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Estado de Minas NEUROLOGIA

Cannabis auxilia na qualidade de vida dos pacientes com esclerose m�ltipla

Hoje, 30 de maio, � o Dia Mundial da Esclerose M�ltipla; m�dica mineira desenvolve tecnologia � base de canabinoide, que se torna uma aliada no tratamento


30/05/2022 08:00 - atualizado 30/05/2022 14:48
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médica
A m�dica Mariana Maciel, especialista em medicina canabin�ide, desenvolveu uma que � capaz de aumentar em at� 10 vezes a absor��o do canabin�ide pelo corpo (foto: Arquivo Pessoal)
Dia 30 de maio � dedicado ao Dia Mundial da Esclerose M�ltipla, doen�a neurol�gica, cr�nica e autoimune. De acordo com a Associa��o Brasileira de Esclerose M�ltipla, embora a causa da doen�a ainda seja desconhecida e n�o tenha cura, ela tem sido foco de muitos estudos no mundo, o que t�m possibilitado uma constante e significativa evolu��o na qualidade de vida dos pacientes.
 
Entre as novidades, j� chegou ao mercado uma descoberta da m�dica mineira, de Paraopeba, radicada em Vancouver, no Canad�, Mariana Maciel, com especializa��o em medicina interna (cl�nica m�dica) e especialista em medicina canabinoide, que desenvolveu a  a tecnologia Power NanoTM, que ï¿½ capaz de aumentar em at� 10 vezes a absor��o do canabinoide pelo corpo. A exclusiva tecnologia, da biofarmac�utica canadense Thronus Medical, com a nova linha Bisaliv Power traz para o mercado brasileiro oito produtos que est�o dispon�veis para venda desde abril.

"O uso de fitocanabinoides, como tratamento complementar e auxiliar aos tradicionais com alopatia da esclerose m�ltipla pode ter muitas vantagens. Como, por exemplo, na espasticidade da dor. A dor na esclerose m�ltipla � incapacitante e comum na maioria dos pacientes, e a cannabis tem o potencial de ameniz�-la, pois tem efeito analg�sico em pacientes com dores neurop�ticas. E os fitocanabinoides tamb�m podem auxiliar na desacelera��o do processo neurodegenerativo, a neurorregenera��o e a limita��o da progress�o da doen�a, j� que o canabidiol tem propriedades anti-inflamat�rias", destaca Marina Maciel, que � formada pela Faculdade de Medicina de Barbacena e com resid�ncia pelo Hospital Santa Casa de Po�os de Caldas.
 
 
Segundo a m�dica, os �leos de canabidiol (CBD) tradicionais t�m baixa absor��o porque se diluem pouco no aparelho digestivo. "Nosso organismo - que � constitu�do principalmente de �gua - tem dificuldade em absorver �leos. Al�m disso, os �leos de CBD tradicionais s�o compostos por mol�culas grandes que, somado � alta metaboliza��o hep�tica dos princ�pios ativos, se tornam mais um dificultador para uma boa absorv�ncia", explica.

"Todas essas complexidades metab�licas me deixavam inconformada. 'Como uma planta com tantas propriedades poderia ser mais bem aproveitada?' Ent�o, montei uma equipe de pesquisadores e desenvolvemos a power nano, capaz de diminuir mol�culas de cannabis em 17 nan�metros, al�m do encapsulamento dessas mol�culas em uma solu��o hidrossol�vel — algo at� ent�o in�dito. O resultado � a potencializa��o na absor��o e, com isso, maior efici�ncia dos princ�pios ativos dos f�rmacos."

maconha
Desde 2015, a Anvisa liberou a importa��o importa��o, a �ltima resolu��o � de outubro de 2021 (foto: cytis / Pixabay )


Marina Maciel afirma que pesquisas indicam que cerca de apenas 6% do Canabidiol (CBD) convencional e 8% do tetrahidrocarbinol (THC) convencional alcan�am a circula��o sist�mica ap�s ingeridos, enquanto nos produtos Bisaliv com tecnologia Power NanoTM da Thronus Medical, a absor��o efetiva desses fitocanabin�ides pode ser at� 10 vezes maior e mais r�pida.

