(none) || (none)
Publicidade

Estado de Minas ELEI��ES 2022

Estudo liga elei��o a infartos: 5 dicas para evitar

Eventos relacionados a uma alta carga de estresse podem afetar o sistema cardiovascular e provocar quadros graves, como infarto. Veja como prevenir.


29/10/2022 17:39 - atualizado 30/10/2022 11:01
683


Ilustração de um coração recortado e duas mãos
Exerc�cio, alimenta��o equilibrada e medita��o s�o maneiras de manter a sa�de e n�o 'estilha�ar' o cora��o (foto: Getty Images)

Entre os m�dicos, n�o h� d�vidas de que eventos muito estressantes — como elei��es presidenciais polarizadas — representam um fator de risco a mais para o cora��o e podem aumentar os casos de infarto e acidente vascular cerebral (AVC).

Pesquisas publicadas nos �ltimos anos mostram como o estresse impacta diretamente o sistema cardiovascular — e como vota��es recentes aumentaram a frequ�ncia de queixas no peito e buscas pelo pronto-socorro.

A boa not�cia � que d� para prevenir muitos desses casos: cardiologistas ouvidos pela BBC News Brasil contam que gerenciar o estresse, dormir bem, fazer atividade f�sica, evitar exageros e ficar atento aos sinais de algo mais s�rio s�o alguns fatores que podem evitar um estrago maior.

S� em 2020, 357 mil brasileiros morreram em decorr�ncia de doen�as circulat�rias. Essa � a maior causa de �bitos no pa�s.

Prepare o seu cora��o

A m�dica Roberta Saretta, gerente do Centro de Cardiologia do Hospital S�rio-Liban�s, na capital paulista, explica que uma das principais dificuldades em lidar com o estresse se deve ao fato de que n�o � poss�vel medir objetivamente esse fator de risco.

"O estresse n�o � como a press�o arterial, o colesterol ou o tabagismo, que a gente consegue mensurar por meio de exames", compara.

"Mas � ineg�vel que algumas pessoas v�o ter um impacto cardiovascular dessa sobrecarga emocional relacionada a um momento t�o complexo como esse que vivemos", diz.

A seguir, tr�s cardiologistas consultados pela BBC News Brasil destacam cinco atitudes que podem fazer a diferen�a para o cora��o antes, durante e ap�s as elei��es.


Urna eletrônica
Estresse relacionado ao resultado de uma elei��o pode refletir na sa�de cardiovascular, sugere estudo americano (foto: Getty Images)

1. Gerencie o estresse

"Antes de tudo, � preciso diferenciar as coisas sobre as quais temos controle e aquelas em que n�o d� para fazer algo. A partir da�, podemos focar naquilo que � poss�vel modificar", diferencia o cardiologista �lvaro Avezum, diretor do Centro Internacional de Pesquisa do Hospital Alem�o Oswaldo Cruz, em S�o Paulo.

O m�dico conta que existem muitas formas de gerenciar o estresse, a come�ar por pr�ticas como a medita��o e a aten��o plena. A meta delas � focar no presente, no aqui e no agora, e deixar de remoer problemas do passado ou do futuro.

"Temos evid�ncias de que indiv�duos que meditam liberam menos adrenalina, apresentam uma press�o arterial e uma frequ�ncia card�aca mais baixas e lidam melhor com o estresse do dia a dia", enumera.

Estabelecer momentos para ver not�cias ou entrar em redes sociais tamb�m pode ajudar bastante.

"Precisamos nos desligar um pouco. Ficar o tempo todo conectado, ainda mais em momentos de disputa t�o acirrada, vai trazer danos � sa�de", alerta Piscopo.

Em casos mais graves, quando o estresse j� passou de todos os limites, pode ser necess�rio partir para tratamentos espec�ficos, como a psicoterapia ou o uso de rem�dios que aliviam a carga emocional prescritos por um psiquiatra.

2. Durma bem

O Centro de Controle e Preven��o de Doen�as (CDC) dos Estados Unidos aponta que noites de sono de m� qualidade est�o relacionadas a problemas como press�o alta, diabetes tipo 2 e obesidade — fatores que, por sua vez, afetam diretamente o cora��o.

No curto prazo, dormir mal tamb�m eleva o cansa�o e a irritabilidade. Pode reparar: se voc� n�o descansa as horas necess�rias na noite anterior, o dia n�o rende e tende a ser pouco proveitoso.

"Dormir bem nesses pr�ximos dias � uma maneira de encontrar equil�brio", constata Saretta.

Mas o que isso significa na pr�tica? Aqui, � preciso pensar na quantidade e na qualidade.

No geral, adultos precisam de ao menos 7 horas de sono todos os dias. Esse per�odo na cama � fundamental para organizar as mem�rias e os aprendizados, descansar e regular o metabolismo no corpo.

