Renata Mafra, psicóloga clínica

Segundo a psic�loga cl�nica Renata Mafra, quanto mais a pessoa se aborrece e se irrita no cotidiano, mais se tem afetada a sa�de f�sica e mental

Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press


Viver angustiado no tr�nsito; passar o dia irritadi�o; a sensa��o de que vai explodir no trabalho a qualquer instante; dar ordem aos filhos somente aos gritos; desentendimentos rotineiros nos relacionamentos; descontrole diante das adversidades da vida. N�o h� como relaxar, ter bem-estar ou um pouco de paz lidando no dia a dia com uma impaci�ncia constante e repetitiva nas mais diversas situa��es e obst�culos, grandes ou pequenos, que a vida sempre vai impor. 

Renata Mafra, psic�loga cl�nica, lembra que a palavra paci�ncia deriva do latim “patientia”, ou seja, capacidade de n�o desistir, de aguentar. A psic�loga destaca que, al�m da origem etimol�gica, � poss�vel investigar a “paci�ncia” a partir do campo filos�fico (uma virtude) e psicol�gico (um comportamento, uma habilidade). “Virtude � um atributo positivo, uma for�a, e segundo o fil�sofo Spinoza, 'as virtudes podem ser ensinadas'. Para Arist�teles, a virtude � um modo de ser, que no humano, diferentemente dos animais, � s�cio-hist�rico, ou seja, constitu�do no tempo e em sociedade, na cultura. Portanto, podemos afirmar que ela � uma qualidade/habilidade que pode ser aprendida/desenvolvida pelas pessoas.”

Existe uma rela��o direta entre paci�ncia e tempo, explica a psic�loga. “A vida se constitui e se faz no tempo. N�o nascemos prontos, nos constitu�mos como sujeitos (pessoas) no tempo e na rela��o com o outro. O contr�rio de paci�ncia n�o � pressa, � impaci�ncia, � desespero.”

TRANSTORNO MENTAL

 Ser paciente ser� um ant�doto ou caracter�stica fundamental para a sa�de mental? Renata Mafra explica que “quanto mais a pessoa se aborrece e se irrita no cotidiano, indicativos de impaci�ncia, mais se tem afetada a sa�de f�sica e mental. A espera necess�ria � recupera��o da sa�de pode ou n�o ser acompanhada de paci�ncia pelo “paciente”. Muitas vezes, se n�o todas, h� que se esperar, independentemente de se estar paciente. Por�m, a espera acompanhada de cuidados e de respeito ao tempo (vamos chamar esse respeito ao tempo de paci�ncia) favorece a recupera��o”.



Para a psic�loga, cuidar da sa�de f�sica e mental exige paci�ncia, assim como cuidar de pessoas com transtorno mental. Por isso, a express�o “paciente” quer dizer “aquele que espera”. Mas essa espera n�o significa passividade, h� que se esperar ativamente, coparticipando do cuidado � pr�pria sa�de, quando poss�vel.

Renata Mafra acredita que, nos dias atuais, � dif�cil desenvolver a paci�ncia, mas exerc�-la � necess�rio. “Com tantos est�mulos externos, com tanta falta de aten��o necess�ria aos processos de vida, com a acelera��o do tempo e a sobrecarga de trabalho, desenvolver a paci�ncia tem sido um desafio. A sociedade de consumo, a cultura do descart�vel, do materialismo, da inova��o a todo custo, o impacto do uso excessivo de tecnologias, n�o t�m sido acompanhadas do necess�rio desenvolvimento humano e social.”

� POSS�VEL MUDAR 

A esperan�a est� no fato de ser poss�vel mudar comportamentos humanos, inclusive a impaci�ncia. “Como todo comportamento alterado, h� que ser feita uma investiga��o. A pessoa era paciente e deixou de ser; � adulto, crian�a ou adolescente; qual o contexto de vida. Irritabilidade excessiva e falta de paci�ncia recorrente podem ser sinais de alguma altera��o biol�gica, psicol�gica ou social. Um profissional de sa�de deve ser consultado para um diagn�stico e tratamentos adequados”, acrescenta a especialista.

Movimentos sociais como aulas de medita��o, mindfulness, yoga, psicoterapias em suas diferentes correntes, a atividade f�sica, os movimentos slow (de desacelera��o), uma vida mais em contato com a natureza e com o uso inteligente e adequado das tecnologias. “H� que se avaliar os impactos e as perdas decorrentes da impaci�ncia e buscar ajuda.”

Leia tamb�m: Equil�brio emocional. Entenda a import�ncia da medita��o para crian�as

Os 3 tipos 

Em 2012, a Sarah A. Schnitker, professora no Departamento de Psicologia e Neuroci�ncia da Baylor University, institui��o em Waco, no estado do Texas, EUA, conduziu um estudo que apresentou tr�s tipos de paci�ncia. Saiba quais s�o:

1 - Paci�ncia interpessoal: envolve conseguir encarar as pessoas irritantes.

2 - Paci�ncia com os inconvenientes do dia a dia: envolve encarar as chatea��es di�rias, como engarrafamentos, filas, um celular com defeito etc.

3 - Paci�ncia com as dificuldades da vida: envolve esperar grandes dificuldades da vida sem desespero ou frustra��o, como lidar com o tratamento de uma doen�a grave. Esse tipo de paci�ncia est� relacionada com a esperan�a.

* Fonte: engrandece.com

Dicas: como ter paci�ncia?

1 - Respire, n�o responda na hora

2 - Mude de ambiente

3 - Aprenda t�cnicas para se acalmar

4 - Autoconhecimento, saiba das suas emo��es

5 - Medita��o � uma ferramenta

6 - Avalie sua rotina

7 - Conhe�a seus gatilhos

8 - Treine a escuta ativa

9- N�o se envolva

10 - Aprenda a suportar uma emo��o irritante

11 - Busque a intelig�ncia emocional

12- Aceite defeitos alheios

13- Se necess�rio, procure ajuda