Epidemiologista José Geraldo Leite Ribeiro

O epidemiologista Jos� Geraldo Leite Ribeiro explica que eventualmente outros influenza A de origem avi�ria chegaram a atingir humanos, mas nunca com transmiss�o interhumna

Roberto Staino/Divulga��o
 Como � transmiss�o? Quais os sintomas? E o tratamento para a gripe avi�ria? Com a morte de uma mulher, de 56 anos, na China, infectada pelo subtipo do v�rus da influenza, H3N8, d�vidas e perguntas chegam at� a popula��o diante de uma nova amea�a da doen�a se espalhar pelo mundo. O v�rus, que circula desde 2022, at� agora n�o tinha feito v�timas humanas, conforme a Organiza��o Mundial da Sa�de (OMS).

  Jos� Geraldo Leite Ribeiro, pediatra, epidemiologista e mestre em medicina tropical, professor em�rito da Faculdade de Ci�ncias M�dicas de Minas Gerais e assessor cient�fico do Grupo Hermes Pardini, ensina que "os v�rus influenza infectam todos os animais de interesse de produ��o, aves, bovinos, caprinos, porcos, mas o maior risco de uma ponte direta de um v�rus desses animais para o homem � realmente em rela��o a influenza avi�ria".

Jos� Geraldo explica que, eventualmente, ocorrem �bitos causados por v�rus da influenza avi�ria em humanos, esporadicamente. "Mas nenhum destes v�rus adquiriu ainda a capacidade de se transmitir entre os humanos. Geralmente, os que tem adoecido s�o pessoas que cuidam diretamente de aves, s�o infecatdos e t�m doen�a grave. Mas n�o h� registro de transmiss�o interhumana desse v�rus avi�rio at� o momento".

O epidemiologista destaca que, embora com sintomas semelhantes � influeza, os quadros causados por esses v�rus de origem avi�ria costumam ser mais graves, "com percentual de �bito maior do que os relacionados aos v�rus influenza do homem".

A gripe avi�ria tem v�rios subtipos de v�rus H5N1, H5N8, H7N9 ou H9N2. O H3N8 � o mais recente. Jos� Geraldo Leite Ribeiro explica que "sim, esse � o �ltimo tipo de preocupa��o, mas eventualmente outros influenza A de origem avi�ria chegaram a atingir humanos, mas nunca com transmiss�o interhumna. E essa � a grande preocupa��o e motivo de vigil�ncia epidemiol�gica da Organiza��o Mundial da S�ude (OMS). Claro, falando de sa�de humana, porque tamb�m h� um potencial de impacto econ�mico destes bichos, principalmente nos criadores de aves, muito importante".

Cavalos e focas

Cristiano Galvão de Melo, infectologista e coordenador da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar do Hospital Vila da Serra,

Cristiano Galv�o de Melo, infectologista do Hospital Vila da Serra, destaca que o H3N8 n�o tem a capacidade de infec��o em humanos e a transmiss�o � muito dif�cil

Arquivo pessoal
Cristiano Galv�o de Melo, infectologista e coordenador da Comiss�o de Controle de Infec��o Hospitalar do Hospital Vila da Serra, explica que "o v�rus H3N8 � um v�rus influenza A e os casos que foram relatados de transmiss�o para humanos foram provenientes de contamina��o de contatos com aves. N�o � um v�rus que circula, exclusivamente, em aves, ele j� foi detectado em popula��es de cavalos e focas, por exemplo. Mas os casos que temos de transmiss�o s�o de aves".
 
Conforme o infectologista, o potencial de contamina��o desse v�rus � baixo, � um v�rus adapt�vel em popula��o avi�ria, ent�o, foram pouqu�ssimos casos relatados em humanos, como esse recente na China: "Esse v�rus n�o tem potencial importante de infec��o em humanos, ele �, especialmente, adptado para a popula��o avi�ria". 

V�rus da COVID-19

Cristiano Galv�o de Melo destaca que "tivemos esse caso de morte anunciada na China, mas a princ�pio o que vemos de movimenta��o do v�rus e de an�lises em laborat�rio � um v�rus que ainda n�o preocupa e n�o coloca a popula��o em alerta, justamente, porque ele n�o tem a capacidade de infec��o em humanos e a transmiss�o � muito dif�cil. E mesmo que ocorra essa transmiss�o, o v�rus ter� dificuldade em provocar doen�a em seresn humano. Ent�o, no momento, n�o tem nenhum alarme, risco, nada que possamos nos preocupar com dissemina��o como ocorreu com a COVID-19".  
 
Conforme o infectologista, os sintomas s�o basicamente os mesmos de uma gripe que todos j� conhecem: tosse, dor de garganta, mal-estar e febre. "A diferen�a nos casos de H3N8 � que a progress�o da doen�a � muito r�pida e com complica��es mais graves, como pneumonia grave e insufici�ncia respirat�ria. Ent�o, o in�cio dos sintomas � semelhante, o que diferencia � a intensidade e a progress�o da doen�a que � extremamente r�pida porque o v�rus n�o est� acostumado a infectar seres humanos"

Cristiano Galv�o de Melo destaque que "foi feito o rastreamento dos contatos em todos os casos j� notificados, mais o �bito na China, e n�o foi identificado a transmiss�o interhumanos. Ent�o, al�m de ser um v�rus que tem dificuldade de se transmitido de aves para pessoas, mesmo quando seres humanos s�o infectados, o v�rus n�o em capacidade de infectar um ser humano em contato com outro ser humano. Da� n�o haver motivo de preocupa��o de infec��o entre as pessoas".  

O que se sabe

O v�rus H3N8 foi detectato pela primeira vez na Am�rica do Norte e era considerado, at� agora, como suscet�vel de ser transmitido para cavalos, c�es e le�es marinhos e, principalmente, em p�ssaros.

No entanto, em abril e maio de 2022, foi detectado sua presen�a em humanos na China. At� ent�o sem causar mortes. Mas no dia 3 de mar�o de 2023, uma chinesa foi hospitalizada com pneumonia grave e faleceu em 16, v�tima da gripe avi�ria, segundo confirmou a OMS. "A paciente tinha m�ltiplas condi��es subjacentes" e "antecedentes de exposi��o a aves de cria��o vivas antes do aparecimento da doen�a e antecedentes de presen�a de aves selvagens ao redor de sua casa", disse a entidade em comunicado.

Casos no Brasil 

O Brasil n�o tem registro de gripe avi�ria. Recentemente, foram confirmados focos em aves silvestres e dom�sticas em pa�ses vizinhos, como Argentina, Bol�via, Uruguai, Col�mbia, Venezuela, Chile e Equador.