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Estado de Minas AUTISMO

Capacita��o � fundamental para cuidadores de crian�as autistas

Quando se considera as crian�as com o diagn�stico, 57% dos acompanhantes sentem dificuldade em saber o que fazer ou como lidar com comportamentos desafiadores


11/11/2022 09:45

Criança autista
(foto: Mikhail Nilov/Pexels)

No Brasil existem dois milh�es de pessoas com autismo, mas esse n�mero pode ser maior, porque existem muitos casos n�o diagnosticados. Um aspecto importante para quem est� envolvido com esses pacientes �, justamente, como lidar com eles. Quando se considera as crian�as com o diagn�stico, 57% dos cuidadores sentem dificuldade em saber o que fazer ou como lidar com comportamentos desafiadores.

"As crises s�o comuns em crian�as com autismo, e muitas vezes podem ser confundidas com uma birra, pois a crian�a acaba agindo impulsivamente e apresentando comportamentos que s�o dif�ceis que os outros compreendam, o que pode gerar estresse e ansiedade nos cuidadores", explica Carolina Rorato, coordenadora de ABA da Genial Care, cl�nica que atende crian�as autistas de 0 a 5 anos.

A modalidade de terapia mais eficiente para o tratamento dos autistas, com comprova��o cient�fica, � a terapia comportamental chamada ABA (An�lise Comportamental Aplicada ou Applied Behavior Analysis, na tradu��o para o ingl�s). A terapia ABA no autismo foca em promover o ensino de novas habilidades e reduzir comportamentos desafiadores, o que podem ser tanto comportamentos de crises quanto aqueles que colocam em risco a integridade f�sica, como agress�o e autoagress�o.

Para aplica��o do m�todo, o profissional pode ser psic�logo, estudante de psicologia, pedagogo ou com forma��es afins, mas necessariamente deve ter conhecimento em ABA. Esse profissional, o aplicador de ABA, � chamado Atendente Terap�utico (AT), e a forma de aplica��o deve ser determinada pelo m�dico. O m�todo tamb�m pode ser aplicado em conjunto com atendimentos em fonoaudiologia e terapia ocupacional.

"A crian�a autista, junto � fam�lia, vivencia desafios di�rios, e de forma ampla. S�o quest�es de intera��o, socializa��o, comunica��o. S�o desafios de linguagem, dificuldades dessa crian�a expressar o que est� sentindo. Tanto na fam�lia, quanto na escola, � preciso ter a capacidade de entender a crian�a, tornar o ambiente acolhedor e compreensivo. De alguma forma, o autismo impacta na forma como essa crian�a e essa fam�lia est�o inclusas na sociedade", diz Alice Tufolo, l�der cl�nica de ABA, da Genial Care.

Outros desafios passam at� mesmo pela quest�o da configura��o dos espa�os, p�blicos ou privados. Muitos n�o s�o adaptados para atender �s necessidades das crian�as com autismo. "Parece uma coisa simples, mas � uma dor para a crian�a e a fam�lia n�o poder estar nesses espa�os, n�o ter suas necessidades observadas", salienta. Quando o contexto � a escola, a profissional fala sobre como a conscientiza��o de todo o grupo � essencial para receber a crian�a autista. "N�o � a crian�a que deve se adaptar ao ambiente, mas � o ambiente que precisa se adaptar a essa crian�a", continua.

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Alice lembra a import�ncia da capacita��o da pessoa que vai acompanhar essa crian�a. "Precisa ser capacitada em muitos n�veis. Deve ser uma sombra, ter estrat�gias que incluam essa crian�a. N�o � fazer por ela, mas promover sua autonomia. Precisa ter conhecimento sobre percep��o corporal, linguagem, quest�es sensoriais, planejamento motor, por exemplo."

AUTISMO

O transtorno do especro autista (TEA) pode ser dividido conforme o grau de comprometimento cognitivo - s�o os chamados n�veis de suporte, classificados de 1 a 3. No grau 1, o autista � mais independente, n�o tem problemas de comunica��o e nem defici�ncia intelectual. No n�vel dois, apresenta mais comorbidades, como dificuldades na fala, problemas de comunica��o e intera��o com outras pessoas. Tamb�m tem mais sensibilidade aos sons, ao toque, e seletividade alimentar (s� come um detrminado alimento). No terceiro grau, o autista tem a sa�de mais comprometida, n�o consegue falar e fica facilmente nervoso, por exemplo, precisa de acompanhamento cont�nuo e muito suporte, como fisioterapia, terapia ocupacional, ecoterapia, entre outros tratamentos.

Ingrid e Pedro
Ingrid Monte � m�e de Pedro, diagnosticado com autismo em 2019 (foto: Arquivo Pessoal)
A empreendedora e executiva do mercado corporativo Ingrid Monte, de 43 anos, descobriu em 2019 que o filho Pedro, hoje com seis anos, � autista, no chamado n�vel 1. Logo depois do diagn�stico, Ingrid conta que o filho passou a receber o atendente terap�utico em casa, para sess�es de ABA, todos os dias, duas horas por dia. Em 2020, com a pandemia, Ingrid conta que esse acompanhamento passou a ser ininterrupto - Pedro tinha um AT o tempo inteiro com ele. "J� em 2020, os atrasos cognitivos do Pedro eram quase impercept�veis", diz.

A conviv�ncia com o garoto e o modo de lidar com ele � um exemplo de como � necess�rio o entendimento completo sobre o autismo para quem vai cuidar dessas crian�as. H� pouco mais de um amo, Pedro tamb�m faz terapia ocupacional, com o objetivo de trabalhar a coordena��o motora fina e grossa. "Um dos desafios � seguir � risca o que os profissionais que atendem o autista orientam", refor�a Ingrid.

Outro obst�culo � que as escolas precisam saber como receber essas crian�as. A presen�a dos atendentes terap�uticos em sala de aula � um direito assegurado por lei, mas Ingrid diz que muitas institui��es de ensino n�o aceitam - ela mesmo viveu algo parecido.

Para ela, sua situa��o � mais confort�vel do que para in�meras fam�lias, pois a maioria tem filhos com autismo com comprometimentos mais severos. Hoje, o menino Pedro vive bem. "Ele evoluiu muito. Suas rela��es interpessoais s�o melhores, tem mais autonomia", relata.

Desde 2020, Ingrid mant�m o site Sentidos & Cores, de produtos para inclus�o, e � engajada na causa. Hoje o carro chefe do canal s�o os cord�es de identifica��o, vendidos pra todo o Brasil, para institui��es, escolas e demais interessados, e a pulseira com um QR Code em que podem ser colocados todos os dados da crian�a. "Ajudar esse p�blico � minha grande miss�o de vida, meu prop�sito."


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