
Em 2014, a Society on Thrombosis and Haemostasis (ISTH), instituiu o dia 13 de outubro como o Dia Mundial da Trombose, em refer�ncia � data de nascimento do m�dico, patologista, bi�logo e antrop�logo alem�o Rudolf Virchow, pioneiro na descri��o da fisiopatologia da trombose. Em 1856, ele escreveu o que se chama a tr�ade de Virchow, formada por conceitos como a estase sangu�nea, les�o do endot�lio e altera��o da prote�na de coagula��o - qualquer situa��o cl�nica ou cir�rgica que provoque altera��es em algum desses fatores aumenta a propens�o para a trombose.
� o que explica o patologista cl�nico e um dos diretores do Laborat�rio S�o Paulo, Daniel Dias Ribeiro. "Aproveitamos a data para fazer barulho sobre o tema. Alertar a popula��o sobre a alta incid�ncia da trombose, que � uma doen�a evit�vel, e tamb�m sobre as situa��es de risco", diz.
Ainda assusta o n�mero de pessoas que morrem em fun��o dessa complica��o em todo o mundo. Um em cada quatro pacientes morrem por trombose, doen�a que se manifesta quando ocorre a forma��o de co�gulos potencialmente fatais nas art�rias ou veias. Os co�gulos de sangue, normalmente, ocorrem nas veias da perna (Trombose Venosa Profunda - TVP), que podem se fragmentar e chegar atrav�s da circula��o at� os pulm�es e causar a embolia pulmonar.
A incid�ncia de trombose � de mil pessoas por 1 milh�o na popula��o mundial, segundo o m�dico. Em rela��o � trombose cerebral, s�o 10 a 20 casos por 1 milh�o por ano. Casos de trombose tamb�m podem acontecer em situa��es corriqueiras, como voos com mais de 8 horas de dura��o - 217 casos para 1 milh�o de pessoas. O uso de anticoncepcional oral - 5 mil casos para cada 1 milh�o de pessoas que usam o medicamento - tamb�m � uma situa��o favor�vel � doen�a.
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"Metade dos casos n�o s�o provocados por fatores de risco, mas a outra parte sim. � uma doen�a muito prevalente, a terceira causa de morte entre as complica��es cardiovasculares. Conhecendo em que momento o indiv�duo est� exposto a uma situa��o de risco para o aparecimento da trombose, � mais f�cil saber como proteg�-lo", orienta Daniel.
O problema tamb�m passou a ser lembrado com a pandemia. De acordo com o especialista, � consider�vel a ocorr�ncia de trombose nos pacientes que t�m casos graves da infec��o pelo coronav�rus, acometendo entre 20% a 30% das pessoas hospitalizadas que est�o em CTI. "A vacina��o � muito importante para impedir a ocorr�ncia do problema. Ter COVID grave traz muito mais riscos de ter trombose do que tomar vacina contra a doen�a", alerta Daniel Ribeiro.
Algumas doen�as, como o c�ncer, tamb�m s�o fatores de risco, al�m de certos tipos de cirurgia, especialmente os procedimentos para coloca��o de pr�tese de quadril, joelho, e as cirurgias oncol�gicas. "Pacientes com c�ncer tamb�m est�o mais sujeitos �s tromboses venosas ou arteriais em raz�o das cirurgias, interna��es, infec��es, tratamentos e de outros fatores espec�ficos da doen�a", explica o profissional.
Apesar das complica��es relacionadas, acrescenta o m�dico, a trombose pode ser prevenida. Com o diagn�stico no tempo indicado, o tratamento � eficiente, basicamente feito com a aplica��o de anticoagulantes. Daniel Ribeiro cita outras situa��es que podem levar � trombose: as interna��es hospitalares, uso de medica��es contendo estr�genos, acidentes e traumatismos, hist�rico familiar, imobiliza��o prolongada, obesidade, cirurgia, c�ncer, gesta��o, puerp�rio e tabagismo.
A Associa��o Brasileira de Hematologia, Hemoterapia e Terapia Celular (ABHH) lan�ou uma campanha com tr�s princ�pios norteadores acerca da patologia e formas de evitar os eventos tromb�ticos:
- Pacientes hospitalizados: cerca de 60% de todos os eventos tromb�ticos venosos ocorrem durante, ou nos 90 dias que se seguem a uma interna��o hospitalar. Por isso, representam uma das principais causas de morte intrahospitalar pass�vel de preven��o.
- Pacientes com c�ncer: pacientes com c�ncer apresentam maior risco de tromboses tanto venosas quanto arteriais. Al�m disso, as tromboses venosas em pacientes com c�ncer resultam em aumento da necessidade de interna��es e aumento da mortalidade, al�m de apresentarem maior risco de recorr�ncia.
- Pacientes com COVID-19: esses pacientes apresentam risco aumentado para tromboembolismo venoso, al�m de altera��es ainda n�o completamente compreendidas no balan�o hemost�tico local (pulm�es) e sist�mico. O reconhecimento deste risco � fundamental para o manejo intrahospitalar desses casos.

Entre os sinais e sintomas da trombose est�o: dor ou desconforto na panturrilha ou coxa, aumento da temperatura e incha�o da perna, p�s ou tornozelos, vermelhid�o e/ou palidez, sensa��es e/ou falta de ar, dor no peito (que pode piorar com a inspira��o), taquicardia, tontura e/ou desmaios.
Daniel Ribeiro lembra ainda as formas de preven��o: hidrata��o di�ria; n�o ficar sentado muito tempo (trabalho, viagens e p�s-cirurgias); fazer atividade f�sica pelo menos tr�s vezes por semana; preferir roupas e sapatos confort�veis; ter uma alimenta��o balanceada; evitar fumar e bebidas alco�licas.