
De acordo com a Organiza��o Mundial de Sa�de (OMS), a var�ola dos macacos j� se espalhou por 92 pa�ses, provocando 35 mil diagn�sticos e 12 mortes. O Brasil � um dos pa�ses que t�m "tend�ncias preocupantes", segundo destacou Rosamund Lewis, l�der t�cnica da OMS no combate � monkeypox, j� que o n�mero de casos vem crescendo aceleradamente. A testagem para a doen�a ainda n�o � oferecida de forma ampla no pa�s e a vacina n�o est� dispon�vel por aqui.

"Os sintomas da monkeypox se assemelham ao de outras doen�as que evoluem com les�es vesicopustulosas como varicela-z�ster, herpes-z�ster, herpes simples, molusco infeccioso e rea��es al�rgicas. E tamb�m se confundem com infec��es sexualmente transmiss�veis (IST's), especialmente infec��o gonoc�cica, s�filis prim�ria ou secund�ria, cancr�ide, linfogranuloma ven�reo, granuloma inguinal. S� o exame pode dar o diagn�stico correto", explica a m�dica.
Melissa Valentini enfatiza que o diagn�stico precoce permite que o paciente siga as recomenda��es de isolamento. Por isso, o exame deve ser feito o quanto antes. Ela refor�a ainda que pessoas com erup��o cut�nea sugestiva devem ser investigadas e testadas para diagn�stico da monkeypox, mesmo que outros testes para diferentes doen�as tamb�m sejam positivos.
De acordo com a m�dica, al�m do isolamento por parte do paciente infectado, a testagem possibilita ainda o rastreio de contatos e a notifica��o �s autoridades sanit�rias. "O �nica maneira de conter a transmiss�o da var�ola do macaco � testando e rastreando os contatos pr�ximos. Os infectados precisam se isolar", alerta.
Entrevista: Melissa Valentini, infectologista do Grupo Pardini
Var�ola dos macacos: tira-d�vidas sobre a doen�a
Como se contrai a doen�a?
A transmiss�o do v�rus pode ocorrer de diferentes formas. A principal delas � pelo contato pr�ximo de pessoas infectadas com outras pessoas, atrav�s das les�es na pele ou objetos contaminados, como roupas e len��is. A transmiss�o pelo ar pode ocorrer quando o contato � muito pr�ximo, prolongado e sem o uso de m�scara. Contato f�sico �ntimo, como abra�os, beijos e contatos sexuais, podem transmitir o v�rus. Gr�vidas tamb�m podem transmitir o v�rus para os fetos.
Atrav�s do contato com o macaco � poss�vel contrair?
Os macacos n�o transmitem a doen�a. Na �frica, onde temos casos humanos desde a d�cada de 1970, a transmiss�o ocorre pelo contato com animais silvestres, sendo os roedores os principais respons�veis pela transmiss�o e n�o os macacos. O nome monkeypox (var�ola dos macacos) � decorrente do fato do v�rus ter sido descoberto em 1958, em col�nias de macacos mantidos para pesquisa na Dinamarca. Entretanto, estes n�o s�o hospedeiros usuais do v�rus e n�o s�o acometidos pela doen�a.
Quais s�o os principais sintomas?
No surto de 2022, a monkeypox tem se apresentado de forma diferente dos casos anteriormente descritos na �frica. Os principais sintomas s�o les�es na pele que podem ser ves�culas (bolhas), p�stulas (bolhas com pus), manchas e crostas, que podem aparecer em qualquer parte do corpo, inclusive nas �reas genitais, com poucas ou muitas les�es. Em alguns casos, pode haver dor e sangramento retal. Podem estar associados tamb�m a sintomas gerais como febre, dor de cabe�a, presen�a de �nguas, cansa�o e sintomas respirat�rios.
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A var�ola do macaco tem semelhan�a com outras doen�as como a herpes zoster, por exemplo? Se sim, com quais e como diferenci�-las?
A monkeypox evolui com les�es de pele em diferentes est�gios: ves�culas (bolhas), p�stulas (bolha com pus), manchas e crostas (casquinhas). Da mesma forma, muitas outras doen�as tamb�m evoluem com les�es vesicopustulosas como varicela-z�ster, herpes-z�ster, herpes simples, molusco infeccioso, infec��es na pele e rea��es al�rgicas podem ser confundidas com a doen�a. Como no surto atual, muitos pacientes t�m les�es na regi�o genital e anal, as infec��es sexualmente transmiss�veis (IST's), especialmente infec��o gonoc�cica, s�filis prim�ria ou secund�ria, cancr�ide, linfogranuloma ven�reo, granuloma inguinal. Para diferenciar as doen�as, o teste � o melhor caminho.