Sobre a qualidade, as recomenda��es dos especialistas envolvem sempre tentar adormecer e despertar nos mesmos hor�rios, diminuir as luzes ao anoitecer e evitar o contato com as telas da televis�o e do celular nas duas horas que antecedem o descanso.

3. Fa�a atividade f�sica

Assim como acontece com o sono, o exerc�cio traz efeitos imediatos e, ao mesmo tempo, ganhos para a vida toda.

Logo ap�s as sess�es de treino, o corpo libera uma s�rie de subst�ncias que trazem a sensa��o de prazer e bem-estar — o que � particularmente bem-vindo num momento de tanto estresse.

J� a atividade f�sica regular � uma das principais atitudes para controlar aquela s�rie de fatores de risco que prejudicam o cora��o, como a hipertens�o, o diabetes, o colesterol alto e a obesidade.

A Organiza��o Mundial da Sa�de (OMS) recomenda que adultos de 18 a 64 anos "fa�am entre 150 e 300 minutos de exerc�cios aer�bicos de intensidade moderada ou 75 a 150 minutos de treinos mais vigorosos'' por semana.

Vale lembrar que exerc�cios aer�bicos, como correr e andar de bicicleta, s�o aqueles que trabalham grandes grupos musculares e levam ao aumento da respira��o e da frequ�ncia card�aca.

A entidade tamb�m chama a aten��o para a realiza��o de atividades de fortalecimento muscular, como os treinos feitos com aparelhos da academia.


Mulher meditando
Pr�ticas como a medita��o ajudam a lidar com o estresse e evitar repercuss�es mais s�rias ao cora��o (foto: Getty Images)

4. Cuide dos exageros

Saretta aponta que, em per�odos de alta tens�o, � natural que passemos do ponto em v�rios aspectos.

"Quando as pessoas est�o com os nervos � flor da pele, elas tendem a ficar mais compulsivas e exagerar na comida, na bebida alco�lica, no cigarro…", lista a cardiologista.

Isso, somado �s noites maldormidas e ao sedentarismo, representa uma carga extra ao cora��o, que pode falhar e sofrer com os entupimentos que caracterizam o infarto.

Portanto, ficar atento a esses exageros � o primeiro passo para evit�-los em prol da sa�de.

"E isso tamb�m envolve o nosso comportamento", acrescenta Saretta.

"Nesse contexto, � importante avaliar a situa��o e n�o entrar em embates desnecess�rios, onde h� o risco de agress�es verbais e f�sicas", sugere.

5. Fique atento aos sinais de algo mais s�rio

Por fim, � important�ssimo que todo mundo reconhe�a os sintomas t�picos de infarto ou AVC e saiba o que fazer se apresentar algum deles ou vir algu�m numa situa��o dessas.

Nesses casos, o socorro veloz marca, literalmente, a diferen�a entre a vida e a morte.

"Infelizmente, 50% das pessoas que sofrem um ataque card�aco n�o chegam vivas ao hospital", lamenta o m�dico Agnaldo Piscopo, diretor do Centro de Treinamento em Emerg�ncias Cardiovasculares da Sociedade de Cardiologia do Estado de S�o Paulo (Socesp).

"No infarto, � comum sentir uma dor no lado esquerdo do peito, que irradia para o bra�o, al�m de suor frio, n�useas, tontura e mal-estar", lista o cardiologista da Socesp.

"Outros pacientes apresentam dor na boca do est�mago e nas costas, ou n�o conseguem caracterizar muito bem de onde vem aquela sensa��o", complementa.

J� no AVC, as manifesta��es mais corriqueiras s�o dor forte na cabe�a, paralisia da face ou de uma parte do corpo e dificuldade para raciocinar ou completar frases.

"Em hip�tese alguma o indiv�duo deve se trancar no banheiro para tomar banho ou no quarto para dormir. � preciso avisar algu�m pr�ximo e ligar na hora para o servi�o de emerg�ncia no n�mero 192", diz.

Se a ambul�ncia demorar mais de 20 minutos para chegar e existir outra possibilidade de se deslocar mais rapidamente a um pronto-socorro (como uma carona de algu�m que est� se sentindo bem), o melhor � ir mesmo para o hospital.

"Costumamos dizer que tempo � cora��o: cada minuto perdido desde que a art�ria coron�ria entupiu representa 11 dias a menos de vida para aquele paciente", compara o m�dico.

Saretta refor�a que essas orienta��es se tornam ainda mais importantes neste per�odo de pandemia, em que muitas pessoas deixaram de ir ao m�dico com medo da covid ou passaram por dificuldades financeiras e perderam acesso aos planos de sa�de.

"Temos uma demanda represada de doen�as cardiovasculares que pode estourar", observa a m�dica.

"Por isso, se voc� tiver uma percep��o de que algo mudou na sua sa�de, como n�o conseguir mais fazer uma atividade de rotina, sentir um cansa�o exagerado ou uma dor no peito, vale buscar uma avalia��o m�dica", orienta.

