Idoso

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Geralt/Pixabay

A Food and Drug Administration (FDA) - ag�ncia reguladora de sa�de dos Estados Unidos - aprovou, no in�cio deste ano, um novo tratamento para a doen�a de Alzheimer em est�gios iniciais. A Leqembi � uma medica��o intravenosa, com custo de US$ 26.500, e deve ser administrada a cada duas semanas, prometendo retardar o d�ficit cognitivo.

O estudo de est�gio final foi o mais recente a testar uma teoria de tr�s d�cadas de que o Alzheimer � desencadeado por amiloide que se acumula no c�rebro dos pacientes e pode ser retardado por medicamentos que removem o ac�mulo dessa prote�na.

Apesar dos resultados positivos nos ensaios cl�nicos de Fase 3, em que a droga reduziu o decl�nio cognitivo em 27%, ela tamb�m apresentou riscos: foram notados alguns efeitos colaterais em pacientes que usaram a medica��o durante a pesquisa, entre eles incha�o cerebral e sangramento.

Segundo o m�dico neurocirurgi�o, membro da Sociedade Brasileira de Neurocirurgia, Felipe Mendes, uma nova gera��o de medicamentos voltados para o tratamento do Alzheimer � algo muito importante, j� que a esperan�a seria evitar a progress�o dos principais sintomas da doen�a - a perda da mem�ria e a incapacidade de realiza��o de atividades b�sicas do cotidiano.

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"At� hoje, todos os medicamentos existentes infelizmente n�o conseguiram modificar, de forma efetiva, a hist�ria natural da doen�a." O neurocirurgi�o pondera que o tratamento, al�m de n�o servir para pacientes que j� possuem um quadro avan�ado da doen�a, tem alguns efeitos colaterais relacionados, entre eles, sintomas que lembram um resfriado.

"O mais preocupante � a possibilidade de edema ou incha�o cerebral, al�m de sangramentos cerebrais. Muitos desses sinais foram percebidos em exames de imagem, sem muita repercuss�o cl�nica. Contudo, s�o eventos potencialmente catastr�ficos que podem levar a s�rias consequ�ncias, necessitando de acompanhamento de perto, avaliando muito bem o risco/benef�cio."

Segundo Felipe Mendes, por conta disso, existe um debate entre os especialistas sobre at� que ponto esse rem�dio � t�o vantajoso, considerando ainda que o estudo mostrou uma incid�ncia relativamente elevada dessas complica��es, em torno de 12%.

O médico neurocirurgião Felipe Mendes

Segundo o m�dico neurocirurgi�o Felipe Mendes, uma nova gera��o de medicamentos voltados para o tratamento do Alzheimer � algo muito importante, j� que a esperan�a seria evitar a progress�o dos principais sintomas da doen�a

Ana Slika/Divulga��o
"Isso precisa ser debatido muito bem entre a equipe m�dica, o paciente e seus familiares, para que seja avaliado o melhor momento e pesados os pr�s e contras do in�cio desse tratamento."

Ainda s�o necess�rios mais estudos, assim como todo medicamento em fase inicial, com um per�odo maior de acompanhamento, para que haja defini��o mais n�tida se a medica��o realmente � eficaz e com perfil adequado de seguran�a.

De acordo com o especialista, trata-se de um territ�rio desconhecido que precisa ser desbravado e s� estudos a m�dio e longo prazo poder�o definir se � um tratamento com resultados duradouros.

"Por isso � importante que todo medicamento, em sua fase inicial, seja muito bem avaliado, principalmente pensando em risco/benef�cio e que isso seja muito bem exposto para o paciente e para a fam�lia, para que, ciente dos riscos, eles avaliem se realmente querem testar essa nova modalidade terap�utica."

Entendendo mais sobre a doen�a

A doen�a de Alzheimer � um transtorno neurodegenerativo progressivo que tem como caracter�stica inicial a perda cognitiva, que envolve �reas como a mem�ria, a capacidade de racioc�nio, a resolu��o de problemas e est� fortemente ligada a aten��o e foco.

