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Estado de Minas ESCOLHA

Como � a decis�o de desligar aparelhos de algu�m com morte cerebral

Debate voltou � tona com o caso de garoto brit�nico que pode ter os aparelhos que o mant�m vivo desligados a pedido dos m�dicos. A fam�lia pede mais tempo


03/08/2022 09:26 - atualizado 03/08/2022 09:26

Hollie Dance e seu filho Archie
Archie, fotografado com sua m�e Hollie Dance, que pediu mais tempo para permitir que seu filho se recuperasse (foto: Hollie Dance)
O emblem�tico caso do garoto brit�nico Archie Battersbee, de 12 anos, � extremamente raro. Com uma les�o cerebral grav�ssima, ele pode ter desligado os aparelhos que o mant�m vivo. Pelo menos essa � a decis�o da equipe m�dica que cuida do menino. Mas essa decis�o gerou n�o apenas ang�stia para os familiares, mas muitos debates e batalhas na Justi�a.

Para um pequeno n�mero de crian�as que ficam gravemente doentes a cada ano, a medicina atinge seus limites, explica o professor Dominic Wilkinson, especialista em ï¿½tica m�dica e consultor neonatologista da Universidade de Oxford. "Para crian�as como Archie, os m�dicos n�o podem faz�-las melhorar, e t�cnicas e tecnologias m�dicas avan�adas podem acabar fazendo mais mal do que bem. �s vezes, tudo o que a medicina pode fazer � prolongar o inevit�vel."

 

Wilkinson diz que, na grande maioria dos casos, pais e m�dicos podem se unir para decidir sobre o que seria melhor para uma crian�a gravemente doente. �s vezes, as equipes podem precisar de ajuda externa para chegar a um acordo.

"Por exemplo, eles podem recorrer a um comit� de �tica cl�nica ou media��o independente, ou podem buscar uma segunda opini�o de especialistas em outros hospitais. Em uma pequena propor��o de casos, se pais e m�dicos n�o concordarem sobre o que seria melhor para uma crian�a presa a aparelhos em uma UTI, a coisa certa a fazer � pedir ajuda � Justi�a".

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A Justi�a n�o est� a priori do lado dos m�dicos ou dos pais. Em tese, se concentra exclusivamente no que seria melhor para a crian�a.

Para os m�dicos, seria do interesse da crian�a que o tratamento fosse paralisado. Para os pais deles, Archie ainda est� vivo. "Seu cora��o ainda est� batendo, ele segurou minha m�o e, como m�e, sei que ele ainda est� l�", disse a m�e dele, Hollie Dance. "At� que seja a vontade de Deus, n�o vou aceitar que ele v� embora. J� soube de milagres em que as pessoas t�m morte cerebral e voltam � vida."

O garoto passou meses no hospital, ligado a aparelhos, desde que foi encontrado inconsciente em sua casa em abril. Os m�dicos que o tratam no Royal London Hospital disseram que ele sofreu uma les�o cerebral t�o devastadora no momento do incidente que n�o h� como ele se recuperar.


Hollie Dance
A m�e de Archie, Hollie, diz que tem sido uma batalha tomar decis�es sobre os cuidados de seu filho (foto: BBC)

Os pais de Archie disseram que n�o entendem a pressa de desligar o suporte de vida. Ent�o, quem deve decidir se os cuidados m�dicos devem parar e como?


A professora de cuidados paliativos, Ilora Finlay, de Llandaff, espera que mediadores independentes possam ser consultados %u200B%u200Bno futuro, pois "o conflito n�o ajuda ningu�m". "Espero que tenhamos uma investiga��o sobre diferentes maneiras de lidar com esses casos muito, muito dif�ceis, para que haja uma media��o independente. Independente porque, se essa media��o for fornecida pelo hospital, ou pelos pais, um lado pode desconfiar do outro", disse � uma r�dio brit�nica. "A situa��o de conflito n�o ajuda ningu�m. Os pais n�o querem ir ao tribunal. Os m�dicos n�o querem ir ao tribunal. Os gestores n�o querem ir ao tribunal."


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Finlay disse estar preocupada que casos como o de Archie "estejam indo para a justi�a muito r�pido e muito cedo, e que precisamos de uma maneira alternativa de gerenciar a comunica��o entre os m�dicos e os pais e, �s vezes, tamb�m outros membros da fam�lia".

O que essa media��o independente pode fazer n�o est� muito claro.

Debate distorcido e enviesado

Daniel Sokol, especialista em �tica m�dica e advogado, disse que �s vezes os tribunais devem ser esse "juiz independente". Mas isso n�o impede a sociedade de fazer julgamentos.

"Quando esses casos chegam � imprensa e �s redes sociais, � pintada uma imagem distorcida, �s vezes unilateral, do que realmente est� acontecendo", disse Sokol. "Sem ler as decis�es judiciais ou conhecer todos os detalhes, as pessoas de repente se tornam especialistas em �tica m�dica, comentando agressivamente sobre os acertos e erros do caso, culpando os m�dicos, o hospital, os parentes ou quem tem uma posi��o diferente da sua."

Para Sokol, "isso pode causar danos reais �s pessoas e pode dissuadir os m�dicos de desafiar os pais no futuro, mesmo que estes possam tomar decis�es contr�rias aos interesses de pacientes vulner�veis.

No Brasil, os m�dicos devem seguir uma resolu��o do Conselho Federal de Medicina (CFM) para determinar se um paciente teve morte cerebral. "Os procedimentos para a determina��o da morte encef�lica devem ser iniciados em todos os pacientes que apresentem coma n�o perceptivo, aus�ncia de reatividade supraespinhal e apneia persistente", diz o texto.

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"O quadro cl�nico do paciente tamb�m deve apresentar todos os seguintes pr�-requisitos: presen�a de les�o encef�lica de causa conhecida e irrevers�vel; aus�ncia de fatores trat�veis que confundiriam o diagn�stico; tratamento e observa��o no hospital pelo per�odo m�nimo de seis horas; temperatura corporal superior a 35 graus; e satura��o arterial", aponta a resolu��o.

No caso de crian�as, por�m, os par�metros s�o um pouco diferentes, com um per�odo de observa��o maior sobre os indicadores que basear�o as decis�es a serem tomadas pelos m�dicos envolvidos no caso.

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