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Estado de Minas

Voc� sabe por que idosos t�m menos febre? Entenda os motivos

Mudan�as no organismo e a pr�pria dificuldade em medir adequadamente a temperatura influenciam nos resultados e podem mascarar o sinal de algo mais s�rio


24/10/2022 09:26 - atualizado 24/10/2022 09:31
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Pessoa segurando termômetro
Nos idosos, febre pode come�ar num patamar de temperatura mais baixo (foto: Getty Images)


Na verdade, n�o � que idosos tenham menos febre. Por�m, como eles possuem naturalmente um corpo "mais frio", o aumento da temperatura corporal muitas vezes n�o � percebido ou encarado como um sintoma de algo mais s�rio nessa faixa et�ria.

 

Conforme envelhecemos, a temperatura m�dia do organismo costuma ficar mais baixa — a diferen�a pode chegar a 1ºC em rela��o aos adultos e adolescentes.

Ou seja: se o indiv�duo mais velho fica normalmente com 36ºC e, num certo dia, passa para 37,1ºC, isso j� pode representar um quadro febril — mesmo que o diagn�stico da febre s� aconte�a na casa dos 38ºC nos mais jovens.

 

Leia tamb�m: Quiropraxia: cura natural remonta a Hip�crates

 

Essa confus�o, por sua vez, pode atrapalhar e atrasar o diagn�stico de doen�as comuns ou mais graves a partir da sexta d�cada de vida, como infec��es urin�rias e pneumonias.

 

Ao contr�rio do que acontece com as crian�as, portanto, a febre n�o deve ser vista como o principal sintoma entre os mais velhos, apontam os geriatras ouvidos pela BBC News Brasil.

 

 

 

Nesse grupo, inc�modos como prostra��o, dificuldade de equil�brio, confus�o mental e quedas frequentes podem ser os primeiros ind�cios de uma enfermidade.

 

Ficar atento a esses e a outros sinais, al�m de monitorar a temperatura de tempos em tempos, s�o sa�das para fazer a detec��o precoce de diversos problemas e iniciar um tratamento.

 

Mas por que essa mudan�a na temperatura acontece?

Term�metro em baixa

Dois artigos publicados pela Santa Casa de S�o Paulo em 2010 investigaram a fundo essa quest�o.

 

Ao analisar centenas de registros, os pesquisadores conclu�ram que a temperatura m�dia de um adulto jovem saud�vel � de 37ºC — e esse padr�o de normalidade varia entre 36,3ºC e 37,5ºC.

 

J� nos idosos, a m�dia fica em 36,1ºC, com uma varia��o de 0,21ºC para mais ou para menos.

 

Os estudos ainda destacam que ocorre um "decr�scimo de 0,15ºC na temperatura a cada d�cada de vida".

 

Mas o que est� por tr�s desse esfriamento natural do corpo? Os m�dicos explicam que h� tr�s motivos principais para isso.

 

O primeiro tem a ver com as pr�prias mudan�as naturais do envelhecimento: o metabolismo � reduzido, h� menos massa muscular, os vasos sangu�neos ficam mais apertados, o sistema nervoso perde um pouco da capacidade de reter calor…

 

"N�s temos uma esp�cie de termostato no hipot�lamo, uma das regi�es do c�rebro. � ele quem controla a nossa temperatura corporal", explica o geriatra Marcelo Altona, do Hospital Israelita Albert Einstein, em S�o Paulo.

 

"Ao longo do processo de envelhecimento, esse 'termostato natural' pode ficar alterado", complementa.


Ilustração do cérebro humano com destaque parao hipotálamo
O hipot�lamo (em vermelho na ilustra��o) faz o papel de 'termostato' do corpo humano (foto: Getty Images)

O m�dico Marco T�lio Cintra, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia, destaca que, muitas vezes, o hipot�lamo continua a funcionar direitinho durante o envelhecimento.

 

Nesses casos, a mudan�a na temperatura envolve a simples perda de calor para o ambiente.

 

"O idoso tem mais dificuldade em reter o calor no corpo, por mudan�as que acontecem na pele e nas c�lulas de gordura", acrescenta.

Em segundo lugar, esse grupo � mais frequentemente acometido por doen�as que afetam a regula��o da temperatura, como diabetes, dist�rbios neurol�gicos, desnutri��o e sarcopenia (perda progressiva de massa muscular).

