C�rebro pode interagir com o mundo exterior durante o sono, aponta estudo

Pesquisadores do Paris Brain Institute descobriram que a fronteira entre sono e a vig�lia � mais t�nue do que se pensava. Mesmo dormindo, o c�rebro pode processar informa��es verbais e responder com movimentos faciais.

A pesquisa mostra que, durante o sono, alguns dorminhocos podem ouvir vozes humanas e respond�-las contraindo seus m�sculos faciais. Essa capacidade ocorre em quase todos os est�gios, como janelas de conex�o com o mundo exterior que foram temporariamente abertas nesta ocasi�o.

De acordo com o pneumologista e especialista em medicina do sono, Gleison Guimar�es, isso ocorre em intervalos intermitentes, quando n�o estamos em uma fase de sono profundo.

"Os detalhes exatos de como isso funciona a n�vel neurofisiol�gico podem variar, mas a pesquisa indica que o c�rebro mant�m certa capacidade de processamento", sinaliza o m�dico, que � autor do livro Super Sono: por que dormir mal est� atrapalhando todas as �reas da sua vida - e como resolver isso, pela editora Gente.

Essa descoberta desafia ainda mais a vis�o tradicional de um estado de inconsci�ncia completa. "Isso pode ter implica��es importantes para o tratamento de dist�rbios como a ins�nia e levar a novas abordagens para entender e melhorar a qualidade de vida das pessoas atrav�s da promo��o de um sono reparador", acredita.

Embora esse momento seja frequentemente visto como um estado de repouso, in�meras pesquisas sugerem que o c�rebro n�o est� completamente inativo. Para Gleison Guimar�es, o fato pode ser constatado pela intensa atividade metab�lica, secre��o hormonal, atividade do sistema nervoso aut�nomo, cardiovascular e imunol�gico.

"Essas conex�es breves com o mundo exterior s�o uma parte intrigante da atividade cerebral e ainda precisam de muitos estudos para entendermos completamente o que acontece", comenta o m�dico.

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Quando estamos com ins�nia, pode ocorrer uma atividade anormal que dificulta o repouso adequado. "Isso � relacionado a um perfil muito comum do insone, que � o estado de alerta, de estar sempre conectado, no controle e em estresse", comenta o m�dico, ao sugerir que a ins�nia pode resultar em um aumento na atividade cerebral ou dificuldades em entrar em est�gios mais profundos do sono, levando a problemas de sa�de a longo prazo.

"O c�rebro pode manter algum grau de consci�ncia e atividade. Durante os laudos de polissonografia, na interpreta��o do eletroencefalograma, presenciamos ondas de sono superficial, mesmo em per�odos de sono profundo, da mesma forma que, dependendo do indiv�duo, podem ocorrer mais despertares breves, que talvez sejam as oportunidades para superficializa��o do estado de consci�ncia e maior conex�o. Mas tudo ainda � incerto. Essas perspectivas podem levar a uma reavalia��o fundamental de como entendemos e estudamos o sono e estamos caminhando a passos largos", aponta.