As estat�sticas apontam a COVID-19 como o grande causador da diminui��o de natalidade, mas o problema come�ou bem antes. Muitas pessoas consideram essa uma das grandes injusti�as da natureza, mas o fato � que h� um decl�nio progressivo, amplamente angustiante e irrevers�vel da fertilidade feminina a partir dos 35 anos de idade.
“Os homens tamb�m experimentam um decl�nio em sua capacidade de fazer beb�s � medida que envelhecem, mas essa queda na fertilidade tende a come�ar mais tarde e ocorrer muito mais lentamente do que nas mulheres. A taxa de fertilidade dos homens tende a come�ar a cair por volta dos 40 ou 45 anos de idade, mas de maneira muito menos ‘agressiva’”, explica Rodrigo Rosa, especialista em reprodu��o humana e diretor cl�nico da Cl�nica Mater Prime, em S�o Paulo.
Hoje, no entanto, h� mais recursos para preservar a fertilidade, como congelamento dos �vulos preferencialmente at� os 35 anos, e depois o uso de t�cnicas de reprodu��o assistida.
Por mil�nios, as mulheres t�m engravidado e dado � luz na adolesc�ncia e no in�cio dos 20 anos – somente para ilustrar, antes da d�cada de 1960, as mulheres nos Estados Unidos tinham, em m�dia, o primeiro filho por volta dos 21 anos. O motivo � justamente a queda progressiva da fertilidade feminina.
“Ao contr�rio dos homens, cujos �rg�os reprodutivos produzem milh�es de espermatozoides frescos diariamente, as mulheres nascem com todos os �vulos que possuir�o. Al�m disso, esse n�mero diminui continuamente � medida que a mulher envelhece: de 1 milh�o de �vulos no nascimento para 300 mil na puberdade, 25 mil na idade de 37 e 1 mil na idade de 51. De todos estes, no entanto, apenas 300 a 400 �vulos t�m potencial de produ��o; normalmente apenas um por m�s amadurece e, eventualmente, � liberado dos ov�rios da mulher durante a ovula��o durante toda a sua vida reprodutiva. Por raz�es ainda n�o totalmente compreendidas, o resto passa por um processo natural de degenera��o e nunca ser� ovulado”, explica o especialista em reprodu��o humana.
Para preserva��o dos �vulos, uma das melhores t�cnicas � a criopreserva��o ou congelamento. “Quanto mais jovem a mulher realizar o congelamento, maior ser� a chance de o �vulo gerar um beb�. Ent�o, n�o existe uma idade que contraindique o congelamento, mas o ideal � que seja realizado at� os 35 anos, pois assim as taxas de sucesso s�o maiores. Mas � poss�vel congelar os �vulos at� 41 e 42 anos. Ap�s os 43 anos, a probabilidade de o �vulo gerar um beb� � muito reduzida”, explica Rodrigo Rosa. A partir dos 44 anos j� n�o � mais recomendado.
Quase todas as cl�nicas de fertilidade em todo o mundo agora tamb�m oferecem �s mulheres a op��o de armazenar seus �vulos, congelados a tempo, at� que ela esteja pronta para serem descongelados, fertilizados e transplantados em seu �tero. Mas esses �vulos podem ser congelados por quanto tempo? “Com base em evid�ncias cient�ficas em engravidar com embri�es congelados – em um caso o embri�o foi congelado por 27anos – estamos confiantes de que o armazenamento de longo prazo de �vulos congelados n�o resulta em nenhuma diminui��o da qualidade”, explica o m�dico.
Outra t�cnica muito utilizada � a de fertiliza��o in vitro (FIV), que � dividida em quatro partes: estimula��o ovariana; capta��o dos �vulos e espermatozoides; fecunda��o assistida; e transfer�ncia dos embri�es. “A taxa de sucesso da FIV depender� em grande parte do fator de infertilidade apresentado pelo casal e da idade da mulher. Quanto mais nova, mais chances de obter sucesso no procedimento, sendo que mulheres at� 30 anos t�m at� 70% de chances de engravidar em uma �nica tentativa de FIV”, diz o m�dico.
Apesar de todos os avan�os cient�ficos, Rodrigo Rosa sempre enfatiza que os h�bitos saud�veis de vida podem elevar as estat�sticas de sucesso, mesmo que de maneira t�mida – em uma fase em que qualquer avan�o pode ser determinante. “Boa dieta, modula��o do estresse, pr�tica de exerc�cios f�sicos, controle do peso, dormir bem, cessar o tabagismo e a ingest�o das bebidas alco�licas, tudo isso pode melhorar a qualidade do �vulo e do espermatozoide e s�o fatores modific�veis para melhorar as chances de ter um beb� saud�vel”, finaliza o m�dico.