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Estado de Minas COMPORTAMENTO

Cultura do cuidado: evento debate a preocupa��o com o outro

O encontro ser� no formato on-line e via YouTube, com a participa��o de professores, mestres e doutores das mais renomadas institui��es do Brasil e do exterior


10/07/2022 04:00 - atualizado 09/07/2022 00:58

Mãos unidas
(foto: Twitter/Reprodu��o )

A cultura do cuidado � fator primordial � dignidade humana. At� 30 de julho, palestrantes das mais renomadas institui��es do Brasil e do exterior v�o abordar o tema e seus desdobramentos durante o 1º Congresso Intergeracional da Cultura do Cuidado. Com o tema “O indiv�duo, a fam�lia, a sociedade e o Estado”, o evento ser� no Centro de Apoio e Conviv�ncia (CAC), sob a chancela da Escola Superior Dom Helder C�mara.

O encontro ser� no formato on-line e via YouTube, com a participa��o de professores, mestres e doutores das mais renomadas institui��es do Brasil e do exterior. T�o importante quanto o autocuidado ï¿½ o cuidado para com os outros, sejam eles frutos de la�os consangu�neos, das escolhas ou criados pelas mais diversas formas de afeto, sem distin��o de ra�a, g�nero e cren�as. A miss�o � romper a cultura da indiferen�a, do descarte e do conflito para dar lugar � cultura do cuidado como um caminho para a paz.

Haver� uma s�rie de lives coordenadas pelo Instituto e C�mara de Media��o Aplicada (IMA). A presidente do IMA, a psicanalista Rita Andr�a Guimar�es, vai atuar como mediadora na mesa que tratar� do tema “Quem s�o os sujeitos do cuidado? E o papel desses sujeitos na formula��o e execu��o de uma pol�tica social p�blica espec�fica para o cuidado”, e tamb�m como palestrante em “Viabiliza��o de formas alternativas de participa��o, ocupa��o e conv�vio do idoso com as demais gera��es”. 

Rita destaca que, em tempos de car�ncia da palavra, da falta de di�logo, de um sem-n�mero de conflitos, a sensa��o de descren�a, os la�os de consumo, a descartabilidade, a polariza��o religiosa, o enfrentamento de extremos, a fragilidade dos la�os sociais e o dever de ser feliz, vive-se uma urg�ncia: aprender a escutar. “Por vezes, nem percebemos que h� uma rela��o entre o ouvir e o falar. Fala-se a partir do que se ouve. Se dif�cil for a escuta, trope�aremos na fala.”

De acordo com a especialista, a cultura do cuidado � uma via para o prop�sito, � medida que ela nos estimula a construir rela��es de interesse efetivo pelo bem do pr�ximo e a superar a cultura da indiferen�a e do descarte. 

 

 

Psicanalista Rita Andréa Guimarães
Psicanalista Rita Andr�a Guimar�es (foto: Arquivo Pessoal )

"Por vezes, nem percebemos que h� uma rela��o entre o ouvir e o falar. Fala-se a partir do que se ouve. Se dif�cil for a escuta, trope�aremos na fala"

Rita Andr�a Guimar�es, psicanalista

Media��o

 “Nesse sentido, todo processo de mudan�a e constru��o envolve a comunica��o, e a escuta se faz necess�ria para que tenhamos resultados. A media��o de conflitos, como uma comunica��o �tica, � uma ferramenta de constru��o social para a cultura do cuidado. E ela � responsabilidade de cada um de n�s e atende todos. � um processo constante e cotidiano, o que demanda da humanidade esfor�os de promo��o e de manuten��o.”

Mas o que � a cultura do cuidado? “A melhor defini��o sobre esse tema t�o atual e imprescind�vel para um mundo melhor foi dita pelo papa Francisco: ‘A cultura do cuidado, enquanto compromisso comum, solid�rio e participativo para proteger e promover a dignidade e o bem de todos, enquanto disposi��o a interessar-se, a prestar aten��o, disposi��o � compaix�o, � reconcilia��o e � cura, ao respeito m�tuo e ao acolhimento rec�proco, constitui uma via privilegiada para a constru��o da paz’.  Assim, a cultura do cuidado se aplica a todos, sem exce��o”, enfatiza.

