(none) || (none)
Publicidade

Estado de Minas IMUNIZA��O

S� 1 em cada 10 crian�as de 3 e 4 anos recebeu a primeira dose contra Covid no Brasil

Os n�meros s�o bem diferentes dos informados pelo Minist�rio da Sa�de. Em resposta aos atrasos na vacina��o, a pasta disse que a taxa de doses estava em 40%


08/11/2022 10:49 - atualizado 08/11/2022 11:48

Menino sendo vacinado
Para se ter ideia do que as taxas significam, nos primeiros tr�s meses de campanha vacinal do grupo de 5 a 11 anos no pa�s, no in�cio do ano, mais da metade dessa popula��o j� tinha recebido a primeira dose contra a COVID (foto: AFP)
S�O PAULO, SP (FOLHAPRESS) - S� 1 em cada 10 crian�as de 3 e 4 anos do Brasil recebeu a primeira dose contra Covid em tr�s meses de campanha vacinal. Isso indica, de acordo com dados oficiais tabulados pela reportagem, que 13,9% das crian�as dessa faixa et�ria j� iniciaram a trajet�ria vacinal. J� a vacina��o completa (com duas doses) � registrada em apenas 4,2% das crian�as dessa idade no pa�s.

 

Para se ter ideia do que as taxas significam, nos primeiros tr�s meses de campanha vacinal do grupo de 5 a 11 anos no pa�s, no in�cio do ano, mais da metade dessa popula��o j� tinha recebido a primeira dose contra a Covid. E vale lembrar: a popula��o estimada de 3-4 anos � bem menor (5,9 milh�es) do que o grupo de 5-11 anos (20,5 milh�es).

 

 

 

Os dados foram levantados no DataSUS, do Minist�rio da Sa�de. Foram analisados os registros de primeira e segunda doses de crian�as de 3 e 4 anos a partir de julho deste ano, quando a imuniza��o com Coronavac nessa faixa et�ria foi aprovada pela Anvisa e recomendada pelo governo.

Os n�meros s�o bem diferentes daqueles informados pelo Minist�rio da Sa�de no final de outubro. Na �poca, em resposta aos atrasos na vacina��o, a pasta disse, em nota, que a taxa de doses aplicadas nessa faixa et�ria estava em cerca de 40%.


Questionado pela reportagem por quase duas semanas ap�s os dados tabulados, o Minist�rio da Sa�de informou que houve um equ�voco na pasta e que os 40% de crian�as vacinadas mencionados na nota, na verdade, se referiam � segunda dose da faixa et�ria de 5 a 11 anos no final de outubro (hoje, em torno de 49%). E que a cobertura vacinal contra a Covid em crian�as de 3 a 4 anos est�, atualmente, em torno de 15% – com a primeira dose, no caso.

A pasta n�o informou, no entanto, como pretende responder � baixa ades�o dessa faixa et�ria � vacina��o.

 

Os n�meros tabulados pela reportagem mostram, ainda, que Paran�, Cear� e Pernambuco est�o entre os Estados com maior ades�o �s vacinas: t�m pelo menos 6,8% das crian�as de 3 e 4 anos com as duas doses —o que, mesmo na lideran�a nacional, � uma taxa muito baixa. J� Mato Grosso, Maranh�o, Roraima e Acre n�o chegam a 1% dessa faixa et�ria com imuniza��o completa, de acordo com os dados oficiais do DataSUS.

 

H�, contudo, um pico de registros de vacinados de 3 e 4 anos contra a Covid no pa�s no Dia D da Campanha Nacional de Vacina��o contra a Poliomielite e Multivacina��o, realizado em 20 de agosto, um s�bado —um sinal de que campanhas para vacina��o funcionam, sim.

A a��o foi voltada para imuniza��o contra p�lio, que anda em baixa no pa�s, mas acabou incentivando a ades�o a outros imunizantes. Deu certo: o n�mero de primeiras doses contra Covid nessa faixa et�ria, que nunca tinha passado de 30 mil aplica��es di�rias, chegou a quase 60 mil no Dia D.

