Bebê comendo chocolate

Beb� comendo chocolate

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Um levantamento do Estudo Nacional de Alimenta��o e Nutri��o Infantil (Enani), que acompanha 14.558 meninos e meninas menores de cinco anos pelo Pa�s, revela que, entre beb�s de seis a 23 meses, a frequ�ncia de exposi��o ao a��car chega a quase 70%, e, na faixa dos dois aos cinco anos, bate 87%.

Outro dado, este do N�cleo de Pesquisas Epidemiol�gicas em Nutri��o da Universidade de S�o Paulo (USP) na cidade de Pelotas (RS), aponta que, em dois anos de vida, o consumo de bebidas de caixinha, sucos em p�, biscoitos, refrigerantes, salgadinhos e companhia decola. O campe�o � o achocolatado, cuja ingest�o frequente salta de 43% entre as crian�as de dois anos para 66% nas de quatro.

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Diante desses n�meros, surge uma d�vida: � poss�vel manter os pequenos distantes de tantos alimentos ultraprocessados, que cativam pelas cores, tamanhos e sabores? Para o nutricionista Thiago Cunha, especialista em performance, emagrecimento e longevidade, proibi��es severas e tiranas n�o s�o a melhor conduta, mesmo porque se a crian�a for privada de comer o doce em casa, ir� encontr�-lo na rua, na lanchonete da escola ou na casa do amiguinho. E distante dos olhares e vigil�ncia dos pais, certamente vai acabar exagerando. O segredo, segundo ele, � uma educa��o voltada para o equil�brio.
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“Tudo que � proibido, gera curiosidade. No caso das crian�as, quando elas s�o impedidas [do consumo do a��car], podem ficar curiosas sobre o porqu� da proibi��o. Logo, ao crescerem e ganharem mais autonomia, consequentemente, ter�o chances de consumir de forma exagerada”, ressalta acrescentando que muitos casos de compuls�es alimentares, inclusive, se d�o em decorr�ncia de longos cen�rios de priva��o.


Ainda de acordo com o especialista, mesmo com todos os apelos imag�ticos e sensoriais proporcionados pelos doces e suas embalagens atrativas, o ideal � que, pelo menos, at� os dois primeiros anos de vida dos filhos, os pais n�o ofere�am alimentos ricos em a��car, como refrigerantes, chocolate e ultraprocessados, medida importante para n�o agu�ar o paladar dos pequenos de forma errada.

“Estamos falando de uma educa��o alimentar que deve ser cont�nua, principalmente no intuito de prepar�-los para os momentos de festa como o Dia das Crian�as, que � uma oportunidade de celebra��o super bem-vinda, mas que, por outro lado, aumenta as oportunidades do consumo descontrolado”.

Thiago tamb�m explica que a educa��o consciente sobre a import�ncia de h�bitos alimentares saud�veis come�a em casa com a inclus�o de rotinas simples, mas de extrema valia. “O a��car n�o precisa e nem deve ser encarado como um vil�o. Basta que sejam feitas as escolhas e adapta��es certas. A frutose, por exemplo, [a��car natural das frutas] � uma boa alternativa para incluir na dieta. Nesse sentido, vale a pena usar a imagina��o e recorrer a sucos in natura, que al�m de saborosos s�o refrescantes, diferentemente dos concentrados de caixinha, com quantidade alta de conservantes”, explica.

Outra op��o, conforme o nutricionista, � preparar doces caseiros menos industrializados, feitos nas famosas cozinhas de av�s, como o de coco, ab�bora, bananada, entre outros. “S�o igualmente atrativos, mas com uma quantidade muito menor de adi��o de a��car e conservantes”, completa.

E o docinho ‘de vez em quando, pode’?


Thiago Cunha afirma ser perfeitamente poss�vel, por exemplo, consumir apenas um ‘quadradinho’ da barra de chocolate e guardar o restante para outro momento. Tamb�m n�o h� nada de mau na sobremesa aos domingos ou no sorvete do fim de semana. A dica vale n�o s� para crian�as como para adultos. “O caminho contr�rio, ou seja, comer em grandes quantidades e s� parar quando a barra [de chocolate] acabar � o que n�o pode ser normalizado. Essa postura est� ligada, muitas vezes, � busca moment�nea pelo prazer que um alimento rico em a��car pode proporcionar, j� que ele aumenta os �ndices de dopamina no sistema nervoso, neurotransmissor respons�vel pela sensa��o de bem-estar e felicidade”, explica.

Cunha ainda acrescenta que o ato de nos alimentarmos, al�m de fisiol�gico, est� ligado �s nossas emo��es. Mas n�o podemos depositar nossos sentimentos �nica e exclusivamente �quilo que comemos. “Quem encontra nos doces o gatilho para atenuar a tristeza, ansiedade e at� mesmo os sintomas depressivos, precisa buscar ajuda m�dica especializada. Quando falamos de crian�as, a situa��o n�o � diferente. Sabe quando muitas delas pegam uma bala do pacote e de repente comem todas sem nem perceber? Isso pode estar atrelado �s emo��es. � preciso equil�brio. Volto a dizer, n�o h� mal algum na bala, na torta ou no docinho. O problema est� apenas no excesso”, finaliza.