Trombose nos homens: problema � mais frequente entre 50 e 69 anos

 

A trombose � uma doen�a considerada bastante comum, por�m grave. Trata-se da forma��o de co�gulos de sangue nas veias ou art�rias. Esses co�gulos s�o tamb�m conhecidos como trombos. Normalmente, a trombose venosa ocorre pela forma��o de co�gulos nas veias internas das pernas, o que chamamos de trombose venosa profunda (TVP). Mas as complica��es podem se espalhar para o restante do corpo, podendo ser fatal, como na situa��o em que o trombo vai parar no pulm�o e causa uma embolia pulmonar (EP). O termo “tromboembolismo venoso”, referido pela sigla TEV, � usado para definir a presen�a de uma trombose venosa profunda (TVP) e/ou embolia pulmonar (EP), j� que ambas decorrem da forma��o de um trombo nas veias.

 

 

Por sua vez, as tromboses arteriais em geral se formam nos pr�prios �rg�os, e t�m consequ�ncias ainda mais dram�ticas, como os infartos e os acidentes vasculares isqu�micos cerebrais (AVC), popularmente conhecidos como “derrames”. Por isso, para preservar a vida da pessoa com trombose, seja homem ou mulher, o tratamento precisa ser iniciado o quanto antes.

 

 

Para explicar o que � a trombose, em especial para indiv�duos do sexo masculino (notadamente mais resistentes �s visitas e exames m�dicos), Erich de Paula, hematologista, professor associado da Faculdade de Ci�ncias M�dicas da Universidade de Campinas (Unicamp) e membro da Sociedade Brasileira de Trombose e Hemostasia (SBTH), responde a 10 quest�es sobre a doen�a.

 

As especialidades m�dicas que normalmente fazem o diagn�stico do TEV s�o a medicina de emerg�ncia, feita pelos profissionais emergencistas que est�o nos pronto-socorros, o cirurgi�o vascular, o cardiologista, o hematologista ou qualquer m�dico que atua em UTIs. De fato, a suspeita do diagn�stico de trombose � uma compet�ncia que todo m�dico que atende paciente deve possuir. Uma vez feita a suspeita diagn�stica de TEV, quem vai conduzir uma avalia��o mais detalhada �, em geral, o cirurgi�o vascular ou o hematologista.

Primeiramente, faz-se a suspeita diagn�stica pela apresenta��o cl�nica, isto �, um incha�o, dor ou vermelhid�o. Ap�s, � pedido um exame de imagem, pois h� necessidade de averiguar onde est� o trombo, isto �, o co�gulo de sangue. Se for na perna, um ultrassom; se for no pulm�o (embolia pulmonar), tomografia; e se for no f�gado, em geral, ultrassom ou tomografia. O diagn�stico do tromboembolism venoso – doen�a que � o foco de nossa campanha do Dia Mundial da Trombose, lembrado em 13 de outubro –, pode ser geralmente feito por ultrassom no caso da TVP, ou por tomografia no caso da EP.

A trombose acomete homens e mulheres. H�, por�m, uma diferen�a relacionada � faixa et�ria. Nas faixas mais jovens, as tromboses venosas s�o mais comuns nas mulheres, principalmente porque elas est�o expostas a fatores de risco importantes que os homens n�o est�o: o uso de horm�nios estr�genos em p�lulas anticoncepcionais e o ciclo de gesta��o e puerp�rio (per�odo de seis semanas ap�s o parto) que aumentam o risco de tromboembolismo venoso (TEV). A partir da menopausa, as mulheres deixam de ter essa exposi��o, motivo pelo qual acima de 50 anos de idade a frequ�ncia de trombose venosa passa a ser mais alta em homens. Por sua vez, a incid�ncia de trombose arterial � maior em homens durante toda a vida, com uma tend�ncia � redu��o da diferen�a acima dos 70 anos.

Dos 50 anos aos 69 anos, a trombose venosa, ou tromboembolismo venoso, passa a ser mais frequente em homens, e ainda n�o se sabe o porqu� de acometer mais pessoas do sexo masculino nessa faixa et�ria. E depois dos 70 anos, os registros de trombose s�o parecidos entre homens e mulheres. Outro fato importante � que se uma pessoa que j� teve um tromboembolismo venoso (TEV) for do sexo masculino, sua chance de recorr�ncia (isto �, de uma nova trombose) � mais alta, e isso ocorre em todas as faixas et�rias.  Como j� mencionado, as tromboses arteriais s�o mais frequentes e mais precoces em homens, como em casos de infarto e AVC. Os motivos por que o TEV � mais frequente em homens a partir dos 50 anos, bem como a maior tend�ncia a apresentar uma nova trombose observada em homens, � desconhecido, havendo v�rias hip�teses ainda n�o confirmadas.

