Mariana Paculdino Neves

Mariana Paculdino Neves, terapeuta ocupacional da Yuna, diz que a m�sica � utilizada para criar v�nculo terap�utico es tamb�m � uma estimula��o da mem�ria, da aten��o e da linguagem, dependendo do que cada paciente precisa

YUNA/Divulga��o


Utilizada como um recurso terap�utico, a m�sica pode influenciar em aspectos neuro-cognitivos, emocionais, ps�quicos, sociais e no controle de sintomas. Tamb�m pode ser usada tanto em associa��o com outras a��es terap�uticas, como em abordagens individuais e grupais. 

“Diferentemente da musicoterapia, na qual a m�sica � utilizada como uma pr�tica de cuidado que tem seu fim em si mesma, na terapia ocupacional, a m�sica � um meio, um recurso terap�utico, que pode auxiliar a alcan�ar v�rios objetivos, como estabelecer v�nculo terapeuta-paciente, estimular a mem�ria atrav�s da reminisc�ncia, reduzir dor, proporcionar conforto e al�vio ao paciente, aumentar a sensa��o de bem-estar, entre outros”, esclarece Mariana Paculdino Neves, terapeuta ocupacional da Yuna, cl�nica de transi��o de cuidados. 

Na Yuna, a m�sica � a pe�a central da atividade "Caminho da M�sica", idealizada pela terapeuta ocupacional e aplicada pela equipe multidisciplinar, de acordo com a biografia e hist�ria de vida do paciente.  

Segundo Mariana Neves, apesar de serem abordagens diferentes, quando se trata do cuidado em sa�de, as pr�ticas s�o sempre complementares, entendendo que os seres humanos s�o inteiros e individuais, com aspectos f�sicos, ps�quicos, espirituais, sociais e ambientais distintos. A a��o leva em conta a biografia do paciente, de acordo com suas mem�rias afetivas e que possam trazer al�vio e conforto. 

Caminho da M�sica

A atividade "Caminho da M�sica" recebeu carinhosamente esse nome devido � din�mica da terapeuta ao passar pelos corredores cantando: “Inicialmente, tocava e cantava m�sicas diversas, mas, ao despertar a aten��o dos pacientes que pediam can��es que faziam parte da sua hist�ria, senti a necessidade de formatar uma atividade mais direcionada que pudesse n�o s� trazer o est�mulo cognitivo, mas que proporcionasse tamb�m cuidado e tranquilidade aos pacientes e seus familiares".

A iniciativa foi desenvolvida para que fosse criado um est�mulo cognitivo, por meio da m�sica, com os pacientes acamados e que, por limita��es f�sicas ou n�o, t�m dificuldade em sair do leito para atendimentos terap�uticos. Dessa forma, a Mariana passou a entrar nos quartos com o viol�o, cantando can��es repletas de significados aos pacientes.

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“O est�mulo musical, de fato, pode fazer a diferen�a na vida de um paciente e da sua fam�lia e trazer in�meros benef�cios. Por�m, o que realmente difere o trabalho que desenvolvemos � a forma como utilizamos esse recurso associado ao nosso foco na individualidade do paciente e nas suas necessidades, de acordo com sua biografia”, destaca a terapeuta ocupacional.

A m�sica como ferramenta para estimular a mem�ria

De acordo com a terapeuta, a m�sica � utilizada para o estabelecimento do v�nculo terap�utico, mas tamb�m para a estimula��o da mem�ria, da aten��o e da linguagem, dependendo do que cada paciente precisa.

Pode ser utilizada como parte de uma atividade cognitiva proposta ou sendo uma a��o cognitiva como um todo para alcan�ar v�rios objetivos. “Podem ser trabalhados v�rios aspectos, como aten��o, linguagem, sequenciamento, capacidade de escolha, bem como acolhimento, socializa��o e express�o de conte�dos internos”, diz Mariana Neves.

“Alguns estudos apontam que a mem�ria musical � armazenada em regi�es do c�rebro diferentes daquelas que guardam as lembran�as associadas �s emo��es, conhecimentos, experi�ncias pessoais, esquecidas com o avan�o dos processos demenciais. Nesse sentido, por exemplo, pacientes que est�o com altera��es cognitivas, devido ao quadro, se beneficiam da melodia como est�mulo da mem�ria e da capacidade de express�o. Na minha pr�tica profissional, observei que pacientes estimulados com m�sica passaram a ter mais facilidade ao formar frases e, em alguns momentos, conseguiram responder a perguntas de forma mais coerente”, esclarece Mariana Neves.

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“A pr�tica centrada no paciente, de acordo com suas necessidades e condi��es de sa�de, sempre foi algo muito presente na atua��o do terapeuta ocupacional e de toda a equipe multidisciplinar. Apesar do cuidado humanizado ter se tornado um ponto de destaque em outras profiss�es, percebo que cada vez mais se torna necess�rio olhar de forma individual para o sujeito, entendendo que sua hist�ria � �nica e valiosa”, declara Mariana Neves, integrante da equipe multidisciplinar. 

A terapeuta esclarece que independente do paciente estar acamado e permanecer durante um longo ou curto per�odo de interna��o ou devido � progress�o da sa�de, sempre � poss�vel fazer a diferen�a na vida dele e dos familiares: “O v�nculo terap�utico pode ser estabelecido de forma natural pela atividade musical, tornando o ambiente hospitalar �ntimo e agrad�vel, o mais pr�ximo poss�vel do ambiente domiciliar”.