Alessandra  Mattarelle, educadora física

Alessandra Mattarelle, educadora f�sica

Leandro Couri/EM/D.A Press
 

 

Nos anos 2000, mulheres como Britney Spears, Christina Aguilera, Victoria Beckham, Gisele Bundchen, Paris Hilton, Jennifer Aniston e tantas outras eram consideradas �cones da moda e da beleza, com seus corpos esbeltos � mostra. As roupas, inclusive, favoreciam esse tipo de ‘padr�o de beleza’, com cal�as baixas, saias muito curtas e barriga de fora. Algo que s� era poss�vel de ser usado se a mulher tivesse a silhueta esguia.


At� mesmo os filmes desse per�odo, inclusive, que se passavam em ambiente escolar, mostravam como meninas, que n�o se enquadravam nesse padr�o, eram tratadas com piadas, esc�rnio e rejei��o, contribuindo ainda mais para que as adolescentes da vida real  quisessem, de alguma forma, ser como as atrizes que faziam o papel das populares. Tudo contribu�a para que as pessoas quisessem ser magras. Tanto � que muitas mulheres passaram por problemas severos de sa�de, fizeram in�meras dietas restritivas, jejum e treinos longos e exaustivos com o intuito de estar sempre abaixo do peso.

 

"Cada um tem seu estilo de vida, uma gen�tica diferente e v�rios outros fatores que influenciam na constru��o de um corpo esteticamente bonito"

Alessandra Mattarelle, educadora f�sica

 


Foi assim com a educadora f�sica Alessandra Mattarelle, de 51 anos, que come�ou a vida fitness logo ap�s ter filhos. Ela conta que, neste per�odo, realizava um plano alimentar restritivo intercalado com jejum intermitente. “A barriga sempre foi o meu maior desafio. Ficar de jejum n�o era um problema. O pior era manter um corpo enxuto na hora de colocar a barriga de fora depois de tr�s gesta��es. Eu queria a magreza no lugar da hipertrofia.”

 

A nutricionista Evelin Murta

A nutricionista Evelin Murta alerta para o risco de dietas hipocal�ricas para a sa�de

Arquivo pessoal
 

 

 

 


Nessa �poca, Alessandra resolveu aderir � corrida de rua e se alimentava poucas vezes por dia. De acordo com ela, estar com um corpo magro a deixava mais leve e com isso corria mais e, consequentemente,  ficava mais animada e com o corpo mais pr�ximo daquilo que desejava.

 

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PERDA MUSCULAR Mesmo sem perceber, esse comportamento em busca da magreza a acompanhou por muitos anos. Por ser corredora, sempre estava magra e n�o gostava de ganhar massa muscular. Foi durante a pandemia que come�ou a notar que algo n�o estava bem. Resolveu procurar um profissional para realizar alguns exames e descobriu, neles, que estava com pouca massa muscular. “A perda muscular estava comprometendo a minha sa�de e as dietas causando danos � minha estrutura muscular.”


Desde ent�o, Alessandra, que tamb�m � educadora f�sica, passou por uma mudan�a radical. “A dieta balanceada me deu mais energia para os exerc�cios mais intensos. Os exerc�cios mais pesados melhoraram a constru��o da minha massa magra. Tudo isso influenciou positivamente meu �nimo, minha disposi��o e minha sa�de mental.”


Hoje, Alessandra entende que um corpo saud�vel � um corpo bem alimentado. “Como educadora f�sica, acredito que n�o podemos nos apegar ao ‘corpo perfeito’ do momento. Cada um tem seu estilo de vida, uma gen�tica diferente e v�rios outros fatores que influenciam na constru��o de um corpo esteticamente bonito. E mesmo malhando sempre, com uma alimenta��o equilibrada, �s vezes n�o vamos conseguir. O ideal � sempre estar disposto a fazer atividades f�sicas todos os dias para melhorar nossa autoestima. � isso que leva a um corpo forte, saud�vel, livre de medicamentos e com t�nus muscular.”

