enfermeira faz mamografia em paciente

O Minist�rio da Sa�de segue a resolu��o da OMS mas, especialistas da �rea, como a Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM) j� indicam o exame para as brasileiras mais jovens

Drazen Zigic/Freepik
A mamografia � atualmente recomendada ap�s os 50 anos pela Organiza��o Mundial de Sa�de (OMS). Mas deve ter indica��o para pessoas mais novas? O aumento constante nos diagn�sticos de c�ncer em mulheres jovens foi o que motivou autoridades de sa�de dos Estados Unidos a responderam essa pergunta lan�ando um novo protocolo de preven��o � doen�a: agora, mulheres americanas a partir dos 40 devem fazer o exame a cada dois anos. Mas e aqui? O Minist�rio da Sa�de segue a resolu��o da OMS mas, especialistas da �rea, como a Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM) j� indicavam o exame para as brasileiras mais jovens. No Brasil, cerca de 7% da popula��o, segundo o IBGE, seriam afetadas, um contingente de 14 milh�es. 

"O n�mero de casos vem subindo em todo mundo. A recomenda��o do Minist�rio est� ligada ao custo-benef�cio para a sa�de p�blica tamb�m, mas as sociedades e os m�dicos j� vem indicando o exame para mulheres acima dos 40 anos. A tend�ncia � que isso mude tamb�m no SUS. ï¿½ fundamental, no entanto, ampliar tamb�m o acesso ao exame, que ainda � distribu�do de forma muito desigual pelo Brasil, al�m da dissemina��o de informa��o. Estudos mostram que s� 20% das mulheres realizam o exame corretamente no pa�s", explica Daniel Gimenes, da Oncocl�nicas.
 
c�ncer de mama ï¿½ o segundo tipo mais comum entre as mulheres (atr�s apenas do de pele n�o melanoma). Afetando em sua absoluta pessoas do sexo feminino (99%), o volume corresponde a 11,7% de todos os diagn�sticos de c�ncer no mundo. No Brasil, proje��es do Instituto Nacional do C�ncer (INCA) mostram que ao menos 74 mil dessas pessoas est�o em territ�rio nacional, um n�mero de novos casos que tende a se repetir nas estat�sticas de 2023 a 2025. De acordo com os dados mais recentes da Organiza��o Mundial da Sa�de (OMS), a doen�a teve 2,26 milh�es de casos identificados em 2020.
 
Diversos estudos mostram que a redu��o da mortalidade por c�ncer de mama pode ter um impacto de 25% a 40% por conta da mamografia. "Quando a doen�a � descoberta cedo, os tratamentos podem ser menos agressivos, melhorando a qualidade de vida do paciente, al�m de terem uma maior chance de sucesso. A boa not�cia � que 95% dos diagn�sticos precoces t�m chances de cura", complementa.

Como � feita a mamografia

A mamografia � um exame que tem o objetivo de avaliar o tecido mam�rio. "Contudo, ela n�o deve ser feita apenas quando existe suspeita de c�ncer de mama. � fundamental que seja inclu�da nos exames de rotina anualmente. Vale lembrar ainda que, caso haja hist�rico familiar da doen�a na fam�lia, a mamografia deve ser realizada a partir dos 35 anos", destaca Daniel Gimenes, da Oncocl�nicas. 

O mastologista comenta que, geralmente, o procedimento pode durar cerca de 20 minutos. "Atrav�s de duas placas, as mamas s�o pressionadas na horizontal e vertical para a avalia��o adequada. O exame pode causar um pouco de desconforto, mas a compress�o � r�pida e a dor passageira. Para um maior conforto da paciente, � recomendado que o agendamento seja realizado para alguns dias ap�s a menstrua��o, per�odo em que as mamas est�o menos sens�veis".


Daniel Gimenes complementa que o exame n�o � recomendado caso a mulher esteja amamentando ou gr�vida. Em situa��es como essa, o m�dico poder� solicitar outros exames de rastreamento que n�o sejam prejudiciais para a m�e e para o beb�, como o ultrassom.

Desafios no combate ao c�ncer de mama no Brasil passam por reflexos da pandemia

Um recente estudo de pesquisadores do Grupo Oncocl�nicas mostra as consequ�ncias da pandemia em casos de c�ncer de mama no Brasil. Entre os pontos trazidos pela an�lise, h� evid�ncias de que o atraso na realiza��o de exames preventivos no per�odo marcado pela COVID-19, o que levou a um aumento importante no n�mero de pessoas que chegavam aos hospitais j� em est�gios avan�ados da doen�a. Os dados, publicados recentemente pela prestigiada revista cient�fica internacional JCO Global Oncology, apontam que houve um aumento de 4% no n�mero de pacientes que identificaram o tumor em est�gio avan�ado. E uma queda de 6% nos casos diagnosticados em est�gio inicial.
Esse foi o primeiro estudo a mostrar tais impactos da pandemia entre a popula��o brasileira. Foram consideradas para a an�lise uma amostragem de 11.700 mulheres de diversos estados do Brasil, das cinco regi�es, que chegaram ao diagn�stico de c�ncer em 2020 e 2021 (6.500 mulheres), em compara��o com aqueles que chegaram em 2018 e 2019 (5.200 mulheres), antes da pandemia. 

E, embora tenha sido observada uma “certa retomada” ao comparecimento para as mamografias em 2022, conforme aponta a Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM), o n�mero ainda � muito inferior ao recomendado pela Organiza��o Mundial da Sa�de (OMS): apenas 25% das mulheres acima de 40 anos realiza o procedimento a cada dois anos; o ideal � 70% de cobertura. Vale lembrar que o diagn�stico do c�ncer de mama, quando feito no in�cio, faz com que ele seja altamente cur�vel, chegando a um �ndice de 95% das situa��es. 

Para o oncologista, os efeitos gerados pela COVID-19 para a sa�de como um todo podem representar uma oportunidade para rever e adaptar o rastreamento do c�ncer em pa�ses com recursos limitados, como o Brasil. “Dados como os trazidos pelo estudo da Oncocl�nicas lan�am luz sobre os reflexos da pandemia no combate ao c�ncer de mama e nos trazem a necessidade de refor�ar a mensagem: diagn�stico precoce salva vidas, n�o deixe de colocar seus exames preventivos em dia, sempre em linha com o acompanhamento m�dico”, sintetiza Daniel Gimenes.