
De forma parecida, essa � a recomenda��o dada � coordena��o da sa�de da transi��o do governo eleito Luiz In�cio Lula da Silva (PT). Arthur Chioro, ex-ministro da Sa�de e integrante da coordena��o, afirma que um foco importante na transi��o � regular o esquema de vacina��o j� recomendado para a popula��o --por enquanto, n�o se discute a possibilidade de quinta dose para grupos n�o priorit�rios.
A pasta chefiada por Marcelo Queiroga anunciou na �ltima sexta (25/11) que doses da vacina bivalente produzida pela Pfizer deveriam chegar ao Brasil neste m�s. O f�rmaco recebeu no dia 22 do m�s passado aprova��o emergencial da Anvisa (Ag�ncia nacional de Vigil�ncia Sanit�ria) para ser usada em maiores de 12 anos.
Os imunizantes s�o compostos da cepa original do Sars-CoV-2 e tamb�m de subvariantes da �micron. Existem dois modelos: um cont�m a BA.1 e outro, a BA.4 e BA.5. Por essa composi��o, eles s�o uma forma eficaz contra as formas do v�rus com maior circula��o no Brasil.
O quantitativo de doses dessa entrega n�o foi informado � Folha nem pelo minist�rio nem pela farmac�utica.
A orienta��o atual do minist�rio � que, em pessoas acima de 40 anos, sejam aplicadas duas doses de refor�o -configurando no total quatro doses para as vacinas da Pfizer, Astrazeneca e Coronavac e tr�s no caso da Janssen.
As recomenda��es dadas pela CTAI v�m no momento em que o minist�rio planeja o que fazer com as novas vacinas. A orienta��o de direcion�-las para p�blicos mais vulner�veis como um novo refor�o n�o � uma defini��o, j� que a c�mara n�o tem fun��o decis�ria. Mas, normalmente, o minist�rio segue o que o grupo recomenda.
A expectativa � que, nos pr�ximos dias, a pasta chefiada por Queiroga divulgue um informe t�cnico atualizando o esquema vacinal contra COVID-19. Se as altera��es realmente ocorrerem, uma quinta dose (ou quarta, para quem tomou Janssen) com o imunizante bivalente pode ser administrada para grupos de maior risco.
A Folha perguntou ao minist�rio se pretende seguir a dire��o da CTAI, mas, at� a publica��o desta reportagem, n�o houve resposta.
Mais jovens
A recomenda��o da CTAI deixa de fora pessoas mais jovens e sem comorbidade do p�blico-alvo das vacinas atualizadas. Segundo Renato Kfouri, diretor da Sociedade Brasileira de Imuniza��es (SBIm) e membro da CTAI, a raz�o disso � que faltam evid�ncias da real necessidade de revacinar os mais jovens com o novo modelo. "N�s n�o temos evid�ncia de perda de prote��o para formas graves em jovens", diz.
Mesmo assim, Kfouri ressalta que, no futuro, o cen�rio epidemiol�gico pode mudar e ent�o passar a ser necess�ria mais uma dose de refor�o tamb�m para esse p�blico. "Se entendermos que mesmo em jovens saud�veis sem fatores de risco tiver aumento de risco de hospitaliza��o e de formas graves, talvez seja a estrat�gia vacinar todo mundo de novo."
O posicionamento � reiterado por Chioro, da transi��o de Lula. Ele tamb�m recebeu aconselhamentos de especialistas e reafirma que a vacina bivalente, pelo menos com os dados atuais, n�o vai ser indicada para jovens no relat�rio entregue ao futuro ministro da Sa�de. "A bivalente teria um espa�o para grupos mais vulner�veis", resume.
Para p�blicos com menores chances de evolu��o para quadros graves, o esfor�o vai ser de ampliar a taxa de cobertura vacinal para quem ainda n�o tomou as doses com os f�rmacos monovalentes. "O que ficou claro � que n�o adianta s� comprar vacina, porque hoje tem [imunizantes] e as pessoas n�o est�o tomando. Reduziu absurdamente a ades�o da popula��o", diz Chioro.
Dados do cons�rcio de ve�culos de imprensa apontam que, at� setembro, 48,4% dos brasileiros j� haviam tomado pelo menos uma dose de refor�o. Em rela��o a duas doses ou uma aplica��o da Janssen, havia cerca de 80% da popula��o.
Entre as crian�as, os n�meros s�o menores: entre as de 3 a 11 anos, somente 36% est�o completamente imunizados com duas doses.
"N�o adianta fazer um refor�o com a bivalente se n�o vacinar as crian�as", resume Chioro.
Em outros pa�ses
As vacinas atualizadas j� s�o adotadas em pa�ses que buscam controlar a dissemina��o de novas variantes do Sars-CoV-2 e evitar quadros graves de COVID-19.
No caso dos Estados Unidos, o CDC (Centro de Controle de Doen�as dos EUA) recomenda doses de vacinas bivalentes para adultos e adolescentes desde setembro. A indica��o passou a ser tamb�m para crian�as em outubro.
Recentemente, o �rg�o desenvolveu um estudo cl�nico cujos resultados foram publicados na �ltima ter�a (22/11). Na pesquisa, o manejo de uma dose dos imunizantes bivalentes resultou em uma prote��o adicional para evitar casos sintom�ticos em pessoas que tivessem tomado duas, tr�s ou quatro aplica��es dos modelos originais.
A prote��o cresce quanto maior for o per�odo de meses em que a pessoa tomou a �ltima dose do imunizante original. Em indiv�duos de 50 a 64 anos, o refor�o com uma vacina atualizada levou a uma melhora da efetividade relativa de 31% de dois a tr�s meses depois da �ltima dose monovalente.
Caso a aplica��o do imunizante bivalente fosse feita ap�s oito meses da �ltima dose de um f�rmaco composto somente com a cepa original do Sars-CoV-2, a melhoria da efetividade foi de 48%.
Na Austr�lia, o Grupo Consultivo T�cnico Australiano sobre Imuniza��es (Atagi, na sigla em ingl�s) recomenda as vacinas bivalentes tanto da Pfizer quanto da Moderna para pessoas acima de 18 anos.
A autoriza��o para o uso do imunizante da Pfizer, no entanto, � recente. Segundo a Reuters, � esperado que o pa�s receba 4,7 milh�es de doses da farmac�utica e comece a aplicar o f�rmaco como refor�o no pr�ximo dia 12.
Na Am�rica Latina, o Chile tamb�m j� autorizou a aplica��o de refor�o tanto para a Pfizer quanto para a Moderna. Diferentemente do que ocorreu nos Estados Unidos e na Austr�lia, o pa�s optou por seguir um m�todo de disponibilizar os novos refor�os para p�blicos de maior risco, seguindo um modelo mais pr�ximo do proposto ao Minist�rio da Sa�de brasileiro.
Inicialmente, s� profissionais de sa�de e pessoas imunossuprimidas com mais de 12 anos tinham autoriza��o para o f�rmaco. Mas, com o tempo, o Chile aumentou o p�blico e agora pessoas com mais de 60 anos fazem parte desse grupo de vacina��o.