Podem acontecer mudan�as comportamentais e o comprometimento progressivo das atividades do dia a dia. De acordo com a m�dica geriatra Simone de Paula Pessoa Lima, da empresa especializada em home care, Sa�de no Lar, a doen�a pode se manifestar de forma lenta e, � medida que os anos passam, acaba evoluindo com aumento das perdas.

"Os primeiros sinais s�o a perda de mem�ria de curto prazo, que podemos caracterizar como a dificuldade de lembrar de acontecimentos que acabaram de acontecer ou recentes. A pessoa vive o momento, mas ele n�o fica registrado e, portanto, n�o consegue se lembrar dele."

A médica geriatra Simone de Paula Pessoa Lima

De acordo com a m�dica geriatra Simone de Paula Pessoa Lima, a doen�a pode se manifestar de forma lenta e, � medida que os anos passam, acaba evoluindo com aumento das perda

Jordana Nesio/Divulga��o
A especialista conta que, � medida que a doen�a evolui, outros sintomas, como incapacidade de escolher uma roupa ou sair de casa sozinho, se somam � perda da mem�ria. "Em fases mais avan�adas, piora os movimentos do paciente, deixando-o acamado e sem capacidade de engolir. As complica��es, como infec��o urin�ria ou pneumonia, ficam mais frequentes e podem levar � morte."

Segundo Simone, at� o momento, existem medica��es que, na maioria dos pacientes, lentificam a piora cognitiva, caracterizando uma melhora na qualidade de vida. Eles s�o os anticolinester�sicos, como Donepezila, Rivastigmina e Galantamima. Em fase moderada a avan�ada, pode ser indicada tamb�m a memantina.

Associadas � medica��o, v�rias terapias complementares podem ajudar o paciente a manter sua funcionalidade, como atividade f�sica assistida, fisioterapia, terapia ocupacional, fonoaudiologia, psic�logo, nutricionista, dentre outros.

Os resultados das pesquisas e estudos acabam sofrendo influ�ncia do meio que o paciente vive (cultura, h�bitos) ou mesmo de doen�as comuns do envelhecimento que pioram o quadro cognitivo, interferindo nos resultados obtidos com as medica��es. A geriatra pondera tamb�m que � necess�rio mais tempo para ver o resultado e garantir a seguran�a no seu uso.

Com rela��o � medica��o aprovada pela FDA, a m�dica, que lida diretamente com esse tipo de paciente, tamb�m acredita, como o neurocirurgi�o, ser um grande avan�o. "Ser�o necess�rios mais estudos e um acompanhamento dos pacientes em uso para saber, al�m da sua efic�cia na doen�a, os efeitos colaterais que podem causar. Ap�s esses conhecimentos, haver� uma defini��o de qual fase da doen�a poder� ser iniciada para gerar um maior benef�cio", ressalta.

A Organiza��o Mundial da Sa�de (OMS) estima que cerca de 55 milh�es de pessoas vivem com algum tipo de dem�ncia, sendo a mais comum a doen�a de Alzheimer, que atinge sete em cada dez pessoas em todo o mundo.

De acordo com a Alzheimer's Disease International, sediada no Reino Unido, os n�meros globais poder�o chegar a 74,7 milh�es em 2030, e a 131,5 milh�es em 2050.

No Brasil, dados do Minist�rio da Sa�de indicam que em torno de 1,2 milh�o de pessoas t�m a doen�a e 100 mil novos casos s�o diagnosticados por ano. Embora o Alzheimer n�o mate diretamente, as consequ�ncias das perdas funcionais podem levar � morte. O corpo, � medida que a doen�a avan�a, torna-se mais fr�gil e suscet�vel a doen�as, como pneumonia e outras infec��es.

"O fato de o paciente ter dificuldade para mastigar e engolir corretamente pode levar a entrada de comida nas vias a�reas que chamamos de aspira��o, gerando pneumonias. As infec��es urin�rias tornam-se mais frequentes pelo uso de fraldas geri�tricas devido � incontin�ncia urin�ria. A instabilidade no caminhar ocasiona eleva��o do risco de queda e, quando esta acontece no f�mur, pode deixar o paciente acamado piorando as outras complica��es ou mesmo a morte", finaliza Simone de Paula Pessoa Lima.