Joelísio Fraga de Souza

Joel�sio Fraga de Souza, de 57 anos, de Vit�ria da Conquista (BA), diz que pesar de sentir medo em certos momentos, a f� em Deus e em Nossa Senhora foi fundamental para que ele se mantivesse firme, forte e esperan�oso

Arquivo Pessoal
Precisar e esperar por um transplante � assustador. Independentemente da necessidade, estar em uma fila na expectativa de encontrar a �nica sa�da para ter a chance de continuar vivendo � doloroso. As chances s�o variadas e � preciso ter esperan�a. No caso da medula �ssea, com mais de 5 milh�es (5.575.092) de potenciais doadores, atualmente, s�o cerca de 650 brasileiros que esperam encontrar um doador n�o parente. Os dados s�o do Registro Nacional de Doadores Volunt�rios de Medula �ssea (Redome).


A medula �ssea � um tecido l�quido, com aspecto gelatinoso, que ocupa o interior dos ossos, e desempenha papel fundamental no desenvolvimento das c�lulas sangu�neas, pois � l� que s�o produzidos os leuc�citos (gl�bulos brancos), as hem�cias (gl�bulos vermelhos) e as plaquetas. Por isso, � considerada a f�brica do sangue. Com tanta expectativa em torno de um transplante e da doa��o, o Oncobio atingiu a marca de 300 procedimentos, n�mero relevante em meio a um cen�rio desafiador, visto que as chances de encontrar um doador compat�vel entre n�o aparentados � de uma em 500 mil pessoas e entre irm�os � de cerca de 30%.

 

 

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Para se ter ideia da import�ncia desse montante, atualmente, existem mais de 100 centros autorizados pelo Minist�rio da Sa�de (MS) para fazer as diferentes modalidades de transplante de medula �ssea. Juntos, no primeiro semestre de 2022, atuaram em 1.802 procedimentos em todo o Brasil, segundo dados do Registro Brasileiro de Transplantes (RBT). No Oncobio, em Minas, o  transplante de c�lulas-tronco hematopoi�ticas (medula �ssea), que � parte fundamental no tratamento de v�rios pacientes, � feito desde 2019.


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 “Alcan�amos um n�mero importante de transplantes de c�lulas hematopoi�ticas (TCH – como o TMO tamb�m � denominado). Com isso,  contribu�mos para que mais pacientes de Minas Gerais possam fazer o procedimento sem deixar o estado,” destaca Evandro Fagundes, diretor cl�nico e coordenador da hematologia do Oncobio.


Ele ressalta a relev�ncia do cen�rio de doa��o de medula �ssea no Brasil, que conta com o terceiro maior banco de doadores do mundo. Somente em Minas, s�o mais de 520 mil inscritos. Em 2021, o Minist�rio da Sa�de alterou a idade-limite para o cadastro de doadores de medula �ssea no Brasil, passando de 55 para 35 anos, a fim de se alinhar com os demais bancos de registros mundiais.”

O poder da esperan�a


O empres�rio Joel�sio Fraga de Souza, de 57 anos, de Vit�ria da Conquista (BA), conta que h� 13 anos, em passeio por Portugal, sofreu um acidente e teve uma fissura na costela. Na �poca, foi medicado e tratado. Em mar�o do ano passado, ele voltou a sentir dores na mesma costela. Foi ao ortopedista e, depois de uma radiografia, foi medicado e recebeu ainda uma cinta, alegando se tratar de uma fissura. Dois dias depois, ele lembra que a dor espalhou para as costas. Foi parar em um hospital e, ap�s alguns exames, o plantonista pediu para que ele investigasse o problema.


“De imediato, procurei um oncologista, por pura intui��o, que interveio com exames mais espec�ficos, confirmando, portanto, se tratar de um mieloma m�ltiplo, ou seja, c�ncer na medula �ssea. Recebi com muita naturalidade e fiquei ansioso para iniciar o tratamento o mais r�pido poss�vel. Tomei algumas vacinas por conta das defesas do organismo e fui encaminhado para o Oncobio, em Nova Lima. Tive uma consulta com a hematologista, que prescreveu quimioterapia e outros procedimentos. Retornei para Vit�ria da Conquista e iniciei o tratamento com dura��o de quatro meses. Em agosto de 2022, retornei a Belo Horizonte, quando foram coletadas as c�lulas para fazer o transplante. Em outubro, fui internado e o transplante de medula �ssea foi feito”, disse.


Joel�sio enfatiza que receber o diagn�stico de c�ncer n�o � nada f�cil, sobretudo um tipo n�o t�o comum e que muitos profissionais da sa�de desconhecem, pelo fato de os sintomas se assemelharem a outras patologias. “Entretanto, como sempre soube lidar com as adversidades, aceitei – acho importante voc� se reconhecer como portador de uma doen�a s�ria, que pode levar � morte se n�o tratada previamente – e corri contra o tempo. Pensei no doador, mas sem criar expectativas. A minha maior ang�stia, num primeiro momento, era saber se o plano de sa�de cobriria um tratamento t�o caro.”


Apesar de sentir medo em certos momentos, Joel�sio destaca que a f� em Deus e em Nossa Senhora foi fundamental para que ele se mantivesse firme, forte e esperan�oso. “Tanto � que, durante os procedimentos, n�o precisei da presen�a f�sica de acompanhantes, a n�o ser no processo do transplante, porque faz parte do protocolo.”