
A psiquiatra Priscila Dossi, especialista em inf�ncia e adolesc�ncia pela Unicamp, destaca a famosa 'birra de crian�a' - aquelas crises de choro e raiva que os pequenos demonstram, geralmente porque desejam muito alguma coisa e n�o podem ter. �s vezes, essas crises servem para chamar a aten��o, mas s�o passageiras. "As birras come�am por volta dos 10 meses e geralmente acabam bem antes dos 4 anos. Trata-se de um comportamento normal, n�o � um transtorno. Faz parte do processo de maturidade. Ent�o levar� um tempo para a crian�a entender o que � certo e errado.”
"Agora, quando se trata de transtorno opositor desafiador (TOD), estamos falando de uma crian�a que se op�e a tudo e a todos, sempre desafiando, "principalmente as figuras de autoridade. N�o aceita ordens, n�o respeita os sentimentos dos outros, n�o se responsabiliza pelos erros que cometeu e n�o tem medo de ser punida pelos pais ou respons�veis", explica a m�dica.

As crian�as com TOD, apesar de conseguirem se socializar bem, no geral tem uma dificuldade para fazer amigos e principalmente para manter essas amizades, porque as crian�as s�o mais impulsivas, s�o muitas vezes maldosas e n�o acatam regras
Priscila Dossi, m�dica psiquiatra, com especializa��o em inf�ncia e adolesc�ncia pela Unicamp
Priscila diz que � importante que os pais fiquem atentos, pois quando isso n�o � corrigido cedo, a crian�a, ao chegar na adolesc�ncia, poder� ter transtornos ainda maiores, inclusive podendo se envolver com m�s influ�ncias, uso de �lcool e drogas, e inicia��o na criminalidade.
O TOD, enfatiza a m�dica pediatra, faz parte dos Transtornos de Comportamento Desruptivos da inf�ncia, "se apresentando nos primeiros oito anos de vida, principalmente na idade escolar, podendo inclusive aparecer ou se intensificar na adolesc�ncia. O TOD ainda pode ser respons�vel por sentimento de vingan�a, hostilidade, teimosia, insubordina��o e raiva".
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Causas e sintomas do TOD
As causas do TOD n�o s�o exatas, mas podem ser uma consequ�ncia de combina��es entre predisposi��es neurobiol�gicas e gen�ticas, fatores de risco psicol�gicos e disfun��es no ambiente social ou familiar no qual a crian�a est� inserida. Apesar disso, ela pode se socializar, ter amigos e colegas da mesma faixa et�ria.
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Priscila Dossi completa: “As crian�as com TOD, apesar de conseguirem se socializar bem, no geral tem uma dificuldade para fazer amigos e principalmente para manter essas amizades, porque as crian�as s�o mais impulsivas, s�o muitas vezes maldosas e n�o acatam regras".
A pediatra chama a aten��o para a grande influ�ncia da parte ambiental e comportamental dos pr�prios pais em rela��o a crian�a: "Pais que s�o muito inconsistentes entre si, pais que n�o tem atitudes conjuntas em rela��o a crian�a, acabam propiciando um ambiente em que a crian�a se tornar� cada vez mais opositora", enfatiza a m�dica.
Priscila Dossi completa: “As crian�as com TOD, apesar de conseguirem se socializar bem, no geral tem uma dificuldade para fazer amigos e principalmente para manter essas amizades, porque as crian�as s�o mais impulsivas, s�o muitas vezes maldosas e n�o acatam regras".
A pediatra chama a aten��o para a grande influ�ncia da parte ambiental e comportamental dos pr�prios pais em rela��o a crian�a: "Pais que s�o muito inconsistentes entre si, pais que n�o tem atitudes conjuntas em rela��o a crian�a, acabam propiciando um ambiente em que a crian�a se tornar� cada vez mais opositora", enfatiza a m�dica.
Priscila Dossi alerta que "os pais precisam estar unidos, ter uma conex�o de pensamentos e uma organiza��o na educa��o para que a crian�a compreenda exatamente o que fazer e como deve ser feito".

Diagn�stico e tratamento do TOD
Priscila Dossi explica que o diagn�stico � feito por crit�rios cl�nicos. � determinado quando a crian�a apresenta alguns dos sintomas j� descritos, como irritabilidade, postura desafiadora, argumentativa e descumprimento de regras, sendo estes persistentes por pelo menos seis meses.
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Influ�ncia do ambiente
Priscila Dossi, novamente, ressalta a quest�o ambiental: “Em consultas recentes, venho constatando claramente que a quest�o da inconsist�ncia dos pais � algo urgente e que precisa ser resolvido. � muito comum as situa��es em que um dos pais acaba desautorizando o outro na frente da crian�a. Por exemplo, quando a crian�a pede para que a m�e a deixe ficar no celular na hora do almo�o ou antes de fazer as tarefas escolares, e a m�e diz n�o, ent�o a crian�a vai e pede a mesma coisa para o pai, que diz sim, autorizando o filho a fazer aquilo que a m�e proibiu. Como a crian�a vai respeitar a figura de autoridade em uma situa��o como essa?".
A especialista acrescenta que essa din�mica dos pais s� ajuda a piorar o problema e, principalmente nesse caso, os pais precisam buscar uma terapia espec�fica para o casal. "Na minha opini�o, esse � o ponto principal: a inconsist�ncia dos pais na educa��o dos filhos com TOD. De nada adianta tratar a crian�a se os pais n�o passarem por um tratamento tamb�m.”