Quais os sintomas mais comuns, al�m das feridas?
Al�m das feridas, pode-se observar sintomas sist�micos como febre e dor de cabe�a, presen�a de �nguas, cansa�o, sintomas respirat�rios, edema no p�nis, dor de garganta, dor anal com sangramento tamb�m foram descritas.
Em caso de suspeita, quais medidas devem ser tomadas?
No caso de suspeita da doen�a, deve-se procurar assist�ncia m�dica para que sejam realizados testes laboratoriais para diagn�stico. Al�m disso, a pessoa deve cobrir as feridas (roupas ou gaze), evitar contato com outras pessoas e usar m�scara.
Existe algum m�todo de preven��o?
O principal caminho para a preven��o � o diagn�stico precoce e isolamento de todas as pessoas infectadas para reduzir a transmiss�o. Acredita-se que as vacinas para var�ola sejam eficazes na preven��o da monkeypox, entretanto, como esta doen�a est� erradicada no mundo, a vacina��o foi interrompida no final da d�cada de 1970. A vacina��o ap�s o contato com casos confirmados ou dos grupos de maior risco � tamb�m uma importante estrat�gia.
Depois de quanto tempo da infec��o come�am a aparecer os primeiros sintomas?
Nos estudos publicados, a m�dia de tempo entre o contato e o in�cio dos sintomas � de oito dias, mas pode variar de quatro a 21 dias.
A pessoa pode ter o v�rus e ser assintom�tica? N�o desenvolver nenhuma les�o ou ainda desenvolver outros sintomas como febre e g�nglios inchados?
J� h� casos descritos de pessoas assintom�ticas e de pessoas sem les�es de pele e com sintomas gerais. Mas n�o sabemos ainda se estas pessoas s�o capazes de transmitir o v�rus.
A pessoa deve entrar em isolamento a partir da suspeita? Por quanto tempo?
Sim, o isolamento � importante para reduzir o n�mero de casos e diminuir a transmiss�o. O isolamento s� pode ser interrompido depois que todas as les�es de pele desaparecerem, ca�rem as casquinhas e pele nova esteja sendo formada, o que demora cerca de duas a tr�s semanas.
Qual a seriedade da doen�a? Pode levar � morte?
No surto atual, a maior parte dos quadros � leve e n�o � necess�ria interna��o. A mortalidade � bem baixa, mas pode ocorrer em pacientes com a imunidade comprometida. Crian�as e gestantes tamb�m podem ter quadros mais graves.
Quando � recomendado fazer o teste? Qual teste deve ser feito? Como ele funciona?
As les�es tipo bolha e bolha com pus s�o os melhores materiais para coletar e fazer o exame de PCR. Assim que elas surgirem o teste j� pode ser realizado. A recomenda��o da Organiza��o Mundial da Sa�de (OMS) e da Organiza��o Pan-Americana da Sa�de (OPAS) � o diagn�stico molecular, um teste PCR, a exemplo da COVID-19, que permite mais agilidade e precis�o. A partir de amostras das les�es na pele, ele identifica a mol�cula de DNA do pat�geno, com especificidade e sensibilidade de quase 100%. O resultado sai em at� quatro dias corridos. No exame, s�o coletados dois tubos com amostras de duas les�es diferentes.
Depois de quanto tempo a pessoa para de transmitir a doen�a. Mesmo ainda apresentando les�es, � poss�vel n�o estar mais transmiss�vel?
A transmiss�o pode ocorrer enquanto houver les�es na pele.
Qual a taxa de transmiss�o da doen�a? Na COVID, um �nico infectado poderia contaminar umas seis pessoas. J� na var�ola do macaco qual � a taxa?
A taxa de transmiss�o, o RT para a monkeypox ainda n�o � conhecida, mas acredita-se que n�o seja t�o grande quanto a da COVID-19.
Hoje, qual a sua avalia��o sobre o quadro epidemiol�gico no Brasil em rela��o � var�ola dos macacos?
Acredito que estejamos no in�cio do surto e teremos muitos casos ainda. Neste momento, precisamos conscientizar a popula��o, especialmente a que tem maior chance de se contaminar, que, hoje, s�o as pessoas com m�ltiplos parceiros sexuais. Al�m dos profissionais de sa�de, para lembrarem da var�ola dos macacos como diagn�stico diferencial dessas outras doen�as.