Mulher branca grávida deitada na cama de roupas brancas

O excesso de iodo pode causar problemas de sa�de, como o hipotireoidismo neonatal.

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A sa�de do feto sofre forte influ�ncia dos micronutrientes (vitaminas e minerais) existentes no organismo da gestante. Um dos mais importantes nutrientes nesse sentido � o iodo, por seu papel chave no neurodesenvolvimento fetal. Trata-se do mineral respons�vel por trazer informa��es celulares, tanto metab�licas quanto nutricionais, que resultam no desenvolvimento cerebral, de acordo com estudos antropol�gicos importantes sobre iodo e DHA, um dos componentes do �mega-3.

A obstetra Bruna Pitaluga explica que o iodo se relaciona ao neurodesenvolvimento do feto por causa de sua participa��o na produ��o do horm�nio tireoidiano materno, principalmente na primeira metade da gesta��o. "O feto � dependente do horm�nio da tireoide para o desenvolvimento neuronal, especialmente a mieliniza��o, respons�vel pela produ��o da mielina, subst�ncia que permite com que o impulso nervoso seja conduzido muito mais rapidamente. E a tireoide fetal se desenvolve por volta de 10 a 12 semanas de gesta��o, tornando-se funcional entre 16 e 20 semanas de gesta��o", informa.

Mulher branca sorrindo com cabelos médios vestindo social branco

M�dica obstetra Bruna Pitaluga

Ag�ncia/Divulga��o


Neste sentido, destaca Bruna, a defici�ncia de iodo � a principal causa (evit�vel) de comprometimento do neurodesenvolvimento fetal. "A falta severa desse nutriente (ingest�o materna do mineral menor do que 20 ug/d a 25 ug/d), pode resultar em defici�ncia intelectual grave com d�ficits neuromotores predominantes, incluindo estrabismo, surdez-mutismo, dist�rbios de marcha e coordena��o", afirma.

 


O excesso de iodo tamb�m pode causar problemas de sa�de, como o hipotireoidismo neonatal. A participa��o da placenta � fundamental nesse sentido. A obstetra explica que o �rg�o � respons�vel por transportar ativamente o iodo da m�e para o feto, com o objetivo de fornecer o iodeto para a s�ntese do horm�nio tireoidiano.

Segundo Bruna, em condi��es normais, os tecidos embrion�rios t�m um conjunto de mecanismos de seguran�a (alguns deles barreiras f�sicas) para proteger seu desenvolvimento, sendo a placenta um deles. "Ela � uma das respons�veis por controlar a transfer�ncia desses horm�nios da tireoide materna para o organismo fetal, evitando que ele seja exposto �s mesmas flutua��es plasm�ticas que ocorre na corrente sangu�nea da m�e", diz.

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"Quando h� excesso de iodo, a fun��o da tireoide fica comprometida, interferindo na produ��o de um horm�nio chamado tiroxina (T4), que deve passar pela placenta", explica a obstetra. Segundo Bruna, mesmo acostumada com muito horm�nio tireoidiano, em fun��o de uma enzima chamada deiodinase 3, chega um momento em que a placenta n�o suporta mais a sobrecarga hormonal, deixando o organismo do feto desprotegido, acarretando diversos problemas para sua sa�de.

A obstetra destaca a necessidade de avaliar os valores de iodo urin�rio, para evitar que esses problemas aconte�am, enfatizando que o n�mero considerado normal � acima de 150. Contudo, para que essa avalia��o ocorra da melhor maneira poss�vel � imprescind�vel, segundo  Bruna, ressaltar a import�ncia do conhecimento sobre a fisiologia do iodo na gesta��o, assim como a atua��o da fun��o tireoidiana e sua produ��o hormonal, a passagem de T4 e T3 pela placenta e a s�ntese de deiodinase 3. "Levar todos estes fatores em considera��o � fundamental para compreender a condi��o como um todo e n�o considerar os n�meros apenas", diz.

De acordo com Bruna, o ideal � que a quantidade de iodo seja avaliada e ajustada conforme a necessidade, evitando excessos e defici�ncias, tendo em vista que o exame complementar e o valor apresentado s�o uma refer�ncia. "A avalia��o principal deve ter como base a paciente e o desenvolvimento fetal na gesta��o, incluindo todos os elementos fisiol�gicos influenciadores. Al�m disso, � essencial direcionar o acompanhamento para cada gestante, compreendendo suas individualidades e caso cl�nico."