Almo�o de fim de semana em fam�lia me premiou com uma travessa cheia de torresmo. Eu e meu sobrinho m�dico atacamos a del�cia, e outro sobrinho, dentista, contou que, desde que passou a cozinhar com gordura de porco, seu n�vel de colesterol caiu muito.
O m�dico, que s� cozinha com azeite, completou que banha de porco, como se usava antigamente, � muito melhor para a sa�de do que esses �leos que todos usamos. Lembrei-me ent�o da casa de minha av�, onde um tacho imenso era colocado no fog�o de lenha para transformar o toucinho em banha. E nos fartar com os torresmos.
Bons tempos aqueles que, parece, est�o voltando. Tenho escutado muita gente comentar que voltou a cozinhar com banha de porco. Mas, pela tradi��o atual, o colesterol alto pode trazer diversos riscos � sa�de, entre eles, o desenvolvimento de doen�as cardiovasculares, principal causa de morte no Brasil e no mundo, conforme dados do Minist�rio da Sa�de.
A data de 8 de agosto foi institu�da nacionalmente em 2003 para conscientizar a popula��o sobre a import�ncia da preven��o destas patologias e fazer um alerta sobre os riscos do colesterol alto. E como � que isso acontece? Pela nutri��o moderna, o colesterol � um perigo. A tend�ncia � evitar seu aumento no dia a dia, porque � um tipo de gordura presente na estrutura das membranas celulares, fundamental para o bom funcionamento do organismo e presente em �rg�os como cora��o, intestinos, c�rebro, pele e f�gado.
Mas, ao contr�rio do que a maioria das pessoas imagina, o colesterol n�o � um vil�o e tem importante relev�ncia para que o nosso corpo funcione corretamente. Para se ter uma ideia, 70% do colesterol produzido pelo nosso corpo s�o usados para originar alguns horm�nios, como vitamina D, cortisol, estr�geno e testosterona, entre outros. A gordura ingerida atrav�s de alimentos � respons�vel pelos outros 30%. Quando consumimos alimentos muito gordurosos, o f�gado acumula mais colesterol do que o nosso organismo necessita, causando altera��o do n�vel normal e passando a ser considerado n�o saud�vel, o que tromba com a recomenda��o dos m�dicos de minha fam�lia.
Para refor�ar os conselhos nutritivos atuais, dados da Sociedade Brasileira de Cardiologia indicam que, para cada d�cada de colesterol elevado nos indiv�duos acima de 35 anos, os riscos de problemas cardiovasculares podem aumentar em at� 40%. No caso das mulheres, ele pode sofrer varia��es de acordo com a taxa hormonal. Por isso, � comum que, em per�odos como a menopausa e a gesta��o, a taxa de colesterol aumente.
Ent�o, para atender a quem gosta de seguir as recomenda��es nutricionais atuais, a coluna explica que � necess�rio conhecer os tr�s tipos existentes de colesterol. Conhecido popularmente como colesterol "bom", o HDL trata-se de uma lipoprote�na de alta densidade, cujo valor deve ser superior a 40 mg/dL. Veja em um de seus exames de sangue, quanto maiores forem os n�veis de HDL, menores ser�o os riscos de desenvolver doen�as cardiovasculares.
Em seguida vem o VLDL, que � uma lipoprote�na de muita baixa densidade, produzida no f�gado, e que tem como principal fun��o transportar os triglicer�deos pela corrente sangu�nea. Seus valores considerados normais devem estar em torno de 200 mg/dL. Por fim, o vil�o da hist�ria, o LDL, popularmente conhecido como colesterol "ruim", trata-se de uma lipoprote�na de baixa densidade, cujo valor n�o deve ultrapassar 130 mg/dL.
Uma forma de manter os n�veis de colesterol equilibrados � evitar o consumo de alimentos ricos em gorduras saturadas. Manteiga, azeite de dend�, leite integral, bacon, toucinho, salsichas, presunto, mortadela, carne bovina com gordura, queijos muito amarelos e creme de leite, por mais que sejam tentadores, representam riscos � sa�de.
Outro grande inimigo do colesterol � a gordura trans, que tem como principal fonte a gordura vegetal hidrogenada, utilizada na produ��o de biscoitos, p�es industrializados, salgadinhos, pipoca de micro-ondas, margarinas, bolachas recheadas, nuggets e sorvetes cremosos, entre outros produtos industrializados. Para substituir esses alimentos, � recomend�vel os alimentos que possuem gorduras poli-insaturadas e monoinsaturadas, presentes em peixes –salm�o, sardinha, atum e anchova – ou alimentos como o abacate, o azeite de oliva e a castanha de caju, que, ainda assim, devem ser consumidos com modera��o.
Pelo sim, pelo n�o, a travessa que apareceu no almo�o da fam�lia cheia de torresmos voltou para a cozinha completamente vazia...