Pesquisas anteriores j� demonstraram que algumas dessas subst�ncias praticamente onipresentes elevam o risco cardiovascular
Presentes do fio dental a embalagens de alimentos, passando por panelas, cosm�ticos, roupas e estofados, as subst�ncias sint�ticas chamadas per e polifluoroalquil (Pfas) aumentam o risco de hipertens�o em mulheres com mais de 45 anos, segundo um estudo publicado na revista Hypertension, da Associa��o Norte-Americana do Cora��o. Em compara��o �quelas com n�veis mais baixos de exposi��o, as participantes com concentra��es elevadas na corrente sangu�nea podiam apresentar uma chance at� 71% mais elevada de sofrer da condi��o, associada, entre outras coisas, a doen�as cardiovasculares.
Pesquisas anteriores j� demonstraram que algumas dessas subst�ncias praticamente onipresentes elevam o risco cardiovascular
"A sigla � curta, mas trata-se de uma grande fam�lia de compostos que s�o t�o amplamente utilizados em bens de consumo que agora podem ser encontrados em quase qualquer lugar em que se procurar", define Oliver Jones, professor de Bioci�ncias e Tecnologia de Alimentos da Universidade de Melbourne, na Austr�lia.
Agora, o estudo da Universidade de Michigan, nos Estados Unidos, mostra que, mesmo em n�veis baixos no organismo, as Pfas podem ser prejudiciais � sa�de. Segundo a epidemiologista Ann Arbor, coautora do artigo, essa � a primeira pesquisa que avalia se os compostos sint�ticos, nos quais os �tomos de oxig�nio s�o substitu�dos por fl�or, afetam o controle da press�o arterial em mulheres acima de 45 anos. Arbor observa que dados anteriores de uma pesquisa nacional norte-americana indicou que todos os habitantes do pa�s t�m concentra��es detect�veis de pelo menos um tipo de subst�ncia no sangue.
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"As mulheres parecem ser particularmente vulner�veis quando expostas a esses produtos qu�micos", disse a pesquisadora, em um comunicado. "A exposi��o aos Pfas pode ser um fator de risco subestimado para doen�as cardiovasculares em mulheres", continuou. "Esses produtos n�o degradam no meio ambiente e contaminam ar, solo, �gua pot�vel e alimentos. Um estudo estimou que dois dos Pfas mais comuns detectados na �gua pot�vel que temos em casa s�o consumidos por mais de dois ter�os dos norte-americanos", afirma Ning Ding, principal autora da pesquisa.
Proibi��o
Para estimar o risco de hipertens�o associado aos compostos, a equipe usou dados de um estudo nacional norte-americano que investigou a implica��o, na sa�de feminina, de diversos tipos de poluentes. Os dados inclu�ram mais de mil mulheres de 45 a 56 anos, que tinham press�o arterial normal no in�cio da pesquisa. Todas as participantes foram acompanhadas anualmente de 1999 a 2017.
Os pesquisadores de Michigan fizeram um recorte do estudo para pesquisar, especificamente, a associa��o de sete Pfas e risco de hipertens�o. Elas constataram que, ao longo do acompanhamento, das 11.722 participantes, 470 desenvolveram press�o arterial elevada. As mulheres com concentra��es mais altas de �cido perfluoro-octanossulf�nico, �cido perfluoro-octanoico e �cido ac�tico (um precursor dos Pfas) apresentaram riscos 42%, 47% e 42% maiores, respectivamente, comparado �s volunt�rias com menor teor desses qu�micos no sangue. Aquelas com quantidades grandes de todas as subst�ncias inclu�das no estudo tinham uma probabilidade 71% maior de se tornarem hipertensas.
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"Sabemos h� algum tempo que os Pfas interrompem o metabolismo no corpo, mas n�o esper�vamos a for�a da associa��o que encontramos", observou, em nota, Sung Kyung Park, professor de epidemiologia e ci�ncias da sa�de ambiental da Escola de Sa�de P�blica da Universidade de Michigan e um dos autores da pesquisa. "Alguns estados norte-americanos est�o come�ando a proibir o uso de Pfas em embalagens de alimentos e produtos cosm�ticos e de higiene pessoal. Nossas descobertas deixam claro que estrat�gias para limitar o uso generalizado de Pfas em produtos precisam ser desenvolvidas. Mudar para op��es alternativas pode ajudar a reduzir a incid�ncia de risco de press�o alta em mulheres de meia-idade."
Diagn�stico pela retina
Problemas no cora��o poder�o ser identificados por um simples exame de rotina
No futuro, um simples exame de retina poder� fornecer informa��es suficientes para identificar pessoas em risco de doen�a arterial coronariana e infarto. � o que mostrou um estudo divulgado ontem, na confer�ncia anual da Sociedade Europeia de Gen�tica Humana, em Viena. Segundo os pesquisadores, a combina��o de informa��es sobre o padr�o dos vasos sangu�neos nesta camada dos olhos com dados de DNA tem potencial de fazer a detec��o em um teste oftalmol�gico de rotina.
"J� sab�amos que varia��es na vasculatura da retina podem oferecer informa��es sobre nossa sa�de", disse Ana Villaplana-Velasco, estudante de doutorado na Universidade de Edimburgo, durante a apresenta��o do trabalho. "Dado que a imagem da retina � uma t�cnica n�o invasiva, decidimos investigar os benef�cios que poder�amos obter com essas imagens. Primeiro, estudamos os padr�es de ramifica��o da vasculatura retiniana calculando uma medida denominada dimens�o fractal (Df) a partir de dados dispon�veis em um banco de dados que inclui informa��es s demogr�ficas, epidemiol�gicas, cl�nicas, de imagem e genotipagem de mais de 500 mil participantes em todo o Reino Unido", contou. Os autores descobriram que uma Df mais baixa, al�m padr�es simplificados da ramifica��o de vasos simplificados est�o relacionados � doen�a arterial coronariana.
Modelo
Os pesquisadores, ent�o, desenvolveram um modelo que foi capaz de prever o risco de infarto do mioc�rdio estudando participantes do banco de dados que sofreram um evento do tipo ap�s a coleta de suas imagens da retina. O algoritmo incluiu a Df, bem como fatores cl�nicos tradicionais, como idade, sexo, press�o arterial sist�lica, �ndice de massa corporal e tabagismo para calcular a chance de infarto personalizada.
"Curiosamente, descobrimos que nosso modelo foi capaz de classificar melhor os participantes com baixo ou alto risco de infarto do mioc�rdio quando comparado com modelos estabelecidos que incluem apenas dados demogr�ficos", contou a doutoranda.
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Ana Villaplana-Velasco disse que os pesquisadores se perguntaram se a associa��o da Df com o risco de infarto foi influenciada biologicamente. "Encontramos nove regi�es gen�ticas que conduzem os padr�es de ramifica��o vascular da retina. Quatro delas s�o conhecidas por estarem envolvidas na gen�tica de doen�as cardiovasculares. Em particular, descobrimos que est�o envolvidas em processos relacionados � gravidade e recupera��o do infarto."
Segundo a pesquisadora, a descoberta pode ser �til na identifica��o da propens�o a outras doen�as oculares e sist�micas, como retinopatia diab�tica e acidente vascular cerebral. Por�m, mais estudos s�o necess�rios para validar o modelo.
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