 

Al�m disso, o uso de alguns medicamentos e a imobilidade relacionada a problemas de locomo��o tamb�m influenciam nesse processo.

Terceiro, a pr�pria dificuldade em medir a temperatura nessa faixa et�ria pode levar a resultados subestimados (quando o n�mero que aparece no term�metro � menor do que a realidade).

 

Isso acontece porque as �reas do corpo onde o term�metro feito de merc�rio � colocado se modificam com o passar dos anos.

 

Na axila, o excesso de suor, de dobras na pele e de gordura pode atrapalhar. O mesmo ocorre no ouvido, se h� um ac�mulo de cera no canal auditivo.

Na boca, a falta de alguns dentes, problemas com a saliva��o ou a pr�pria dificuldade de manter o term�metro est�vel s�o complicadores.

J� no �nus, a �ltima alternativa da lista, a barreira est� na falta de conveni�ncia de introduzir o instrumento ali.

 

Uma op��o s�o os aparelhos digitais mais modernos, que fazem a aferi��o na testa — mas eles s�o mais caros e � preciso ficar atento para trocar a bateria quando necess�rio.

Confus�es � vista

A dificuldade em medir adequadamente — ou a falta de conhecimento sobre qual � o limite normal da temperatura no envelhecimento — chegam a representar uma amea�a � sa�de. 

 

Isso porque um idoso pode estar com pneumonia ou outra doen�a grave e, por n�o estar com uma temperatura considerada alta, n�o passar por uma avalia��o m�dica.

 

Essa confus�o atrasa o diagn�stico de doen�as que, se detectadas no in�cio, teriam um tratamento menos invasivo e mais efetivo, como � o caso das pneumonias e das infec��es urin�rias.

 

"Ao contr�rio do que acontece com as crian�as, a febre n�o est� entre os principais sintomas de infec��o nos idosos. Muitas vezes, eles t�m a temperatura normal ou at� hipotermia", alerta Cintra.

 

"O cuidador e o pr�prio indiv�duo mais velho precisam ficar atentos a outros sinais, como prostra��o, altera��o de equil�brio, confus�o mental, tombos frequentes… Em muitos casos de infec��o urin�ria acima dos 60 anos, o �nico sinal � o aumento de acidentes e quedas", relata.

 

"Se a temperatura m�dia de um idoso � 35,5ºC ou 36ºC, e ele passa a ter 36,9ºC ou 37ºC, esse j� � um sinal de que ele precisa ser acompanhado mais de perto", pontua Altona.

 

"Em pessoas muito fr�geis ou com idades bem avan�adas, pequenas mudan�as nos sinais vitais, como na temperatura, na press�o arterial e nos batimentos card�acos, j� demandam alguns cuidados maiores", diz o especialista.


Profissional da saúde medindo a temperatura de um idoso
Fazer medi��es peri�dicas da temperatura %u2014 sempre no mesmo local do corpo %u2014 � uma maneira de saber qual a m�dia saud�vel e quando h� um quadro de febre (foto: Getty Images)

Uma orienta��o que pode ser �til para alguns indiv�duos envolve fazer um registro cont�nuo da temperatura.

 

Ao usar o term�metro uma vez por quinzena, ou uma vez por m�s, � poss�vel saber qual a temperatura m�dia saud�vel — e perceber quando o corpo est� mais quente do que o normal.

 

Ou seja: se o indiv�duo sempre est� com 36ºC e, em um certo dia, aparece com 37,2ºC, isso pode representar um sinal de alerta a depender do caso, mesmo que isso n�o seja considerado febre em outras faixas et�rias.

 

Mas Cintra pondera que esse monitoramento deve ser muito bem orientado e seguir � risca as orienta��es do profissional da sa�de e do fabricante do term�metro.

 

"Medir a febre a toda hora pode ser uma fonte desnecess�ria de estresse", aponta.

 

"Esse h�bito � �til em alguns casos, mas n�o est� indicado para todo mundo", completa.

 

Quando s�o sugeridas, essas medi��es regulares da temperatura devem ser realizadas sempre no mesmo local do corpo e com o mesmo aparelho, se poss�vel.

 

- Este texto foi publicado originalmente em https://www.bbc.com/portuguese/curiosidades-63318757


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