
Um abra�o de saudade, de amor, de carinho, de amizade ou de acolhimento pode parecer apenas uma simples atitude de gratid�o ou uma demonstra��o de afeto corriqueiro. No entanto, esse comportamento quase autom�tico, que passa despercebido na correria do nosso dia a dia, pode beneficiar as rela��es e privilegiar o equil�brio emocional.
J� dizia Gilberto Gil, em sua can��o de 1969 “Aquele Abra�o”, o quanto um abra�o � bom. Segundo a psicanalista Andr�a Ladislau, muitas vezes, estar perdido em um abra�o nos faz sentir aquecidos, acolhidos e pode aplacar medos e inseguran�a. “Esse poder do abra�o desperta positividade que acessa nossas emo��es de maneira terap�utica”, comenta.
Trazendo esse carinho para o in�cio de nossa caminhada enquanto seres humanos, a especialista explica que podemos avaliar a essencialidade do carinho desde crian�a. “Os beb�s precisam do abra�o e aconchego das m�es para se encaixar em um crescimento saud�vel. Por�m, estudos evidenciam que crian�as que n�o receberam esse afeto constante desenvolveram dist�rbios psicol�gicos consider�veis e carregaram para a vida adulta muitos complexos e gatilhos negativos, principalmente no �mbito da constru��o de suas rela��es interpessoais.
BENEF�CIOS Nesse sentido, ela afirma que s�o in�meros os benef�cios do abra�o mapeados psiquicamente para o indiv�duo: a promo��o do bem-estar; a instala��o de uma linguagem comunicativa para as emo��es internas; prote��o; acolhimento; demonstra��o de afeto, carinho e amor; diminui��o do estresse; al�vio da ansiedade; preven��o contra depress�o e p�nico; est�mulo ao aumento da imunidade, fortalecendo o sistema imunol�gico, redu��o dos riscos de doen�as f�sicas e emocionais, uma vez que o h�bito de receber ou dar um abra�o provoca a libera��o do horm�nio ocitocina (horm�nio do amor e do bem-estar f�sico e emocional), redu��o dos n�veis de cortisol (horm�nio do estresse) no organismo; indu��o � paci�ncia; libera��o de dopamina, respons�vel pelo bom humor e motiva��o. “Como se v�, os estados de ansiedade e depress�o tendem a ser reduzidos por um abra�o caloroso, recebido com mais frequ�ncia, transmitindo confian�a e carinho.”
O fato � que cultivar abra�os, bons relacionamentos, seguran�a e afeto sempre ser� bom para a sa�de de todo e qualquer indiv�duo, independentemente da idade ou fase da vida, mesmo porque essa comunica��o de carinho n�o precisa de palavras.
TOQUE Voc� j� pensou quantas vezes j� recebeu um abra�o que disse muito mais que mil palavras? O toque � uma impress�o favor�vel e amig�vel de atitudes altru�stas e intensas que podem, inclusive, salvar vidas.
De acordo com a psicanalista, � fundamental resgatar a autoestima de pessoas que est�o tristes, perdidas e sem qualquer perspectiva de futuro, “talvez pensando at� em eliminar sua dor interna atrav�s de atitudes definitivas como a retirada da vida”.
Enfim, dentro de um abra�o despretensioso cabe muito amor e muitos benef�cios importantes para nossa sa�de f�sica e mental. “Quando abra�amos algu�m, estamos falando, verbalizando um desejo ou um querer sem pronunciar uma s� palavra”, acrescenta.
E quem recebe esse toque vai ressignificar internamente de acordo com o que possa estar vivenciando naquele momento. “Portanto, ofere�a o seu abra�o. Quanto mais, melhor, e o encare como um rem�dio perfeito contra as dores da alma e do corpo.”

