
Em um artigo publicado na revista Nature Communications, os autores do estudo relataram que a chamada SpiN-Tec induz uma resposta robusta do sistema imunol�gico contra as variantes delta e �micron, al�m da cepa original.
vacina brasileira", conta Ricardo Gazzinelli, coordenador do CTVacinas e pesquisador da Fiocruz. "No minuto seguinte que a Anvisa aprovar os testes, vamos entrar com uma grande divulga��o", diz. A Ag�ncia Nacional de Vigil�ncia Sanit�ria precisa dar o aval para ensaios realizados com humanos, assim como a Comiss�o Nacional de �tica em Pesquisa (Conep), que j� autorizou o experimento. Gazzinelli diz que a documenta��o j� est� toda com o �rg�o, e os experimentos devem come�ar ainda este ano.
"Estamos com uma expectativa muito positiva, v�rias pessoas j� se manifestaram positivamente para os testes, entusiasmadas por ser umaNa primeira fase dos testes, ser�o 80 volunt�rios de 20 a 59 anos. Em seguida, entrar�o mais 400 pessoas acima de 59. Em todos os casos, os participantes t�m de esperar mais de seis meses depois de ter sido vacinado para COVID-19; n�o importando qual imunizante anterior foi utilizado. No ensaio cl�nico, por�m, os volunt�rios ter�o sido vacinados inicialmente com a subst�ncia da Astrazeneca.

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Combina��o
A combina��o das prote�nas deu origem a uma mol�cula que, no organismo, estimula a produ��o de linf�citos T, c�lulas do sistema de defesa especializadas em reconhecer o Sars-CoV-2 e destru�-lo. Um problema das vacinas atuais s�o as muta��es na spike, que dificultam a detec��o do v�rus e, consequentemente, reduzem a efic�cia das subst�ncias. Segundo Gazzinelli, o nucleocaps�deo � muito mais est�vel e, por isso, menos sujeito a varia��es. No estudo, a SpiN-Tec mostrou a mesma efic�cia contra as variantes delta e �micron que a verificada na cepa original, a Wuhan.
Sozinha, a vacina brasileira n�o induz a forma��o de anticorpos. Por�m, como dose de refor�o, a subst�ncia estimula a imunidade celular — resposta das c�lulas T e auxiliares — e a humoral, que produz as imunoglobulinas espec�ficas. Assim, a SpiN-Tec acaba atuando em duas frentes.
No artigo publicado na Nature Communications, os autores relatam o resultado dos estudos em camundongos, realizados em um laborat�rio da Faculdade de Medicina de Ribeir�o Preto da USP (FMPR-USP) com apoio da Funda��o de Amparo � Pesquisa do Estado de S�o Paulo (Fapesp). Os animais foram modificados geneticamente para expressar a prote�na ACE2 que, em humanos, � utilizada pela spike do Sars-CoV-2 para entrar nas c�lulas e, assim, come�ar o ciclo de replica��o. As cobaias tamb�m foram alteradas de forma a mimetizar a covid grave.
Os animais foram divididos em grupos: uma parte recebeu duas doses da SpiN-Tec com intervalo de 21 dias entre elas. Nos demais, os cientistas ministraram placebo. Passado um m�s, os camundongos foram expostos por via intranasal a uma alta carga do Sars-CoV-2, tanto na vers�o original quanto nas variantes beta, delta e �micron.
Prote��o
"No grupo que recebeu placebo, 100% dos animais infectados com a cepa de Wuhan ou com a delta morreram", contou � Ag�ncia Fapesp Juliana Castro, doutoranda orientada por Gazzinelli que realizou os testes pr�-cl�nicos. "J� os camundongos expostos � �micron n�o evolu�ram para �bito, mas desenvolveram uma patologia significativa no pulm�o. No grupo dos imunizados, todos os animais sobreviveram �s tr�s cepas e o tecido pulmonar estava muito mais preservado. Al�m disso, observamos uma redu��o na carga viral que variou entre 50 e 100 vezes."
Em um modelo de hamsters que mimetizaram a COVID-19 moderada, a vacina foi testada contra a variante original e a delta, tamb�m com sucesso. Os animais imunizados apresentaram uma carga viral 10 vezes inferior, al�m de menos danos pulmonares, comparados aos do grupo placebo. A subst�ncia tamb�m foi testada em coelhos e com sangue de convalescentes (pessoas que se recuperaram da covid-19), com a mesma efic�cia.
Segundo Nat�lia Salazar, pesquisadora do CTVacinas, a tecnologia utilizada na SpiN-Tec — a combina��o da prote�na recombinante com um adjuvante, que potencializa a resposta imune — � baseada na modifica��o gen�tica da bact�ria E.coli, que recebeu peda�os do genoma do Sars-CoV-2, produzindo, assim, a spike e o nucleocaps�deo. Ela explica que o m�todo poder� ser utilizado em outras doen�as. "Antes da pandemia, j� trabalh�vamos com essa tecnologia aplicada a doen�as como a leishmaniose e chagas. A urg�ncia provocada pelo aparecimento da covid-19 nos ajudou a desenvolver essa solu��o o mais rapidamente poss�vel", diz. Atualmente, a CTVacinas pesquisa, tamb�m, um imunizante para a monkeypox.