creche vai ficar mais pra frente, quando Thomas estiver grandinho.

O aspecto da comunica��o com o filho � algo interessante de se observar. "Mesmo sendo uma comunica��o n�o verbal, sempre consegui ler o Thomas. Conhe�o os tipos de choro, sei se est� com sono ou com fome”, diz Julia.

AMAMENTA��O


Nessa experi�ncia recente com a maternidade, para Julia o mais dif�cil � a amamenta��o. Ela lembra das incont�veis ocasi�es em que amamentou chorando de dor, dos problemas com rachaduras nos seios, da mastite. Mas diz que sempre persistiu, ciente de todos os benef�cios. "Todos falam que a amamenta��o � natural, � instintiva, mas n�o �. Acho que � instintivo o beb� saber sugar e procurar o peito. Mas a m�e tem que aprender como fazer, o beb� tem que aprender o jeito certo de mamar. N�o � essa coisa rom�ntica, natural e simples n�o", pondera.
 
Para Julia, o companheirismo do marido tem sido valioso. "Sempre fez quest�o de participar de tudo. Faz as coisas tanto quanto eu", conta, tamb�m pontuando as mamadas noturnas como um grande desafio com o filho, o que agora j� est� mais incorporado. "Mesmo que ele n�o desperte, eu sempre acordo nos hor�rios de costume dele", conta.

REC�M-NASCIDOS


Claudia Daniela Drumond
Pediatra da Sa�de no Lar, Claudia Daniela Drumond diz que a exaust�o entre as m�es tem sido uma constante (foto: Arquivo pessoal)
O puerp�rio, per�odo ap�s o nascimento do beb�, sempre foi cercado de cuidados, pois a mulher se encontra em uma fase f�sica vulner�vel e tem que lidar com os desafios do cuidado ao rec�m-nascido, prover o alimento, entender a linguagem do choro e, principalmente, vivenciar a inseguran�a da capacidade de cuidar de uma nova vida. � o que ensina a pediatra da Sa�de no Lar Claudia Daniela Drumond.
 
Atualmente, diz Claudia, as m�es buscam uma rede de apoio. "Mas, que rede � essa? Por que esse nome, t�o na moda hoje em dia, n�o fez parte do vocabul�rio de nossas m�es e av�s? A resposta � que esse conjunto de pessoas ao redor da m�e era intr�nseco ao puerp�rio. A av� largava tudo para estar ao lado da filha por um tempo, a vizinha levava uma sopa, outra j� chegava se oferecendo para arrumar a casa. A m�e n�o estava s�. Pelo contr�rio, era cercada de apoio e pessoas que lhe ofereciam seguran�a e ajuda", lembra a pediatra.
 
Agora, � cada vez mais comum, cita, m�es e pais se revezando no cuidado com o beb�, com a casa e os outros filhos. Dessa maneira, a exaust�o entre as m�es tamb�m tem sido uma constante, constata a especialista. Particularmente com a pandemia, surgiu uma legi�o de m�es solit�rias, sem ajuda, com medo de sair com o beb�, receosas de receber uma visita, sem poder contar com quase ningu�m, achando na internet a resposta para suas d�vidas. "O lado bom � que nunca vi tantos pais trocando fraldas no consult�rio. Os homens foram chamados a participar efetivamente no cuidado e esse ganho foi fant�stico."
 
A pediatra cita o acesso irrestrito a informa��es. Mas, ela lembra, a qualidade e interpreta��o das respostas obtidas, muitas vezes conflitantes, mais atrapalha do que ajuda. Gera inseguran�a e, �s vezes, procedimentos desnecess�rios, custo elevado com medicamentos que s�o comprados sem prescri��o m�dica, s� porque est�o na moda. "Cada beb� � �nico, com seu tempo de mamada, com seu padr�o de sono. As m�es precisam olhar menos para o celular e mais para o seu beb�."

 
Seguran�a e al�vio no cuidado com o rebento 

 
Quando a maternidade acontece, � importante contar com uma rede de apoio, seja ela familiar, de amigos e, principalmente, profissional. Essa rede deve reunir profissionais experientes, que trar�o seguran�a e al�vio no cuidado com o beb�, diz a pediatra da Sa�de no Lar Claudia Daniela Drumond.


Uma boa consultora de amamenta��o, ela exemplifica, salva uma mama e, consequentemente, aumenta as chances de sucesso no aleitamento materno exclusivo. "A m�e consegue n�o ferir o peito em tentativas frustrantes e entende que, se n�o conseguir amamentar, n�o h� problema nenhum nisso. Existem outras formas de alimentar o beb�. J� aquelas que ainda n�o pegaram o jeito, conseguir�o, por conta do aux�lio profissional, entender qual a forma correta para conseguir amamentar o filho de forma efetiva e sem dores", diz.
 
A visita de uma enfermeira ajuda nos cuidados b�sicos com o beb� e traz seguran�a � m�e, que passa a entender melhor todo o processo. Isso no que diz respeito ao banho da forma correta, � limpeza da fralda, ao momento correto do arroto, � maneira de dar o peito, de dormir e o que fazer nos momentos de c�lica e de choro insistente.
 
"Al�m disso, contar com o acompanhamento pedi�trico de perto, se poss�vel dentro de casa, com avalia��es mais frequentes no primeiro m�s de vida, torna-se outro fator positivo. Nesse momento, a crian�a ainda est� sem a prote��o de todas das vacinas e quanto menos contato com v�rus e bact�rias melhor para os pais e, principalmente, para a sa�de do beb�", acrescenta a pediatra. 
 
Ilustração
 
 
 
 


receba nossa newsletter

Comece o dia com as not�cias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)