
A morte � um dos maiores dilemas do ser humano. Fatal, misteriosa e com a d�vida de que ser� um ponto final ou apenas uma passagem para algo al�m-vida, a morte f�sica traz, na maioria das vezes, ang�stia. Mas n�o � assim para todos: pessoas que vivenciaram experi�ncias de quase morte ou psicod�licas, influenciadas por subst�ncias qu�micas, adquiriram uma sensa��o de paz quanto ao fim da vida.
A constata��o � de um estudo da Escola de Medicina da Universidade Johns Hopkins em Maryland, nos EUA, publicado na revista Plos One, nesta quarta-feira (24/8). A pesquisa com 3.192 pessoas que vivenciaram esses tipos de experi�ncia tamb�m mostrou que grande parte dos entrevistados tiveram uma esp�cie de revela��o sobre o
sentido e o prop�sito de viver.
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Para a an�lise, os pesquisadores distribu�ram uma chamada para pessoas que viveram as experi�ncias em an�ncios nos classificados de internet, boletins de empresas, postagens em blogs e redes sociais - inclusive em grupos de quase morte ou de usu�rios de drogas psicod�licas - e convites por e-mail para pessoas indicadas a eles.
Os que se inscreveram foram divididos em dois grupos: um de pessoas que experimentaram a quase morte sem uso de qualquer subst�ncia qu�mica (933 entrevistados) e outro com pessoas que tiveram experi�ncias psicod�licas (2.259 analisados) - inclusive quase morte - com uso de drogas, incluindo lis�rgico dietilamida �cida (LSD), psilocibina, ayahuasca ou N,N-dimetiltriptamina (DMT).
Aproximadamente 90% dos entrevistados demonstraram que a experi�ncia diminuiu o medo da morte e resultou em mudan�as positivas em rela��o ao fim da vida, como bem-estar pessoal ou satisfa��o. No grupo de pessoas que tiveram a experi�ncia sem drogas, a afirma��o foi de 88% e de 89% no grupo de uso de psicod�licos.
Al�m disso, o relat�rio afirma que grande parte dos dois grupos mostraram ter descoberto um significado pessoal, espiritual ou "perspic�cia psicol�gica" ap�s a experi�ncia. Cerca de 56% do grupo que tiveram a experi�ncia ap�s o uso de drogas afirma ter encontrado "algo ou algu�m que poderia chamar de Deus", ante a 48% do grupo sem drogas. No entanto, o grupo que n�o usou psicod�licos apresentou maior incid�ncia em terem tido "contato com pessoas que morreram".
Para Roland Griffiths, principal autor do estudo, a pesquisa revela que o uso cl�nico de psicod�licos pode auxiliar no tratamento de mudan�a de humor e auxiliar pessoas que est�o em estado de ansiedade pelo fim da vida - em casos terminais ou em caso de crises de p�nico com fator expressivo em medo de morrer.
"N�o apenas as caracter�sticas das experi�ncias psicod�licas podem ser semelhantes �s experi�ncias de quase morte, ambas s�o classificadas como entre as experi�ncias de vida mais significativas e ambas produzem diminui��es duradouras semelhantes no medo da morte e aumentos no bem-estar", detalha.
Question�rios espec�ficos analisaram sentimentos da experi�ncia e resultados dela
Cada grupo respondeu a um question�rio espec�fico criado pelos pesquisadores com perguntas de m�ltipla escolha, para descrever a dura��o da experi�ncia e se estavam ou n�o em risco de vida, e itens de resposta subjetiva, para que contassem com detalhes a experi�ncia e o contexto dela.
As perguntas de m�ltipla escolha foram baseadas em subescalas cognitiva, afetiva, paranormal e transcendental. A primeira avaliou at� que ponto a sensa��o de tempo e os pensamentos foram acelerados, se cenas do passado voltaram � mem�ria e se de repente eles pareciam "entender tudo".
Na parte afetiva, as perguntas avaliaram o aparecimento dos sentimentos de paz/alegria/uni�o e a percep��o de uma luz brilhante. J� na paranormal, as quest�es avalIaram se os sentidos estavam mais v�vidos do que o habitual, se pareciam estar cientes das coisas como por percep��o extrassensorial, vivenciavam cenas do futuro e se sentiam separados do corpo f�sico.
Por fim, nas quest�es de subescala transcendental os respondentes disseram se encontraram um ser ou presen�a m�stica, viram esp�ritos falecidos ou encontraram uma fronteira ou ponto sem retorno.
A mudan�a de atitude em rela��o � morte foi analisada em outras quest�es, nas quais os analisados responderam se "as perspectivas da minha pr�pria morte despertam ansiedade em mim", para avaliar o medo da morte, "a morte � uma entrada para um lugar de satisfa��o final", para avaliar o grau de satisfa��o com o fim da vida e se encontraram sentido de prop�sito.