A cera � uma subst�ncia ben�fica, produzida pela pele do canal auditivo, que ajuda na prote��o do ouvido e cont�m subst�ncias com propriedades antibacterianas
CDC/ Unsplash
Fim de ano, as temperaturas sobem e, na mesma propor��o, tamb�m aumentam os casos de pacientes que recorrem aos prontos-socorros com queixa de ouvido tampado por ac�mulo de cera. Na maioria das vezes, a raz�o se deve � tentativa de “resolver” o problema com solu��es caseiras, o que acaba s� piorando a situa��o.
Para esclarecer os principais mitos e verdades a respeito do assunto, a otorrinolaringologista Bruna Assis, do Hospital Paulista, aborda as principais consequ�ncias do excesso de cera nos ouvidos, assim como os tratamentos poss�veis.
“A cera nos ouvidos s� gera preju�zos” – Mito
A cera � uma subst�ncia ben�fica, produzida pela pele do canal auditivo, que ajuda na prote��o do ouvido e cont�m subst�ncias com propriedades antibacterianas.
“A cera precisa ser retirada periodicamente com hastes flex�veis” – Mito
De acordo com a otorrinolaringologista, o ouvido tem mecanismos pr�prios que permitem a expuls�o lenta e peri�dica do excesso de cera. O uso de hastes flex�veis e semelhantes prejudica a atua��o desses mecanismos.
“Por isso, a remo��o da cera por conta pr�pria pelo paciente deve ser evitada ao m�ximo. Nos casos em que a cera esteja em excesso, prejudicando a audi��o e causando inc�modo, o paciente deve procurar o otorrinolaringologista para que seja feita a remo��o com os instrumentos e t�cnicas adequadas, ap�s uma correta avalia��o.”
Algumas pessoas podem ter uma produ��o maior de cera, mas h� h�bitos que favorecem o ac�mulo e a compacta��o da cera no canal auditivo, como o uso de hastes flex�veis e a manipula��o dos ouvidos com outros objetos, seja na tentativa de aliviar a coceira ou de retirar o cerume por conta pr�pria.
"Deve-se evitar ao m�ximo esses h�bitos a fim de prevenir n�o apenas o ac�mulo de cera, como tamb�m prevenir les�es na pele do conduto e na membrana timp�nica, e at� mesmo a perda auditiva".
“O ac�mulo de cera gera preju�zo moment�neo � audi��o” – Verdade
O mais comum � o ac�mulo de cera e n�o uma produ��o em excesso da subst�ncia. Nesses casos, o paciente tem uma sensa��o de ouvido tampado, com consequente diminui��o e abafamento da audi��o, que gera bastante inc�modo. De acordo com a m�dica, alguns casos podem vir associados � coceira e � dor, geralmente de leve intensidade. Em outros, podem estar associados � inflama��o do canal auditivo.
“A produ��o de cera depende de v�rios fatores” – Verdade
A produ��o depende de fatores como condi��es de pele, estado febril, irrita��es locais e at� mesmo o estado emocional do paciente.
Banhos de imers�o em mar, piscinas e lagos n�o afetam a produ��o do cerume, mas podem causar sensa��o de ouvido tampado, o que leva a um aumento significativo da procura ao atendimento de otorrinolaringologia durante o Ver�o.
“A �gua n�o afeta a condi��o da cera nos ouvidos” – Mito
A entrada de �gua pode deslocar a cera j� existente no canal auditivo, gerando o seu bloqueio. Da mesma forma, a simples presen�a da �gua j� pode gerar uma sensa��o transit�ria de entupimento do ouvido.
Isso costuma ser breve, melhorando depois da evapora��o ou escorrimento natural da �gua. Nesses casos, o ato de virar a cabe�a com a orelha afetada para baixo e pux�-la levemente para tr�s pode ajudar no escoamento da �gua.
Caso a sensa��o de obstru��o da audi��o permane�a mesmo depois dessa manobra e n�o melhore ap�s algumas horas, deve-se suspeitar da presen�a de cera impactada e at� mesmo de outras condi��es como inflama��es do canal auditivo, se houver tamb�m dor ou coceira. Assim, o paciente dever� procurar aux�lio para o devido tratamento.
“O uso de fones interfere na situa��o da cera nos ouvidos” – Verdade
O uso de fones de ouvido do tipo intra-auricular, ou seja, aqueles que penetram o canal auditivo, pode ser danoso, pois eles “empurram” a cera para dentro, podendo gerar ac�mulo da subst�ncia. De acordo com a m�dica, estes s�o os principais cuidados em rela��o aos fones de ouvidos:
Dar prefer�ncia aos fones que n�o penetram o canal auditivo, como os que se encaixam na cartilagem da concha, os que se apoiam atr�s da orelha e os que cobrem a orelha;
Fazer a higieniza��o peri�dica dos fones auditivos com �lcool depois do uso para evitar infec��es;
Escolher o modelo de fone de ouvido que mais lhe cause conforto. Caso algum determinado modelo cause dor persistente, evitar o uso e procurar aux�lio com o otorrinolaringologista;
Independentemente do modelo do fone de ouvido, deve-se evitar o volume demasiadamente alto nos fones, assim como a exposi��o prolongada ao som, pois intensidades sonoras altas e prolongadas muito pr�ximas ao �rg�o auditivo podem causar les�es como perda auditiva e zumbido, que podem ser irrevers�veis.
“Na maioria das vezes, o tratamento para o excesso de cera � indolor” – Verdade
A remo��o da cera de ouvido � um procedimento r�pido, na maioria das vezes indolor, e gera um al�vio imediato dos sintomas. O m�dico ir� detectar a causa das sensa��es relatadas pelo paciente e proceder � sua remo��o, caso haja excesso.
Nesse caso, o m�dico pode empregar as seguintes t�cnicas e instrumentos, dependendo de cada paciente:
Irriga��o (lavagem) com �gua limpa na temperatura corporal (por meio do aux�lio de seringas ou duchas autom�ticas);
Suc��o da cera com uma sonda de aspira��o fina;
Remo��o mec�nica da cera com uma cureta delicada.
Em alguns casos, quando a cera est� muito petrificada ou impactada, pode ser necess�ria a prescri��o de gotas otol�gicas para “amolecimento” do res�duo, alguns dias antes do procedimento, a fim de facilitar a remo��o.
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