Glaucoma: pesquisa sueca revela subdiagn�stico em idosos

Muitos idosos podem ser portadores de glaucoma sem saber, segundo um novo estudo sueco realizado pela Universidade de Gotemburgo e publicado no peri�dico Acta Ophtalmologica. Dos pacientes avaliados, 4,8% tinham a doen�a, sendo que mais da metade deles (56%) desconhecia seu diagn�stico. O glaucoma � a primeira causa de cegueira irrevers�vel no mundo.

“A import�ncia deste estudo � que ele avalia uma popula��o acima de 70 anos e em um pa�s desenvolvido, escandinavo, mas metade n�o sabia do seu diagn�stico”, diz o oftalmologista Augusto Paranhos, do Hospital Israelita Albert Einstein. 

Segundo o especialista, embora n�o haja muitos dados espec�ficos sobre os casos subdiagnosticados, uma enquete conduzida pela Sociedade Brasileira de Glaucoma revelou que pacientes procuram o oftalmologista apenas quando t�m alguma queixa, e n�o como forma de preven��o. 

“Deveria ser algo rotineiro, como acontece com outras especialidades, pois muitas doen�as graves, como o glaucoma, n�o t�m sintomas no in�cio. E a demora pode levar � perda da vis�o”, diz o especialista. 

O trabalho sueco avaliou mais de mil idosos do programa Gothenburg H70 Birth Cohort Studies, que desenvolve estudos epidemiol�gicos populacionais no pa�s h� 50 anos. Neste caso, foram selecionados os nascidos em 1944, recrutados entre 2014 e 2016. Eles responderam a question�rios sobre hist�rico de sa�de ocular e antecedentes familiares de glaucoma, al�m de avalia��es sobre diabetes e press�o alta. Metade tamb�m passou por exames oftalmol�gicos detalhados.

A preval�ncia encontrada no estudo foi um pouco maior do que o esperado, que est� entre 2% e 3% da popula��o. No entanto, como ela aumenta com a idade, isso pode explicar uma taxa maior nos idosos. No mundo, pelo menos 3,6 milh�es de pessoas s�o cegas, e 4,1 milh�es sofrem de defici�ncia visual moderada a grave devido ao glaucoma. No Brasil, um estudo estimou a preval�ncia em cerca de 2,4% acima dos 40 anos, o que equivale a aproximadamente 1,5 milh�o de brasileiros, de acordo com dados da Sociedade Brasileira de Glaucoma.

A doen�a avan�a silenciosamente e causa a morte das c�lulas que fazem a conex�o entre o olho e o c�rebro, chamadas c�lulas ganglionares retinianas. A perda do campo de vis�o � gradativa e costuma passar despercebida. Normalmente, acomete os dois olhos, mas se um deles est� mais grave, o outro pode compensar, tornando ainda mais dif�cil essa percep��o.

“Quando a pessoa percebe, � porque est� em estado avan�ado. Como n�o � poss�vel recuperar as c�lulas perdidas, n�o conseguimos reverter o dano, mas com o tratamento correto podemos parar ou, ao menos, desacelerar o processo”, diz Paranhos. Sem tratamento, leva � cegueira irrevers�vel. Da� que o diagn�stico precoce � essencial.

No tipo de glaucoma mais comum, o prim�rio de �ngulo aberto, a press�o intraocular normalmente est� elevada. No entanto, h� casos da doen�a em que essa press�o � normal, como foi observado na maioria (67%) dos rec�m-diagnosticados no estudo sueco.

“Por isso, n�o levamos em conta apenas a medida da press�o intraocular”, explica o especialista. � preciso um exame completo, incluindo a avalia��o do fundo de olho, para verificar poss�veis danos. �s vezes, s�o v�rias consultas e um acompanhamento antes de fechar o diagn�stico. “A d�vida � um bom sinal pois significa que, se h� algo, est� no come�o. Mas quando olhamos e temos certeza da doen�a, fica a impress�o de que chegamos atrasados, que o diagn�stico deveria ter sido feito antes.”

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Nas fases iniciais, � poss�vel prevenir os preju�zos e a cegueira. Quanto mais avan�ado, mais dif�cil e agressivo o tratamento. Portanto, � fundamental fazer exames peri�dicos, especialmente acima dos 40 anos. Aqueles que possuem fatores de risco, como hist�rico familiar, press�o intraocular elevada, miopia, hipermetropia e afrodescend�ncia, devem procurar o m�dico mais cedo e com maior regularidade. 

Parentes de primeiro grau de portadores de glaucoma t�m dez vezes mais risco de desenvolver a doen�a. “Crian�as e jovens tamb�m devem procurar o oftalmologista. � ele quem vai definir a frequ�ncia das consultas para cada paciente”, lembra o m�dico. Embora mais raro, o glaucoma pedi�trico tamb�m existe.

Atualmente, a primeira op��o de tratamento para o glaucoma prim�rio de �ngulo aberto � o laser. Mas, dependendo do caso e da resposta, tamb�m podem ser indicados col�rios e cirurgias para reduzir a press�o intraocular.