(none) || (none)
Publicidade

Estado de Minas COVID-19

Quando chegar� nova gera��o de vacinas que protegem mais contra variantes

O surgimento imprevis�vel de novas linhagens do coronav�rus atrapalha o planejamento das pr�ximas campanhas de vacina��o. Como cientistas est�o lidando com isso e quais s�o as poss�veis solu��es?


14/07/2022 16:33 - atualizado 14/07/2022 17:30

Cientista segurando vidro de vacina
Ag�ncia regulat�ria dos EUA anunciou recentemente que futuras doses de refor�o devem proteger contra as linhagens BA.4 e BA.5 (foto: Getty Images)

Depois de um ano e meio de campanha, as vacinas contra a covid-19 devem ser finalmente atualizadas para combater as sublinhagens da variante �micron, como a BA.1, a BA.4 e a BA.5.

 

A expectativa � que elas comecem a ficar dispon�veis a partir de setembro ou outubro de 2022, segundo o planejamento das ag�ncias regulat�rias e de farmac�uticas como a Moderna e a Pfizer, que produzem os imunizantes j� aprovados e utilizados em larga escala em boa parte do mundo.

"� extremamente desej�vel e necess�rio que tenhamos novas vacinas contra a covid", considera o pediatra e infectologista Renato Kfouri, diretor da Sociedade Brasileira de Imuniza��es (SBIm).

 

 

 

Na pr�tica, o processo de atualizar as doses � mais complicado e desafiador do que se imaginava a princ�pio.

 

A principal barreira foi o surgimento r�pido e imprevis�vel de novas variantes do Sars-CoV-2, o coronav�rus respons�vel pela pandemia atual — no ano passado, quando os cientistas estavam trabalhando no desenvolvimento de uma vacina para combater a linhagem alfa e beta, por exemplo, a delta j� havia se tornado o problema da vez.

 

Mas a boa not�cia � que as vacinas dispon�veis, aplicadas em tr�s ou quatro doses, a depender da faixa et�ria e das condi��es de sa�de, continuam a proteger bem contra as formas mais graves de COVID, relacionadas � hospitaliza��o, intuba��o e morte.

 

A BBC News Brasil conversou com especialistas para entender todos os percal�os e quais s�o as poss�veis solu��es para aumentar a prote��o das pessoas contra a COVID-19 daqui em diante.

Etapas que n�o podem ser puladas

Em dezembro de 2020, quando as primeiras vacinas estavam prestes a ficar prontas, uma das informa��es que mais circularam tinha a ver com a eventual facilidade de atualizar as doses.

 

"No in�cio, se falava que esse processo seria bem r�pido e, em cerca de 20 dias, a gente teria novos imunizantes", lembra a m�dica e epidemiologista Denise Garrett, vice-presidente do Instituto Sabin de Vacinas, nos Estados Unidos.

 

"Com o passar do tempo, vimos que n�o era bem por a�."

O processo de modificar a formula��o n�o � t�o complicado assim. Nas vacinas de mRNA (como as de Pfizer e Moderna) e nas de vetor viral (como as de AstraZeneca e Janssen), basta modificar a sequ�ncia de genes que "ensina" nosso pr�prio organismo a produzir a esp�cula (ou prote�na S), estrutura que fica na superf�cie do coronav�rus e se encaixa nos receptores das c�lulas para dar in�cio � infec��o.

 

Vale lembrar aqui que essa primeira gera��o de imunizantes foi desenvolvida com base no v�rus "original", detectado na cidade de Wuhan, na China, a partir do final de 2019.

 

A esp�cula � a parte do v�rus que sofreu mais muta��es gen�ticas conforme as novas variantes foram aparecendo.

 

Esse processo, de "editar" a sequ�ncia de genes que est� na vacina, � realmente simples e pode ser feito em poucos dias no laborat�rio.

 

Mas � justamente na pr�xima etapa que aparecem os maiores entraves.

 

"As vacinas adaptadas precisam passar pelos testes cl�nicos para ver se elas funcionam, suscitam uma resposta imune e s�o igualmente seguras", detalha a m�dica Sue Ann Costa Clemens, diretora do Grupo de Vacinas Oxford-Brasil, no Reino Unido.