Especialistas explicam como se cuidar
Maria Irenilda Pereira
A sa�de mental ganhou destaque mundial ap�s a norte-americana Simone Biles, fen�meno da gin�stica art�stica e dona de mais 30 medalhas em mundiais e Olimp�adas, abandonar competi��es em T�quio a favor de seu bem-estar. �s v�speras do Dia Mundial da Sa�de Mental, lembrado nesta segunda-feira (10/10), por que n�o falar sobre sa�de mental e como podemos cuidar dela?
Segundo a Organiza��o Mundial da Sa�de (OMS), o conceito de uma pessoa saud�vel � bem mais que a simples aus�ncia de doen�a; deve ser um completo estado de bem-estar f�sico, mental e social.
Para a OMS, sa�de mental � um estado de bem-estar no qual o indiv�duo � capaz de usar suas pr�prias habilidades, recuperar-se do estresse rotineiro, ser produtivo e contribuir com a sua comunidade.
Crise de ansiedade, ataque de p�nico e depress�o, os diagn�sticos t�m se tornado cada vez mais comuns em consult�rios.
Relat�rio da OMS apresentado em 2017 revelou que a depress�o afeta 322 milh�es de pessoas no mundo, quase metade da popula��o de toda a Europa. O mesmo estudo aponta que outros 300 milh�es sofrem de algum tipo de transtorno de ansiedade. No Brasil, os n�meros chegam a 11,5 milh�es.
Em 2030, a depress�o ser� a doen�a mais comum, de acordo com o �rg�o. Mas, afinal, o que tem provocado essa epidemia de transtornos psicol�gicos?
Os males da cabe�a s�o democr�ticos. Todos n�s estamos suscet�veis a desenvolver algum tipo de transtorno psicol�gico ao longo da vida, independentemente de idade, g�nero, ra�a ou classe social.
No entanto, segundo a OMS, o risco de algu�m ficar deprimido aumenta com a pobreza, o desemprego e com algum fato da vida, como a morte de um parente ou amigo, o fim de um relacionamento, debilita��o f�sica ou problemas causados pelo consumo de �lcool ou drogas.
Casos dispararam na pandemia
A pandemia de COVID-19 tamb�m fez os casos de dist�rbios mentais dispararem. No Brasil, pesquisa do Minist�rio da Sa�de, realizada com mais de 17 mil pessoas, mostrou que 86,5% dos entrevistados apresentavam quadro de ansiedade.
Na contram�o do aumento de doen�as mentais est� o acolhimento. Falta n�o s� apoio �s pessoas que sofrem de transtornos psicol�gicos, como tamb�m o mundo tem d�ficit de profissionais especializados na �rea.
Estudo feito pela Organiza��o Mundial da Sa�de em pa�ses de renda baixa revelou que a taxa de trabalhadores do setor chega a ser de apenas dois para cada 100 mil pessoas.
No Brasil, o Sistema �nico de Sa�de (SUS) oferece tratamento gratuito para ansiedade, depress�o e outros problemas psicol�gicos. Por�m, na rede p�blica tamb�m faltam profissionais especializados.
Ansiedade, depress�o e todos os problemas psicol�gicos t�m tratamento. Fique atento a voc� e �s pessoas ao seu redor. Se o di�logo e o acolhimento n�o resolverem, procure ajuda de profissionais especializados. Fique bem!
Voc� sabia que…
» Existem “abra�adores profissionais”, tamb�m conhecidos como “professional cuddlers”. Eles est�o na internet pelo menos desde 2015
» A atitude funciona como a venda de um servi�o. Os pre�os, obviamente, variam conforme o
pa�s em que o cliente est� e os profissionais contratados
» Associa��es dos Estados Unidos e Canad� falam em um pagamento m�dio de US$ 85 por hora
» Cuddler significa carinho, car�cia, afeto, mimo, afago
» O contato f�sico est� relacionado � libera��o de um horm�nio chamado ocitocina, o horm�nio do amor
» Socioemocionalmente, essa mol�cula est� associada a uma redu��o nos n�veis de estresse, maior conex�o entre casais, pais e filhos e maior comprometimento �tico e moral dentro de grupos