"N�o apenas o tempo de in�cio de a��o cai de 30 minutos para 10, como tamb�m a biodisponibilidade pode chegar a 80%, a depender do ativo. O in�cio de a��o dos �leos pode chegar a duas horas, j� com o Bisaliv � poss�vel sentir os efeitos em 10 minutos, al�m disso a biodisponibilidade pode chegar a 80%, a depender do ativo. Esta tecnologia representa um avan�o na medicina pois permite maior absor��o e aproveitamento do produto permitindo rendimento e economia, al�m de diminuir os efeitos colaterais", garante a m�dica.

Jean Lage Madureira, de 47 anos, empres�rio e morador de Jo�o Monlevade-MG, revela que faz uso do canabidiol full spectrum h� tr�s anos (n�o � da linha Bisaliv). "Meu m�dico me informou sobre a possibilidade da cannabis me ajudar a viver melhor, e eu fui em busca de descobrir. Posso dizer que o tratamento foi excelente para mim, principalmente, nos espasmos musculares - que cessaram ap�s pouqu�ssimo tempo de uso.
Os �nicos pontos negativos s�o a dificuldade imposta pela burocracia e o valor, que � alto. Sinto, escuto e vejo muito preconceito, as pessoas ainda t�m a mentalidade que � uma droga, que vai fazer mal. As pessoas n�o t�m conhecimento, mas eu n�o ligo para o que dizem. O importante � que estou bem e n�o tenho mais dores", destaca Jean que tem esclerose m�ltipla h� sete anos, sendo que os  sintomas iniciaram em 2016.

Mariana Maciel explica que "a esclerose m�ltipla � uma condi��o neurol�gica, autoimune, que afeta o c�rebro, os nervos �pticos e a medula espinhal. A camada protetora que envolve os neur�nios, chamada mielina, � atacada pelo sistema imunol�gico. Esse processo � conhecido como desmieliniza��o e compromete o envio dos comandos do c�rebro para o resto do corpo. E os sintomas variam. Depende de pessoa para pessoa e da forma como a doen�a se manifesta (existem tr�s tipos de ocorr�ncia que s�o definidos de acordo com a evolu��o cl�nica de cada paciente). Os mais comuns s�o: vis�o desfocada, altera��es sensitivas, membros fracos, perda da coordena��o motora, altera��es no equil�brio, sensa��o de formigamento, tonturas, fadiga, enjoos e dor."

A m�dica, especialista em medicina canabinoide, avisa que, infelizmente n�o existe preven��o: "Como n�o temos certeza sobre as causas da doen�a, n�o temos como preveni-la. A recomenda��o para preven��o de doen�as em geral � manter h�bitos de vida saud�veis como dieta balanceada e pr�tica de exerc�cios f�sicos, por exemplo. E segundo o Minist�rio da Sa�de, a esclerose m�ltipla atinge 2,8 milh�es de pessoas em todo o mundo. No Brasil, estima-se que cerca de 40 mil convivam com a doen�a."

Mariana Maciel informa que a  ocorr�ncia � duas a tr�s vezes maior em mulheres do que em homens. "As raz�es para essa expressiva diferen�a entre homens e mulheres s�o desconhecidas: por�m uma variedade de fatores pode influenciar, tais como tabagismo, obesidade na inf�ncia e adolesc�ncia, e d�ficit de vitamina D (inclusive h� evid�ncias de maior incid�ncia em pa�ses mais distantes do Equador, como Canad� e norte da Europa).Quanto � idade, a escleroce m�ltipla pode ocorrer em qualquer fase da vida, mas a idade m�dia de diagn�stico, no Brasil, � entre 20 a 40 anos."