 

"Se todos esses resultados forem satisfat�rios, entramos na fase regulat�ria, em que as ag�ncias dos pa�ses analisam os dados e decidem se as vacinas ser�o liberadas para uso", complementa a especialista, que tamb�m � chefe do Instituto de Sa�de Global da Universidade de Siena, na It�lia.

 

Na melhor das hip�teses, se todo esse processo for feito com agilidade, deve demorar ao menos alguns meses para ser conclu�do — e isso sem contar o tempo necess�rio para a produ��o e a distribui��o das milh�es de doses do produto.

 

A grande quest�o � que o coronav�rus trabalha numa velocidade completamente diferente: desde o aparecimento da variante �micron no final de 2021, v�rias sublinhagens ainda mais infecciosas e com capacidade de "driblar" a resposta imunol�gica surgiram em poucos meses.

 

S� no primeiro semestre de 2022, o mundo viu a BA.1 (a primeira vers�o da �micron) ser substitu�da como linhagem dominante pela BA.2 que, mais recentemente, foi superada por BA.4 e BA.5.

 

Al�m desse descompasso, as novas vers�es virais parecem estar ganhando atributos que ampliam a capacidade delas de escapar da resposta imune obtida por meio da vacina��o e de quadros anteriores de COVID — o n�mero de pessoas que est� se reinfectando pela segunda ou pela terceira vez aumenta a cada dia que passa.

 

Mas o que vir� a seguir? Qual ser� a futura variante ou sublinhagem de preocupa��o? Ningu�m sabe responder.


Coronavírus
Novas vers�es virais est�o cada vez mais infecciosas e com capacidade de escapar da resposta imune (foto: Getty Images)

Como resolver essa equa��o?

Temos, portanto, um problema de curto e de longo prazo. Nos pr�ximos meses, as farmac�uticas e as ag�ncias regulat�rias precisam discutir como acelerar esse processo de testes e aprova��o para ampliar a imunidade das pessoas mais suscet�veis aos efeitos da covid-19.

 

Nessa linha, a Food and Drug Administration (FDA), a ag�ncia regulat�ria dos Estados Unidos, parece ter dado um primeiro passo.

 

No final de junho, representantes do �rg�o determinaram que as doses de refor�o que ser�o usadas no pa�s a partir do outono (que se inicia em setembro no Hemisf�rio Norte) dever�o trazer algum tipo de prote��o contra as linhagens da �micron, de prefer�ncia contra a BA.4 e a BA.5.

 

Antes mesmo do an�ncio, algumas farmac�uticas j� estavam trabalhando para atualizar seus produtos.

A Moderna, por exemplo, anunciou recentemente que est� testando uma vacina capaz de proteger contra o coronav�rus "original" e tamb�m contra a BA.1.

 

Os �ltimos resultados divulgados pela empresa, que ainda precisam ser revisados por cientistas independentes, indicam que a nova vers�o do imunizante aumenta em duas vezes a produ��o de anticorpos neutralizantes contra a BA.1 em compara��o com as doses mais antigas.

 

A Pfizer � outra que tamb�m avan�a numa vacina atualizada contra a BA.1 — e os primeiros dados compartilhados pela companhia tamb�m indicam um ganho na resposta imunol�gica.

 

Os dois laborat�rios tamb�m dizem estar trabalhando, ainda num est�gio mais inicial, em formula��es espec�ficas para ampliar a prote��o contra a BA.4 e a BA.5. Nesse caso, os resultados devem demorar um pouco mais para sair.

 

Por ora, n�o h� qualquer perspectiva de quando essas doses atualizadas devem chegar ao Brasil.

Independentemente de como todo esse processo vai se desenrolar nos pr�ximos dois ou tr�s meses, parece ser consenso que � preciso encontrar formas de diminuir a vantagem do v�rus nessa corrida, de modo que as doses que ser�o utilizadas nas campanhas estejam mais pr�ximas da variante em circula��o naquele momento.