Com isso, agosto registrou cerca de 380 mil primeiras doses contra a Covid aplicadas nos bracinhos de crian�as de 3 e 4 anos —mais do que o dobro de setembro, quando foram 152 mil primeiras doses para essa faixa et�ria.

"Vacina��o se faz com campanhas e planejamento. De nada adianta ter toda a tecnologia do mundo se as vacinas n�o chegam aos bra�os de quem precisa", diz a microbiologista Natalia Pasternak, que tem se engajado, como divulgadora cient�fica, na dissemina��o da import�ncia das vacinas.

"� muito f�cil colocar a culpa da baixa ades�o nas fam�lias. Mas a verdade � que, se as campanhas s�o mal feitas, as fam�lias n�o ficam nem sabendo ou acham que n�o � importante o suficiente."

Dayane Machado, pesquisadora da Unicamp que investiga desinforma��o e vacinas, lembra que hesita��o vacinal n�o � ativismo antivacina��o. "Precisamos entender quais s�o os desafios encontrados pelo p�blico para desenvolver medidas compat�veis com as diferentes realidades do pa�s."

Os motivos de resist�ncia � vacina��o contra a Covid de pais e respons�veis t�m sido investigado por especialistas de todo o mundo. Trabalho publicado em agosto no peri�dico "Vaccines" por cientistas de Nova York e da Fl�rida mostrou que, nos EUA, a resist�ncia dos pais � imuniza��o contra a Covid de seus filhos pequenos tem motivos variados.

Al�m da preocupa��o com eventuais efeitos colaterais de vacina��o de longo prazo em crian�as pequenas, a natureza apressada da aprova��o dos imunizantes e a desconfian�a em rela��o a governos e empresas farmac�uticas est�o entre as raz�es da baixa ades�o. O estudo mostrou ainda que pais inseguros tamb�m eram mais propensos a acreditar que as crian�as n�o eram suscet�veis � infec��o e que a vacina n�o funcionava contra novas variantes.

No Brasil, em artigo publicado no final do ano passado no peri�dico "Research, Society and Development", cientistas de Pernambuco fizeram uma ampla revis�o de literatura para compreender os principais desafios que levam os pais e respons�veis de crian�as pequenas a n�o cumprirem o calend�rio vacinal. Entre os achados est�o o medo de eventuais efeitos colaterais e op��o por "estilos de vida naturais".

Os autores ressaltam, no entanto, que os estoques das vacinas precisam estar abastecidos para que a vacina��o d� certo –o que tem sido um problema no pa�s.

A vacina��o na faixa et�ria de 3 e 4 anos chegou a ser suspensa por falta de imunizantes em algumas localidades do pa�s. Caso da capital do Rio de Janeiro, que interrompeu a imuniza��o por falta de primeira dose. O ministro da Sa�de, Marcelo Queiroga, no entanto, negou atraso na vacina��o contra a Covid de crian�as abaixo de 5 anos no Brasil.

At� agora, a Coronavac � a �nica vacina dispon�vel para essa idade. Aprovada em setembro pela Anvisa para crian�as a partir de 6 meses, a Pfizer pedi�trica ainda n�o entrou no calend�rio vacinal das crian�as abaixo de 5 anos –e, recentemente, foi indicada pelo Minist�rio da Sa�de apenas para beb�s com comorbidades. As primeiras doses foram entregues ao governo pela farmac�utica no �ltimo dia 27.

A reportagem extraiu as informa��es de vacina��o do Datasus no �ltimo dia 18 e analisou os registros de primeira e de segunda doses contra Covid das crian�as de 3 e 4 anos. Em seguida, foi feita uma an�lise com base na estimativa populacional do IBGE para a faixa et�ria em 2022, que define as metas das campanhas de vacina��o, com posterior checagem das informa��es junto ao Minist�rio da Sa�de.

O rastreamento nos dados do Datasus � poss�vel porque cada pessoa imunizada � registrada no sistema com um c�digo individual, ao qual est�o ligadas informa��es como idade e dose da vacina recebida.


receba nossa newsletter

Comece o dia com as not�cias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)