Os fatores de risco para homens terem tromboembolismo venoso (TEV) s�o o mesmos para as mulheres: imobiliza��o prolongada em interna��es e viagens com mais de 4 a 6 horas, o c�ncer, doen�as inflamat�rias, cirurgias e algumas altera��es gen�ticas. O tabagismo e a obesidade tamb�m s�o outros fatores que aumentam o risco de TEV. Ainda h� o uso de horm�nios estr�genos, em geral pelas mulheres por meio de anticoncepcionais. No entanto, em mulheres trans (identificadas no nascimento como do sexo masculino e que fazem a transi��o para o feminino), o uso de estr�genos leva a um aumento no risco de trombose venosa. Importante destacar que, de longe, a principal causa de TEV s�o as interna��es hospitalares, em particular devido � imobiliza��o. Nesses casos, o uso de medidas de preven��o pode reduzir muito a ocorr�ncia dessas tromboses.  

Assim como as mulheres, h� homens que t�m predisposi��o a ter trombose venosa. No entanto, isso ocorre de forma semelhante entre os sexos, j� que as altera��es gen�ticas que aumentam a probabilidade de ter a doen�a n�o est�o relacionadas, em sua maioria, a genes localizados nos cromossomos X (mulher) ou Y (homem).

Os sintomas da trombose venosa em homens s�o os mesmos que nas mulheres. Se for na perna, h� incha�o unilateral e assim�trico, isto �, uma das pernas fica mais volumosa que a outra. A perna tamb�m pode ficar mais quente e vermelha, podendo surgir varizes. Esses s�o sintomas, portanto, de trombose venosa profunda (TVP) de perna. J� os sintomas de embolia pulmonar s�o dor no peito, falta de ar e, em raros casos, � preciso frisar, tosse e expectora��o de sangue.

Para quem nunca teve trombose venosa, e isso � v�lido para homens e mulheres, antes de mais nada � preciso conhecer os fatores de risco. Saber que quando se � internado em um hospital ou ap�s longas viagens h� um aumento da chance de ter a doen�a. Isso tamb�m ocorre em indiv�duos com c�ncer. Conhecer esses fatores � importante, pois permite que seja estabelecido um di�logo com o seu m�dico sobre as melhores estrat�gias de preven��o, que podem incluir, por exemplo, o uso de meias el�sticas durante uma viagem ou medicamentos espec�ficos durante uma interna��o. O paciente pode e deve conversar com seu m�dico sobre esse tema.

 

J� para quem teve trombose venosa, h� diferen�as importantes quanto � preven��o. Para esses indiv�duos, o tratamento usual de uma trombose venosa logo ap�s seu diagn�stico inclui em geral medicamentos anticoagulantes por tr�s a seis meses. Ap�s esse per�odo, o m�dico avalia se deve-se seguir ou parar o tratamento. Na maioria dos casos, ele � parado, em particular quando a causa da trombose n�o mais existe (por exemplo, uma TVP ap�s uma interna��o). Por�m, essa avalia��o envolve muitos fatores e alguns poucos exames laboratoriais. Importante destacar que se a pessoa for do sexo masculino, o risco de uma nova trombose venosa � maior. Ent�o, isso tamb�m � levado em conta quando da decis�o m�dica sobre uma eventual continuidade do tratamento com anticoagulantes.

Os tratamentos s�o iguais para homens e mulheres. O que muda apenas � que quando estratificamos o risco para definir a dura��o do tratamento, o fato de o paciente ser do sexo masculino � considerado um fator de risco para uma segunda trombose. Isto n�o quer dizer que todo homem que apresentou uma TEV deve usar anticoagulante por mais tempo, mas com certeza esse � um fator de risco que levamos em conta. Em 13 de outubro, � comemorado o Dia Mundial da Trombose, que tem como objetivo aumentar a consci�ncia sobre a trombose entre profissionais da sa�de, pacientes e entidades do governo e do terceiro setor. No entanto, devemos estar em alerta para essa afec��o todos os dias. Em �mbito global, a campanha desta efem�ride � liderada pela Sociedade Internacional de Trombose e Hemostasia (SITH) e, no Brasil, por entidades m�dicas, entre as quais se destaca a Sociedade Brasileira de Trombose e Hemostasia (SBTH). Para saber mais, acesse https://www.worldthrombosisday.org/ e o site da SBTH: https://www.sbth.org.br/.