Sem cura, mas n�o fatal


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Inova��o e tecnologia que ajudam na melhor qualidade de vida de pacientes (foto: Arquivo Pessoal)


Apesar de n�o ter cura, Mariana Maciel lembra que isso n�o significa que a esclerose m�ltipla seja fatal:: "� poss�vel aprender a conviver com a doen�a e ter qualidade de vida, e � isso que a cannabis pode trazer ao paciente. O tratamento convencional normalmente � feito com medicamentos alop�ticos para controlar os sintomas, evitar as crises e/ou atrasar a evolu��o da doen�a – dependendo do quadro cl�nico de cada paciente. Al�m de atividades complementares, como atividades f�sicas, fisioterapia, atividades art�sticas e terapia ocupacional, por exemplo. Acreditamos no potencial terap�utico da cannabis medicinal como substituta ou aliada aos tratamentos convencionais como opi�ides e outros alop�ticos."

Mariana Maciel afirma que o "canabidiol e o tetrahidrocanabinol sa�ram da lista de subst�ncias de uso proibido pela Anvisa em 2015, e desde ent�o � poss�vel solicitar a importa��o de produtos � base de cannabis para uso pessoal mediante autoriza��o. Em 2017 a Anvisa aprovou o registro do primeiro medicamento:e era justamente indicado para esclerose m�ltipla.

A intera��o dos fitocanabinoides com receptores sist�micos e do sistema endocanabin�ide (sistema que todos n�s temos e que regula fun��es em toda fisiologia humana, incluindo estados neuropsiqui�tricos) geram respostas fisiol�gicas que melhoram a dor, os espasmos e controlam convuls�es, por exemplo. O tratamento com cannabis, que j� era uma alternativa muito boa com os �leos, agora ficou ainda melhor com a evolu��o power nano, que tem mol�culas de cannabis com 17 nan�metros, encapsuladas em solu��o hidrossol�vel. O resultado � a potencializa��o na absor��o e, com isso, maior efici�ncia dos princ�pios ativos dos f�rmacos."

A m�dica destaca tamb�m os oito produtos da Thronus Medical j� dispon�veis no mercado brasileiro: "Temos muito orgulho de termos criado e sermos a biofarmac�utica com a linha de produtos � base de cannabis mais completa e mais biodispon�vel do mercado – ou seja, com maior absor��o pelo organismo." 

Hoje, de acordo com a m�dida, a linha Bisaliv da Thronus Medical conta com oito produtos: power CBD, que � um CBD isolado de 600mg de canabidiol (CBD) de zero tetrahidrocanabinol (THC), muito potentemente e de r�pido in�cio a��o. 

Mariana Maciel alerta que muitas doen�as e problemas de sa�de podem ter seus sintomas amenizados com o uso de fitocanabinoides. "A cannabis medicinal tem propriedades anti-inflamat�rias, neuroprotetora, ansiol�tica, anticonvulsivante, antidepressiva, entre outras. A cannabis � eficiente para tratar, por exemplo, dores cr�nicas, epilepsia, autismo, depress�o, fibromialgia. E contribui para a qualidade de vida de pacientes com esclerose m�ltipla, Alzheimer, S�ndrome de Asperger, Borderline e Parkinson, por exemplo."

Exame de resson�ncia magn�tica � fundamental no diagn�stico da doen�a

Vale registrar que levantamento da Funda��o Instituto de Pesquisa e Estudo de Diagn�stico por Imagem (FIDI), a gestora de servi�os de diagn�stico por imagem na rede p�blica, aponta que, de 2020 para 2021, o n�mero de exames com diagn�stico de esclerose m�ltipla cresceu 30% na rede p�blica onde FIDI atua (foram 262 casos em 2020 e 341 em 2021).

At� o come�o de maio de 2022, a organiza��o fez 88 diagn�sticos da doen�a. De acordo com o Minist�rio da Sa�de, 2,8 milh�es de pessoas vivem com esclerose m�ltipla no mundo e, no Brasil, aproximadamente 40 mil pacientes s�o acometidos pela doen�a.