Aperto no cora��o

Um trabalho feito por m�dicos da Kaiser Permanente, um servi�o privado de sa�de que atua na Calif�rnia, nos Estados Unidos, em parceria com especialistas das universidades Columbia e Harvard, revelou que elei��es presidenciais est�o relacionadas a um aumento nas interna��es por infarto, AVC e insufici�ncia card�aca.

O estudo, que levou em conta as informa��es de sa�de de 6,3 milh�es de pessoas, analisou o que aconteceu nos cinco dias depois das elei��es presidenciais americanas de 2020, em que o democrata Joe Biden saiu vencedor da disputa contra o republicano Donald Trump, que buscava a reelei��o.

Na compara��o com um per�odo antes das elei��es, os pesquisadores observaram um aumento de 17% na taxa de hospitaliza��es por doen�as cardiovasculares agudas logo ap�s o pleito.

A investiga��o americana, publicada no final de abril de 2022 no Journal of the American Medical Association (Jama), um dos peri�dicos mais respeitados da �rea, � uma repeti��o de outra investiga��o feita pelo mesmo grupo nas elei��es de 2016.

� �poca, os cientistas encontraram um risco ainda mais alto: a taxa de hospitaliza��es por doen�as cardiovasculares na Calif�rnia nos dois dias ap�s a elei��o daquele ano foi 62% maior em compara��o com os registros das semanas anteriores.

Embora esse artigo tenha limita��es importantes, como o fato de ter observado um fen�meno que j� havia acontecido no passado e incluir apenas um perfil de pessoas que t�m plano de sa�de, ele traz ensinamentos relevantes e engrossa o conhecimento de outras pesquisas anteriores, avaliam os m�dicos.

O principal ensinamento � que eventos muito estressantes, como uma grande defini��o pol�tica nacional ou at� um jogo decisivo de Copa do Mundo, podem fazer mal ao cora��o e aos vasos sangu�neos — e existem estrat�gias validadas cientificamente para reduzir o risco de sofrer com um evento grave desses, como voc� conferiu nos par�grafos anteriores.


Ilustração de uma coronária entupida
O entupimento das coron�rias (as art�rias do cora��o), como ilustrado na imagem, pode ter a ver com um estresse agudo (foto: Getty Images)

Como o estresse bate no peito

Piscopo explica que a decis�o de quem ser� o novo presidente de um pa�s faz com que todo mundo pense no futuro e o que pode mudar, para melhor ou para pior, do ponto de vista da economia, da seguran�a p�blica, da sa�de, da educa��o.

"E toda essa expectativa causa mudan�as no nosso organismo. Um dos efeitos imediatos disso � a libera��o dos horm�nios adrenalina e cortisol", ilustra.

Essas subst�ncias, por sua vez, promovem uma s�rie de modifica��es no nosso sistema cardiovascular, respons�vel por bombear o sangue para todas as c�lulas. Os batimentos card�acos aceleram, a press�o arterial sobe, o sangue fica mais viscoso…

Agora, imagine o que todas essas mudan�as significam para a sa�de de uma pessoa que j� tem colesterol alto, hipertens�o, diabetes ou obesidade. Nesse contexto, o estresse significa um fator de risco adicional para o surgimento de uma complica��o mais s�ria — como o entupimento de uma art�ria do cora��o (o infarto) ou o rompimento de uma veia no c�rebro (o AVC hemorr�gico).

E essa � apenas uma das explica��es que ajudam a entender a rela��o entre estresse e os chamados eventos cardiovasculares. Em alguns casos, o nervosismo exacerbado, por si s�, j� � suficiente para desencadear uma grave crise.

"Em tantos anos de trabalho nos servi�os de emerg�ncia, j� vi muita gente infartar ap�s um evento cr�tico, como uma separa��o conjugal, a not�cia da morte de algu�m querido, um assalto ou uma partilha de heran�a", lembra o cardiologista.

"Em alguns desses casos, n�o existia nenhum outro fator para explicar o ataque card�aco. A pr�pria exposi��o emocional foi t�o grande que o paciente teve um espasmo da coron�ria [a art�ria que irriga o m�sculo card�aco] e o cora��o n�o aguentou", complementa.

Nas �ltimas duas d�cadas, dois grandes estudos internacionais conhecidos pelas siglas InterHeart e InterStroke confirmaram o papel do estado emocional nesses eventos cr�ticos que abalam o sistema cardiovascular.

"Se consegu�ssemos de alguma maneira acabar com o estresse, evitar�amos 33% dos casos de infarto e 17% dos epis�dios de AVC que acontecem em todo o mundo", conclui Avezum.

- Este texto foi originalmente publicado em https://www.bbc.com/portuguese/brasil-63386738

Sabia que a BBC est� tamb�m no Telegram? Inscreva-se no canal.

J� assistiu aos nossos novos v�deos no YouTube? Inscreva-se no nosso canal!


receba nossa newsletter

Comece o dia com as not�cias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)