ilustração do corpo humano com destaque para o fígado

A hepatite viral causada pelos v�rus B e C pode ser transmitida entre pessoas por meio de rela��es sexuais sem preservativo, transfus�es de sangue, compartilhamento de agulhas contaminadas ou de objetos de higiene pessoal entre outras

julien Tromeur/Unsplash
O m�s de maio, que leva a cor vermelha, traz a import�ncia de um olhar cuidadoso para as hepatites, principalmente B e C, que podem resultar em c�ncer de f�gado. Segundo dados do American Cancer Society, a incid�ncia da neoplasia triplicou desde 1980, dobrando tamb�m as taxas de mortalidade pela doen�a. Anualmente, cerca de 800 mil pessoas s�o diagnosticadas com c�ncer de f�gado no mundo. No Brasil, segundo o Instituto Nacional do C�ncer (Inca), � estimado para cada ano do tri�nio 2023-2025 cerca de 10.700 casos - sendo 6.390 em homens e 4.310 em mulheres.

Dentre os fatores de risco para o desenvolvimento da doen�a, mundialmente as hepatites virais causadas pelos v�rus B ou C s�o a causa mais comum. Vale lembrar ainda que esse tipo de infec��o tamb�m pode levar � cirrose hep�tica, que ocorre quando o tecido hep�tico normal � substitu�do pelo cicatricial n�o funcional, danificando o �rg�o.

“A hepatite viral causada pelos v�rus B e C pode ser transmitida entre pessoas atrav�s de rela��es sexuais sem preservativo, transfus�es de sangue, compartilhamento de agulhas contaminadas ou de objetos de higiene pessoal (como l�minas de barbear, depilar, alicates de unha, entre outros) ou durante o parto. Como forma de preven��o, a vacina contra hepatite B � oferecida gratuitamente pelo SUS. Al�m disso, apesar de n�o existir uma vacina para a infec��o pelo v�rus C, os novos tratamentos, tamb�m oferecidos de forma gratuita na rede p�blica, possuem chance de cura em cerca de 90% dos casos", explica o Dr. Artur Rodrigues Ferreira, oncologista do Grupo Oncocl�nicas. Segundo a Organiza��o Mundial da Sa�de, � estimado que 354 milh�es de pessoas tenham hepatite B ou C.

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Al�m da hepatite B e C, outros fatores podem desencadear o c�ncer de f�gado

  • Cirrose (inflama��o cr�nica no f�gado);
  • Algumas doen�as hep�ticas heredit�rias, como hemocromatose (ac�mulo de ferro no organismo) e doen�a de Wilson (ac�mulo de cobre no organismo);
  • Diabetes;
  • Doen�a hep�tica gordurosa n�o alco�lica (DHGNA), que causa ac�mulo de gordura no f�gado;
  • Exposi��o a aflatoxinas (venenos produzidos por fungos que crescem em determinados alimentos quando n�o s�o armazenados corretamente e ficam expostos � umidade, como alguns tipos de gr�os e castanhas);
  • Consumo excessivo de bebidas alco�licas.

Tipos de c�ncer de f�gado

Dentre os tipos de c�ncer de f�gado, o carcinoma hepatocelular, que se inicia nos hepat�citos (c�lulas localizadas no f�gado) � o mais comum: "Vale lembrar ainda que ele � o mais frequente nos pacientes com doen�as hep�ticas cr�nicas, como a cirrose, podendo ser proveniente do consumo excessivo do �lcool ou de uma hepatite B ou C, por exemplo", comenta o oncologista.

Outros tipos da doen�a podem incluir:
  • Colangiocarcinoma – proveniente dos ductos biliares do f�gado;
  • Hepatoblastoma – neoplasia rara que atinge rec�m-nascidos e crian�as, ocorrendo predominantemente abaixo dos tr�s anos, sendo raro ap�s o quinto ano de idade; e
  • Angiossarcoma – c�ncer igualmente raro que se origina nos vasos sangu�neos do f�gado.
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Hepatites B ou C sempre ir�o resultar em c�ncer de f�gado?

"Felizmente, n�o. As hepatites B e C, apesar de serem um fator de risco, n�o necessariamente determinar�o o desenvolvimento da neoplasia, ou seja, apenas uma parcela dos pacientes ir� evoluir para o c�ncer de fato. No entanto, adotar medidas de preven��o ao v�rus � essencial para frear as estat�sticas da doen�a", explica Artur Ferreira.

Sintomas e sinais do c�ncer de f�gado

De acordo com o oncologista do Grupo Oncocl�nicas, grande parte dos pacientes n�o ir� apresentar sintomas nos est�gios iniciais do c�ncer prim�rio de f�gado. No entanto, caso se manifestem, � importante ficar de olho em:
  • Emagrecimento sem causa identific�vel;
  • Perda do apetite;
  • Dor na parte superior do abd�men;
  • N�usea e v�mito;
  • Sensa��o de fraqueza e fadiga;
  • Incha�o abdominal (ascite);
  • Presen�a de massa abdominal;
  • Surgimento de icter�cia, que � caracterizada pela colora��o amarelada da pele e no interior dos olhos;
  • Fezes brancas e com colora��o esbranqui�ada (apar�ncia de giz).

Diagn�stico do c�ncer de f�gado

Justamente por ser uma doen�a silenciosa, nem sempre � f�cil diagnosticar o c�ncer de f�gado precocemente: "Geralmente, n�o s�o solicitados exames de rastreamento para o carcinoma hepatocelular na popula��o em geral. Mas, eles podem e devem ser recomendados em casos espec�ficos, como nos pacientes com cirrose hep�tica, ou ainda infec��o cr�nica por hepatite B", diz o especialista.

Ao avaliar cada caso, o m�dico pode solicitar

  • Exames laboratoriais, como os de sangue, que avaliam a fun��o do f�gado e a alfa-fetoprote�na (AFP, um marcador tumoral);
  • Exames de imagem, como ultrassonografia, tomografia computadorizada e resson�ncia magn�tica, para visualizar a exist�ncia de tumores, sua extens�o e se eles se espalharam para outras partes do corpo;
  • Bi�psia do f�gado, em que uma agulha � colocada dentro da les�o para retirar uma amostra para an�lise no microsc�pio que determina se ela � maligna ou benigna; em se tratando do carcinoma hepatocelular, nem sempre a bi�psia ser� necess�ria, pois achados espec�ficos dos exames de imagem em associa��o com as informa��es cl�nicas do paciente podem estabelecer o diagn�stico;
  • Cirurgia laparosc�pica, somente em casos espec�ficos, que permite visualiza��o direta do �rg�o e  bi�psia.

Op��es de tratamento do carcinoma hepatocelular

“Dentre as abordagens de tratamento, podem ser feitas a remo��o cir�rgica, transplante hep�tico, abla��es e emboliza��es hep�ticas, radioemboliza��o, imunoterapia, terapias-alvo e, menos frequentemente, a quimioterapia. Mas, apenas ap�s discuss�o multidisciplinar, a melhor modalidade de tratamento dever� ser indicada", explica o oncologista.