 

Thiago Martins

'J� tivemos o per�odo em que a silhueta dos sonhos era o %u2018viol�o%u2019, em outro per�odo a magreza excessiva, em outro as malhadas, grandes e torneadas, em seguida, o normal era se aceitar de alguma forma, que tamb�m se tornou uma press�o, j� que a vida inteira as mulheres tiveram que se encaixar em algo', diz Thiago Martins, fisioterapeuta dermatofuncional, biom�dico e mestre em est�tica

Jean Assis/Divulga��o
 

 


De acordo com Thiago Martins, fisioterapeuta dermatofuncional, biom�dico, mestre em est�tica e criador do m�todo de harmoniza��o corporal com registro de marca, a preocupa��o  est�tica com o corpo sempre aconteceu, mas ela muda de tempos em tempos. “J� tivemos o per�odo em que a silhueta dos sonhos era o ‘viol�o’, em outro per�odo a magreza excessiva, em outro as malhadas, grandes e torneadas, em seguida, o normal era se aceitar de alguma forma, que tamb�m se tornou uma press�o, j� que a vida inteira as mulheres tiveram que se encaixar em algo”, comenta. “Agora, voltamos ao per�odo em que a magreza novamente vira tend�ncia, mas, ao mesmo tempo, temos mais pessoas atentas e cr�ticas a esse retorno pelo medo que a ‘moda’ referente aos anos 2000 pode causar em termos de imposi��o ou intimida��o.”

ACEITA��O Na vis�o do especialista, as pessoas lutam todos os dias com o intuito de se aceitar e at� isso acaba se tornando uma press�o. Mas � fato que a grande maioria quer perder alguns quilinhos na balan�a ou entrar em uma cal�a antiga. “Vejo muito isso em meu consult�rio. Ao realizar procedimentos est�ticos corporais minimamente invasivos, as mulheres est�o insatisfeitas com o corpo de alguma forma. Tenho de fazer um trabalho de desconstru��o de padr�es, para que elas entendam que a beleza � �nica e muito individualizada. Tudo isso tem a ver com gen�tica, com hist�ria de vida, com h�bitos adquiridos ao longo dos anos. � uma desconstru��o para construir um novo eu, de mais aceita��o, de menos cobran�a, de mais amor pr�prio e autocuidado.”


Segundo Evelin Murta, nutricionista comportamental da Soloh Cl�nica de Nutri��o, a magreza � cultuada desde a modernidade. Seu grande problema seria a n�o aceita��o do bi�tipo corporal, que � individualizado e que leva em conta alguns padr�es corporais. Al�m de problemas psicol�gicos, em que a aceita��o do corpo pode trazer uma poss�vel distor��o da imagem corporal, as pessoas podem apresentar problemas nutricionais graves, como a mais comum desnutri��o, e problemas com a cogni��o, principalmente ocorrida na fase da adolesc�ncia. “Uma dieta hipocal�rica pode levar a problemas hep�ticos, renais, intestinais, dist�rbios na vis�o e at� mesmo sensoriais, importantes para a sobreviv�ncia do ser humano.”


A nutricionista destaca que � poss�vel ser saud�vel ficando abaixo do peso, assim como acima do peso. “A baixa nutricional � muito perigosa quando n�o � feita de uma maneira efetiva e especializada. A moda, por culpar determinado nutriente, s� atrapalha o pr�prio funcionamento do corpo.  “As vitaminas do complexo B, por exemplo, s�o muito necess�rias para que possamos ter disposi��o e prazer, al�m da vitamina C, que auxilia na diminui��o do estresse, e assim por diante. Cada nutriente tem um funcionamento necess�rio do corpo”, lembra. “Por�m, n�o podemos analisar somente o presente. � a partir de exames de sangue que conseguimos prever como o corpo pode responder � sua a��o atual no futuro. Com isso, � necess�ria uma avalia��o bem-feita e preventiva para que possamos permanecer saud�veis.”