"Existem quatro graus de esclerose, sendo definidos pela quantidade e dura��o dos surtos cl�nicos, em que o paciente pode ter a perda de for�a de um ou mais membros, dorm�ncias e/ou formigamentos nos p�s, m�os (dist�rbios de sensibilidade) e tontura que pode estar associada a n�usea, v�mitos, tremores, altera��es na fala, dificuldade para caminhar e desequil�brio. Nos graus mais leves, esses surtos podem durar dias ou semanas e desaparecerem, com recupera��o completa das poss�veis sequelas. J� nos graus mais graves da doen�a, os surtos s�o mais frequentes e podem causar decl�nio neurol�gico constante do paciente, podendo ou n�o haver recupera��o dos sintomas ap�s os surtos”, alerta Igor Santos, m�dico radiologista e superintendente de FIDI.

Igor Santos explica que o diagn�stico de esclerose m�ltipla � basicamente cl�nico, mas j� existem exames laboratoriais e de imagem que ajudam a confirm�-lo e a acompanhar o seu progresso. "A resson�ncia magn�tica (RM) � um exame de imagem fundamental para o diagn�stico da EM, pois permite a visualiza��o das les�es no c�rebro e medula espinhal”.
 
Embora ainda n�o haja cura, h� tratamentos eficazes que aumentam as chances de remiss�o da doen�a, ou seja, o paciente passa anos sem apresentar sintomas ou surtos cl�nicos. A esclerose m�ltipla � controlada com rem�dios, como os imunomoduladores e imunossupressores e a pr�tica de exerc�cios f�sicos e reabilita��o auxiliam na melhora da qualidade de vida e de poss�veis sequelas.
 

Acess�vel a todos e sem preconceito

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M�todos de entrega de canabin�ides (foto: Arquivo Pessoal)


Agora, o pr�ximo passo segundo Marina Maciel � que a descoberta seja "acess�vel para todos", j� que a "temos grandes obst�culos, como o preconceito e, depois, a burocracia para ter acesso ao tratamento. Para o preconceito, trabalhamos com a educa��o. Disseminar o conhecimento, trazer o assunto para as pautas do dia a dia. Existe uma percep��o errada que considera a cannabis como uma subst�ncia perigosa, enquanto que ela � na verdade o rem�dio natural mais vers�til que existe, uma das subst�ncias mais seguras e terap�ticamente ativas conhecidas pelo homem."

Quanto � burocracia, Mariana Maciel enfatiza que o impacto maior � no prazo de chegada do produto ao paciente, principalmente devido ao tempo destinado � libera��o sanit�ria nos aeroportos. 

Ela enfatiza que o processo de importa��o para o Brasil, que � simples, funciona, mas ainda existem muitas d�vidas: "Com a prescri��o m�dica, o paciente realiza o cadastro no site gov.br na sess�o “Solicitar autoriza��o para importar produtos derivados de Cannabis”.

A maioria das empresas d� todo o suporte durante este processo. Ap�s an�lise, a Anvisa libera o documento de autoriza��o de importa��o. Assim, o paciente consegue adquirir o produto e t�-lo entregue diretamente em seu domic�lio. Outra pergunta que nos fazem � se existem riscos ou contraindica��es para o uso de medicamentos � base de cannabis. Os riscos s�o bem menores em compara��o �s medica��es convencionais.

Efeitos colaterais leves como fadiga, tontura e sonol�ncia podem ocorrer, mas tendem a desaparecer ap�s poucos meses de uso e adequa��o de dosagem. O uso de THC predominante provoca mais efeitos colaterais que o CBD, por�m costumam ser toler�veis. Acompanhamento m�dico e uso adequado diminuem os riscos. S�o poucas as contraindica��es: n�o � recomendado utilizar THC em pacientes com portadores ou com hist�rico familiar de esquizofrenia/psicose. Avaliar risco vs benef�cio em situa��es que carecem estudos como lactentes e gestantes." 



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