Exerc�cios f�sicos resistidos ajudam na preven��o e atraso do Alzheimer
Pesquisadores da Unifesp e USP mostram que a pr�tica de exerc�cios resistidos � ben�fica para pacientes com Alzheimer, uma terapia simples e acess�vel
Exerc�cios f�sicos resistidos, como a muscula��o, podem prevenir ou ao menos retardar o surgimento de sintomas relacionados ao Alzheimer
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Exerc�cios f�sicos resistidos, como a muscula��o, podem prevenir ou ao menos retardar o surgimento de sintomas relacionados ao Alzheimer, servindo como uma terapia de f�cil acesso para pacientes com a doen�a. Essa descoberta foi publicada por cientistas da Universidade Federal de S�o Paulo (Unifesp) e da Universidade de S�o Paulo (USP) na revista Frontiers in Neuroscience.
Embora os idosos e pacientes com dem�ncia possam ter dificuldade em fazer exerc�cios aer�bicos de alta intensidade, como corrida, essas atividades t�m sido o foco da maioria das pesquisas cient�ficas sobre Alzheimer. A Organiza��o Mundial da Sa�de (OMS), no entanto, sugere o exerc�cio resistido como a melhor op��o para manter o equil�brio e a postura, prevenindo quedas.
Caracterizado por contra��es de m�sculos espec�ficos contra uma resist�ncia externa, o exerc�cio resistido � uma estrat�gia fundamental para aumentar a massa muscular, a for�a e a densidade �ssea, al�m de melhorar a composi��o corporal, a capacidade funcional e o equil�brio. Tamb�m ajuda a evitar ou reduzir a sarcopenia (fraqueza muscular), facilitando as atividades di�rias.
Segundo Simone de Paula Pessoa Lima, geriatra da Sa�de no Lar, a atividade f�sica j� demonstra, n�o � de hoje, ter efeitos muito positivos na redu��o do risco de desenvolvimento de v�rias doen�as, entre elas, alguns tipos de dem�ncia. Consegue tamb�m atrasar a progress�o em pacientes j� diagnosticados.
"Isso acontece porque a pr�tica de atividades f�sicas regulares ajuda a melhorar a sa�de cardiovascular, aumentando a circula��o sangu�nea e o fornecimento de oxig�nio ao c�rebro; bem como estimula a produ��o de fatores que promovem a forma��o de novas conex�es entre os neur�nios (plasticidade cerebral) ajudando a compensar as perdas causadas pela doen�a e mantendo a fun��o cognitiva por mais tempo."
Al�m disso, a geriatra cita a redu��o da inflama��o e do estresse oxidativo, que est�o associados ao desenvolvimento e � progress�o de dem�ncias, a melhora do humor, a redu��o do estresse e a estimula��o da intera��o social, trazendo in�meros efeitos positivos para o bem-estar emocional do paciente.
"Pesquisas como essa s�o fundamentais pois continuam pontuando sobre a efic�cia da atividade f�sica pensando em um envelhecimento saud�vel e como forma de prevenir doen�as que possam surgir nesse per�odo da vida."
Vale ressaltar que, a partir dos 60 anos, homens e mulheres devem come�ar a fazer acompanhamento com geriatra. Caso o indiv�duo note qualquer mudan�a comportamental, vale procurar o especialista e realizar a investiga��o necess�ria. Quanto mais cedo conseguir dar um diagn�stico, mais cedo se inicia tamb�m as interven��es para manter a qualidade de vida. Temos mais chance de os tratamentos serem assertivos e eficazes.
Experimentos com camundongos
Para estudar os efeitos neuroprotetores dessa pr�tica, pesquisadores dos departamentos de Fisiologia e Psicobiologia da Unifesp e de Bioqu�mica do IQ-USP (Instituto de Qu�mica da Universidade de S�o Paulo) fizeram experimentos com camundongos transg�nicos portadores de uma muta��o que provoca ac�mulo de placas beta-amiloide no c�rebro. Essas prote�nas se acumulam no sistema nervoso central, prejudicam a transmiss�o de sinapses e causam danos aos neur�nios, sendo consideradas marcas caracter�sticas da doen�a de Alzheimer.
Durante o estudo, financiado pela Fapesp, os animais foram treinados para subir uma escada de 110 cm de altura, com inclina��o de 80º e degraus espa�ados a cada 2 cm. Uma carga progressiva de 75%, 90% e 100% do peso dos camundongos foi acoplada �s suas caudas. Tal exerc�cio simula o que pode ser feito em equipamentos de academias para esse prop�sito.
Ap�s quatro semanas de treinamento, amostras de sangue dos camundongos foram coletadas e os n�veis de corticosterona (horm�nio equivalente ao cortisol humano, cujo aumento est� relacionado ao estresse e, consequentemente, a um maior risco de desenvolver Alzheimer) foram medidos. As an�lises indicaram que o n�vel desse horm�nio nos animais treinados se normalizou, igualando-se ao do grupo de controle, composto por camundongos saud�veis (sem a muta��o). A an�lise cerebral tamb�m mostrou redu��o na forma��o de placas beta-amiloide.
"Esses resultados confirmam que a atividade f�sica pode reverter altera��es neuropatol�gicas respons�veis pelos sintomas cl�nicos da doen�a", afirma Henrique Correia Campos, coautor do estudo. Os cientistas tamb�m observaram o comportamento dos camundongos em rela��o � ansiedade e constataram que o exerc�cio resistido diminuiu a hiperlocomo��o nos animais com fen�tipo associado ao Alzheimer, igualando-se ao grupo de controle.
"O exerc�cio f�sico resistido se mostra cada vez mais como uma estrat�gia eficaz para prevenir o surgimento dos sintomas de Alzheimer espor�dica, que � multifatorial e pode estar relacionada ao envelhecimento, ou para retard�-los nos casos da forma familiar da doen�a", destaca Beatriz Monteiro Longo, professora de neurofisiologia da Unifesp e coordenadora do trabalho. "A principal poss�vel explica��o para isso � sua a��o anti-inflamat�ria."
Minimizar o d�ficit nas fun��es congnitivas
O estudo em modelo animal foi baseado em uma revis�o de pesquisas publicada pelo mesmo grupo da Unifesp na Frontiers in Neuroscience, que fornece evid�ncias cl�nicas de que os exerc�cios f�sicos resistidos s�o realmente ben�ficos para minimizar o d�ficit nas fun��es cognitivas e comportamentais causadas pelo Alzheimer e podem ser propostos como terapia alternativa acess�vel.
"Al�m de afetar o paciente, a doen�a de Alzheimer tamb�m impacta toda a fam�lia, especialmente se for de baixa renda", comenta Caroline Vieira Azevedo, autora do artigo de revis�o. "Os dois trabalhos fornecem informa��es que podem ser usadas para estimular a cria��o de pol�ticas p�blicas, como a redu��o de gastos ao retardar em dez anos o aparecimento de sintomas em pacientes idosos." Pesquisadores da UFRN (Universidade Federal do Rio Grande do Norte) e Ufop (Universidade Federal de Ouro Preto) tamb�m participaram da investiga��o.
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