Visibilidade aos invis�veis

Rita Andr�a Guimar�es pontua que a pandemia colocou todos diante de uma amea�a silenciosa e invis�vel. “O estado de alerta, a desconfian�a, o medo e a ang�stia se fizeram presentes. Ter sido evocado pelo outro, para al�m de uma vis�o emp�tica e solid�ria, aflorou o sentido de perten�a. Uma das muitas frases ditas na pandemia foi a de que ‘estamos todos no mesmo barco’, compartilhamos a ideia de risco e destino, encobrimento ao desamparo, uma constru��o de ideal para facilitar a travessia. Desse modo, reconhecer o mal-estar e romper a cultura da indiferen�a � quest�o de sobreviv�ncia, � sustentabilidade. E como bem disse o escritor portugu�s Jos� Saramago, precisamos lembrar que ‘n�s somos o outro do outro’. Essa � a ideia que pode e deve nos guiar.”

Respeito, empatia, compaix�o em tempos de misoginia, sexismo, preconceito, matan�a de LGBTQI+, feminic�dio, ataques � ra�a, gordofobia... Uma utopia? Para Rita Andr�a Guimar�es, um dos pensamentos �ticos mais importantes da contemporaneidade vem do fil�sofo franc�s Emmanuel L�vinas, e sua �tica da alteridade traz a sa�da. “Nascemos em um mundo de relacionamentos sociais, a rela��o com o outro � o in�cio de qualquer rela��o �tica. Estimular a ideia de interdepend�ncia das rela��es humanas, do elo social, a evoca��o do rosto do outro permite-nos revisitar o lugar do sujeito. E compreender que, para que os outros nos reconhe�am como pessoas, necessitamos reconhec�-los tamb�m. A �tica � condi��o para o estar no mundo do humano.”

ALTERIDADE Faz parte da cultura do cuidado a justi�a e a igualdade para todos os povos. “Dar visibilidade aos invis�veis � o primeiro passo. A media��o promotora do di�logo, express�o de uma comunica��o �tica, precisa se fazer presente neste tempo. A comunica��o implica o reconhecimento do outro. 

Dar voz e vez para aqueles que, silenciados pela crise geral, possam distinguir a necessidade de interesse, repensar seu lugar e o lugar do outro, o lugar social, profissional, afetivo e relacional. A busca de provis�o precisa ser interna para que se consiga pensar mais al�m do eu. Conjugar o n�s inclui o eu, mas n�o se encerra nele. O fio que borda a rela��o com o outro � tecido pela escuta e enla�ado pelo respeito �s diferen�as. A alteridade � uma pr�tica.”

A palestra de Rita Guimar�es jogar� luz sobre os idosos em um mundo que, mesmo envelhecendo, teima em ser jovem e propagar o etarismo. Rita cita o livro “Etarismo, um novo nome para um velho preconceito”. Segundo ela, a autora chama a aten��o para a desaten��o com comportamentos discriminat�rios �s pessoas de idade avan�ada, “sem nos darmos conta de quanto o preconceito permeia o tecido social. Vivemos a sociedade do espet�culo, como diz Guy Debord (escritor marxista franc�s)”, comenta. 

  “A exalta��o da juventude como a �nica idade digna de encarnar o ideal humano e a cultura da jovialidade estimula o sujeito a negar o envelhecimento, colabora para a segrega��o da popula��o idosa. Para al�m de todo estere�tipo, a ideia de proximidade do fim da vida � um confronto a ser evitado. Reconhecer o preconceito � o primeiro passo.” 

Rita destaca a abordagem de temas como discrimina��o, empatia e comunica��o n�o violenta, o est�mulo a trocas intergeracionais, o reconhecimento das fragilidades de nossa humanidade e as especificidades da velhice como naturais. “Precisamos convocar todos para trabalhar a conjugalidade do sujeito, fam�lia, sociedade e Estado. � como nos brindou M�rio Quintana no livro ‘O velho do espelho’: ‘Por acaso me surpreendo no espelho: quem � esse que me olha e � t�o mais velho do que eu?. Que me importa! Eu sou, ainda, aquele mesmo menino teimoso de sempre.”’

Servi�o


• Evento: 1º Congresso Intergeracional da Cultura do Cuidado
• Tema: O indiv�duo, a fam�lia, a sociedade e o Estado
• Data: at� 30 de julho
• Local: Centro de Apoio e Conviv�ncia (CAC), sob a chancela da Escola Superior Dom Helder C�mara
• Informa��es adicionais e programa��o: https://www.sympla.com.br


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