 

"O que precisamos para a vacina��o contra a covid � algo similar ao que temos contra a gripe, em que as autoridades de sa�de analisam e determinam as cepas do v�rus influenza que provavelmente v�o circular com mais intensidade na pr�xima temporada", prop�e Garrett.

 

"A partir da�, seria poss�vel produzir as vacinas sem que exista aquela necessidade de testes cl�nicos mais longos e todo o processo de aprova��o regulat�ria", complementa a m�dica.

Para que um cen�rio desses vire realidade, por�m, ser� preciso que a circula��o do coronav�rus fique mais est�vel.

"Estamos num cen�rio de completa imprevisibilidade, em que ainda n�o conseguimos prever qual variante vai circular nos pr�ximos meses", analisa Kfouri.

Pensar no presente de olho no futuro

Os especialistas entendem que usar vacinas bivalentes (que protegem contra o v�rus "original" e tamb�m contra a �micron, como proposto pelas farmac�uticas) pode at� ajudar a resolver o problema no curto prazo, mas o futuro da vacina��o passa necessariamente por outras solu��es mais abrangentes.

"Devemos mudar o nosso pensamento estrat�gico. N�o adianta apenas ficar adaptando as vacinas �s novas linhagens que surgirem", chama a aten��o Clemens, que tamb�m � consultora s�nior da Funda��o Bill e Melinda Gates.

"Precisamos desenvolver solu��es capazes de nos proteger n�o apenas do Sars-CoV-2, mas de toda a fam�lia dos coronav�rus, que t�m o potencial de causar outras pandemias no futuro", complementa a pesquisadora.


Profissional de saúde vacina criança
Vacinas contra a covid dispon�veis atualmente continuam a proteger contra as formas mais graves da doen�a (foto: Getty Images)

Esses projetos, que envolvem tecnologias como imunizantes de nanopart�culas ou solu��es aplicadas pelo nariz, est�o numa fase bem inicial, e resultados mais robustos s� devem sair daqui um ou dois anos.

Garrett cita a necessidade de o investimento massivo nessas pesquisas continuar a existir. "Criar vacinas � um neg�cio de alt�ssimo risco. As chances de uma candidata funcionar bem e ser aprovada � de 7%, na m�dia", calcula.

"Como falamos de algo muito arriscado e caro, os governos precisam fazer um alto investimento junto das companhias farmac�uticas. Porque sem um incentivo, essas empresas sozinhas n�o v�o bancar o risco", conta a m�dica.

 

Para ter ideia, o governo dos Estados Unidos investiu US$ 18 bilh�es (R$ 98 bilh�es) na Opera��o Warp Speed, que serviu de base para o desenvolvimento de vacinas e tratamentos contra a covid-19 — e auxiliou na cria��o dos imunizantes de Janssen, AstraZeneca e Moderna.

 

Enquanto essas ideias n�o viram realidade, � importante seguir a orienta��o das autoridades de sa�de e manter a vacina��o em dia.

 

Afinal, como mencionado anteriormente, as doses que temos � disposi��o continuam a proteger bem contra hospitaliza��o, intuba��o e morte relacionadas � infec��o pelo coronav�rus.

 

Por ora, o Minist�rio da Sa�de recomenda a aplica��o de uma quarta dose de vacina contra a covid em todo mundo com mais de 40 anos de idade e em indiv�duos com algum problema imunol�gico.

 

Dos 12 aos 39 anos, s�o preconizadas tr�s doses. J� para crian�as de 5 a 11 anos, o esquema inicial com duas doses continua a valer.

 

De acordo com o portal CoronavirusBra1, apenas 51% da popula��o brasileira tomou a terceira dose da vacina, que � considerada fundamental para proteger contra as formas mais graves de covid-19.

- Texto originalmente publicado em https://www.bbc.com/portuguese/geral-62128029

 

Sabia que a BBC est� tamb�m no Telegram? Inscreva-se no canal.

 

J� assistiu aos nossos novos v�deos no YouTube? Inscreva-se no nosso canal!


receba nossa newsletter

Comece o dia com as not�cias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)