câncer de pâncreas

c�ncer de p�ncreas

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S�O PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O adenocarcinoma ductal pancre�tico (PDA, em ingl�s) � um dos tipos de c�ncer com maior taxa de mortalidade no mundo. Parte do problema est� no diagn�stico tardio, uma vez que a doen�a n�o leva ao aparecimento de sinais e sintomas nos est�gios iniciais. A outra parte est� relacionada � resist�ncia � terapia, um quebra-cabe�as que, na �ltima semana, ganhou uma nova pe�a, descrita em artigo publicado na revista Nature.

No texto, 29 pesquisadores das universidades de Michigan, Chicago e Washington em St. Louis, nos Estados Unidos, e do Instituto de Pesquisa do C�ncer (ICR), na Inglaterra, mostram que as c�lulas desse tipo de tumor conseguem mudar sua fonte de energia quando n�o h� glicose dispon�vel.

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De acordo com o grupo, em um cen�rio de falta de a��car, ocorre a utiliza��o da uridina presente no microambiente tumoral. Isso � poss�vel porque uma enzima conhecida como uridina fosforilase-1 quebra a uridina em duas partes, entre as quais uma forma diferente de a��car, a ribose. Essa alternativa garante a sobreviv�ncia e a prolifera��o das c�lulas tumorais.

Na an�lise dos cientistas convidados pela Nature para avaliar o artigo —a chamada revis�o por pares—, a pesquisa n�o pode ser considerada in�dita porque estudos anteriores j� apontavam o uso da uridina em contextos de priva��o de glicose, mas � importante por demonstrar essa utiliza��o no PDA.

Os pesquisadores partiram do impacto de 175 poss�veis nutrientes em 21 linhagens celulares em um ambiente de restri��o de glicose. Eles examinaram como os nutrientes eram usados pelas c�lulas tumorais ao longo do tempo e, a partir dos resultados, canalizaram a aten��o para a uridina.

O principal crit�rio para a peneira foi a correla��o entre os padr�es de utiliza��o dos nutrientes pelas c�lulas e a express�o de genes associados a esses compostos. No caso da uridina, eles observaram uma liga��o direta com o gene UPP1, que codifica a uridina fosforilase-1.

Al�m disso, a equipe verificou que, embora em diferentes n�veis, todas as linhagens celulares testadas utilizaram uridina, sugerindo tratar-se de um combust�vel metab�lico amplamente empregado. Tamb�m chamou a aten��o o fato de, ao contr�rio do esperado, as c�lulas usarem um nucleos�deo (formados por um a��car e uma base nitrogenada), e n�o carboidratos, e de ser um processo ainda n�o explorado no contexto do PDA.

Definido o metab�lito, o grupo iniciou uma s�rie de ensaios. Em um deles, realizado com camundongos, a equipe verificou que o bloqueio do UPP1 impedia a utiliza��o da uridina pelas c�lulas cancerosas e interrompia o crescimento do tumor.

"Como pr�ximo passo, exploraremos maneiras de usar a uridina para monitorar as respostas terap�uticas existentes no c�ncer pancre�tico e, com sorte, desenvolver novos medicamentos direcionados ao UPP1", contou Anguraj Sadanandam, um dos autores do estudo, na nota divulgada pelo ICR.

"Esperamos que nossos esfor�os de pesquisa levem a novas estrat�gias de tratamento para pessoas diagnosticadas com c�ncer pancre�tico", complementou.