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Estado de Minas COVID-19

Desigualdade no uso das vacinas e fake news: falhas mortais da pandemia

Segundo a ag�ncia das Na��es Unidas, o mundo "nunca esteve t�o perto de acabar com a pandemia"


15/09/2022 08:44

Manifestação contra vacina para COVID-19
(foto: Elijah Nouvelage)

O �ltimo balan�o sobre as mortes em decorr�ncia da COVID-19 indica 1.315 �bitos. Um n�mero bem menor do que os registrados quando a Organiza��o Mundial da Sa�de (OMS) decretou que entr�vamos em uma pandemia - em mar�o de 2020, em m�dia, 12 mil pessoas perdiam a vida diariamente devido � infec��o pelo novo coronav�rus. Esse novo patamar da crise sanit�ria tem levado especialistas a avaliarem as li��es e os novos desafios frente ao Sars-CoV-2.

Segundo a ag�ncia das Na��es Unidas, o mundo "nunca esteve t�o perto de acabar com a pandemia". Por isso, a necessidade de juntar esfor�os para "vencer" a empreitada. Tamb�m nesta quarta-feira (14/9), uma comiss�o de especialistas da renomada revista The Lancet divulgou uma avalia��o extensa dos dois anos de crise sanit�ria. Para o grupo, "falhas generalizadas" de enfrentamento � COVID levaram a milh�es de mortes evit�veis - os autores estimam um total de 17,7 milh�es de �bitos, incluindo os n�o oficiais. A OMS registra 6,49 milh�es.

"O impressionante n�mero de v�timas humanas nos primeiros dois anos da pandemia de COVID-19 � uma profunda trag�dia e um enorme fracasso social em v�rios n�veis", avalia, em nota, Jeffrey Sachs, presidente da comiss�o e professor da Universidade de Columbia, nos Estados Unidos.

O tamb�m presidente da Rede de Solu��es para o Desenvolvimento Sustent�vel enfatiza a necessidade de enfrentarmos "duras verdades" relacionadas � forma como lidamos com a pandemia. "Muitos governos falharam em aderir �s normas b�sicas de racionalidade institucional e transpar�ncia; muitas pessoas protestaram contra precau��es b�sicas de sa�de p�blica, muitas vezes influenciadas por desinforma��o; e muitas na��es falharam em promover a colabora��o global para controlar a pandemia", lista.

Um dos fen�menos enfatizado pelo grupo � a desigualdade no enfrentamento � COVID-19, prejudicando consideravelmente os grupos mais vulner�veis. A atual situa��o da cobertura vacinal ilustra bem o cen�rio, segundo Maria Fernanda Espinosa, ex-presidente da Assembleia Geral da ONU e coautora da comiss�o. "Mais de um ano e meio desde que a primeira vacina foi administrada, a equidade global da vacina n�o foi alcan�ada. Nos pa�ses de alta renda, tr�s em cada quatro pessoas foram totalmente vacinadas, mas nos pa�ses de baixa renda, apenas uma em cada sete", detalha.

Leia tamb�m: Adicionar sal em alimentos � mesa aumenta em 28% o risco de morte

Tamb�m integrante do grupo, Salim S. Abdool Karim, da Universidade de Columbia, nos EUA, lembra que essas diferen�as regionais dificultam os avan�os rumo ao fim da crise sanit�ria. "Quanto mais r�pido o mundo puder agir para vacinar todos e fornecer apoio social e econ�mico, melhores ser�o as perspectivas de sair da emerg�ncia pand�mica e alcan�ar uma recupera��o econ�mica duradoura", diz.

Os especialistas defendem o compartilhamento de patentes e tecnologias como uma das medidas necess�rias para se chegar a esse patamar. "Todos os pa�ses permanecem cada vez mais vulner�veis a novos surtos de COVID-19 e futuras pandemias se n�o compartilharmos patentes e tecnologia de vacinas com fabricantes de vacinas em pa�ses menos ricos e fortalecermos iniciativas multilaterais que visam aumentar a equidade global de vacinas", justifica Espinosa.

O relat�rio tamb�m constata que a maioria dos governos nacionais estava despreparada e deu uma resposta "muito lenta" � dissemina��o do v�rus. Segundo a comiss�o, na Europa e nas Am�ricas, sistemas de sa�de p�blica desarticulados e resposta de pol�ticas p�blicas de baixa qualidade resultaram em mortes cumulativas em torno de 4 mil mortes por 1 milh�o, a mais alta de todas as regi�es da OMS. Preparada pela experi�ncia anterior com a epidemia de Sars de 2002, a regi�o do Pac�fico Ocidental, incluindo o Leste Asi�tico e a Oceania, adotou estrat�gias de supress�o relativamente bem-sucedidas, resultando em mortes cumulativas por milh�o em torno de 300.

Cr�ticas � ONU

Os autores tamb�m avaliaram como a ag�ncia das Na��es Unidas atuou no cen�rio pand�mico. Uma das cr�ticas � de que houve atraso por parte da OMS para declarar a ocorr�ncia de uma "emerg�ncia de sa�de p�blica de interesse internacional" e para reconhecer a transmiss�o a�rea do Sar-CoV-2. Essas falhas, avaliam os especialistas, concidiram com erros de governos nacionais em cooperar e coordenar protocolos de viagem, estrat�gias de teste, cadeias de suprimentos de commodities, relat�rios de dados sistemas e outras pol�ticas internacionais vitais para suprimir a pandemia.

Os especialistas recomendam a expans�o do Conselho Cient�fico da OMS para aplicar evid�ncias cient�ficas urgentes para prioridades de sa�de global, incluindo futuras doen�as infecciosas emergentes; e o estabelecimento de um Conselho de Sa�de Global da ag�ncia com representa��o em todas as suas seis regi�es. Tamb�m faz parte da lista de indica��es para se preparar para futuras amea�as sanit�rias o fortalecimento dos sistemas nacionais de sa�de, com a��es como melhora nos sistemas de vigil�ncia e de monitoramento.

Um editorial publicado na mesma edi��o da The Lancet afirma que "como a comiss�o demonstra, reavaliar e fortalecer as institui��es globais e o multilateralismo n�o apenas beneficiar� a resposta � COVID-19 e futuras doen�as infecciosas, mas tamb�m a qualquer crise que tenha ramifica��es globais". O texto enfatiza ainda que o trabalho desempenhado pelos especialistas "oferece outra oportunidade para insistir que os fracassos e as li��es dos �ltimos tr�s anos n�o s�o desperdi�ados, mas s�o usados construtivamente para construir sistemas de sa�de mais resilientes e sistemas pol�ticos mais fortes que apoiem a sa�de e o bem-estar das pessoas e do planeta durante o s�culo 21." 


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