criança agasalhada bebendo café

Muitas crian�as crescem vendo os pais tomarem a bebida e se interessam. Mas o caf� n�o � recomendado para menores de dois anos

StockSnap/Pixabay
Ah, o cheirinho de caf�… quantas mem�rias podem ser associadas ao aroma? Para alguns, tal ess�ncia remete ao aconchego, ao fim de tarde e � casa de av�; para outros, �s demandas do trabalho, � correria do dia a dia e �s noites mal dormidas. Para certas pessoas, ainda, refere-se a ambas as situa��es. Isso porque entre um sopro e um gole, o caf� est� em tudo, in�meros contextos e momentos, n�o somente para os adultos.

Muitas crian�as crescem vendo os pais tomarem a bebida e se interessam. Por vezes, experimentam e gostam. Outras n�o gostam, mas apreciam a sensa��o de “gente grande” que a x�cara em m�os provoca. H�, tamb�m, adolescentes que, diante da urg�ncia da hiperconectividade, se veem incentivados a entrar no ritmo da acelera��o, no qual as dicas tradicionais de produtividade j� n�o funcionam. � preciso encontrar uma subst�ncia que d� mais energia:a cafe�na.

Mas, aten��o, o caf� n�o � recomendado para crian�as menores de dois anos, conforme alertou a nutricionista infantil Sabrina Galdino. Antes dessa idade, a cafe�na pode atrapalhar o sono, j� que ainda n�o � metabolizada pelos pequenos.

Ap�s os dois anos, at� pode fazer parte da alimenta��o, desde que em quantidade reduzida e acompanhada do leite, pois h� o risco de alterar a press�o arterial e a frequ�ncia card�aca. No geral, a ingest�o de caf� deve ser limitada at� o final da adolesc�ncia.
 
Vitor Prata, nutricionista infanto-juvenil, acrescenta que o consumo de cafe�na entre crian�as e adolescentes brasileiros est� acima do limite recomendado pela Organiza��o Mundial da Sa�de (2,5 mg/kg/dia, para o p�blico de 4 a 12 anos), segundo estudo publicado na revista Cadernos de Sa�de P�blica, em 2016.

Al�m disso, o uso de bebidas energ�ticas, que muitas vezes cont�m a subst�ncia, � comum e pode levar a efeitos adversos, como taquicardia, ins�nia e nervosismo. O risco de obesidade tamb�m � uma das consequ�ncias do consumo geral da cafe�na.

Nesse contexto, evidentemente, o caf� n�o � o maior vil�o. “Refrigerantes de cola, chocolates, energ�ticos e determinados ch�s, como o mate e o preto, tamb�m possuem a tal subst�ncia e, ingeridos de forma indiscriminada, s�o igualmente prejudiciais”, lembra Sabrina.

De toda maneira, se os pequenos apreciam essas bebidas, � recomendado que optem por consumi-las segundo o limite indicado pela OMS e pela manh�, visto que a cafe�na pode ficar no organismo por cerca de seis horas. Para as gr�vidas e as lactantes, as orienta��es s�o semelhantes — evitar ou diminuir a ingest�o — em vista da sa�de dos beb�s.
E o caf� com leite ou o descafeinado, s�o menos prejudiciais? Se comparado ao caf� comum, que cont�m altos n�veis de cafe�na, sim. Por�m, ainda possuem a subst�ncia em quantidades significativas e, portanto, caso sejam consumidos em excesso, tamb�m apresentam efeitos negativos.

Entusiasta da bebida

xícara tombada com grãos de café saindo dela e espalhados pela mesa

No geral, a ingest�o de caf� deve ser limitada at� o final da adolesc�ncia

Chris/Pixabay

A estudante de geologia Let�cia Albernaz, 20 anos, n�o se lembra exatamente com qual idade despertou seu gosto por caf�, por�m recorda que, ainda muito crian�a, ao acompanhar a m�e no trabalho, gostava de observar as pessoas tomando caf� na copa, onde ficava. L�, come�ou a experimentar a bebida com — muito — a��car. “Eu me sentia muito adulta e fingia estar trabalhando”, conta, aos risos. “Minha m�e regulava a quantidade, mas percebo que foi neste momento que meu v�cio come�ou.”

O que a jovem mais aprecia na bebida � o h�bito de parar e curtir o momento e o sabor. Com o tempo, ali�s, aprendeu a consumi-la sem a��car, n�o t�o quente, pura ou do tipo “cold brew”, conhecido como o caf� gelado. No que tange � frequ�ncia do consumo, reconhece que, hoje, consegue regular melhor, ingerindo no m�ximo duas x�caras por dia, de manh� e ap�s o almo�o.

No ensino m�dio, entretanto, o v�cio em caf�, alimentado pela tens�o do vestibular, causava-lhe ansiedade. Certa vez, em um pico de irrita��o e estresse, percebeu que a cafe�na poderia estar por tr�s dos sintomas. Foi hora de parar. “Vez ou outra, ainda me vejo ansiosa com o trabalho e acabo bebendo mais caf� do que deveria. Ent�o, tento me frear e tomar mais �gua. Ultimamente, tamb�m tenho tomado mais ch�s, de camomila ou maracuj�”, explica.

Alerta aos pais

De acordo com o nutricionista infanto-juvenil Vitor Prata, h� contextos de sa�de em que os pequenos n�o devem, de forma alguma, consumir cafe�na, s�o eles: transtornos de ansiedade ou transtornos do sono, gastrite, refluxo gastroesof�gico e doen�as cardiovasculares. “� importante ressaltar que qualquer altera��o na dieta de crian�as e adolescentes deve ser feita sob orienta��o de um profissional de sa�de, como um pediatra ou nutricionista”, completa.

*Estagi�ria sob a supervis�o de Sibele Negromonte