Estimativas apontam que apenas um em cada tr�s brasileiros consome frutas e vegetais regularmente. � um n�mero baixo. Mas ainda h� pessoas que n�o comem esses alimentos de jeito nenhum, o que pode ser extremamente perigoso.
“Frutas e vegetais cont�m importantes compostos bioativos que demonstraram ter efeitos ben�ficos na sa�de humana. Eles s�o fontes e ricos em vitaminas A, C, E e K, al�m de minerais como pot�ssio, magn�sio e c�lcio. Possuem propriedades antioxidantes e nos fornecem fibras alimentares e macronutrientes, como prote�nas, carboidratos e gorduras boas”, explica a m�dica Marcella Garcez, professora e diretora da Associa��o Brasileira de Nutrologia.
Estudo publicado no Journal of Renal Nutrition, em julho de 2022, apontou que pessoas com doen�a renal comem menos frutas e vegetais.
“Embora o estudo n�o tenha mostrado que a baixa ingest�o � fator de risco ou resposta � doen�a renal cr�nica, o baixo consumo foi mais comum em pacientes com a doen�a. J� sabemos que alimenta��o com mais frutas e vegetais est� associada � diminui��o de fatores de risco relacionados � doen�a renal. Isso ocorre porque h� maior aporte de fibras e antioxidantes na dieta. Esses nutrientes ajudam o corpo contra componentes inflamat�rios e o estresse oxidativo”, destaca a nefrologista Caroline Reigada, que tamb�m � integrante da Associa��o de Medicina Intensiva Brasileira.
Segundo ela, a doen�a, que afeta cerca de 37 milh�es de adultos nos Estados Unidos e 10 milh�es no Brasil, deixa os rins menos capazes de filtrar res�duos do sangue, o que pode causar press�o alta, doen�as card�acas e derrame.
“Ap�s contabilizar fatores como tamanho da cintura, diabetes e press�o alta, pesquisadores descobriram que pessoas com doen�a renal cr�nica eram consistentemente mais propensas a praticar um padr�o alimentar que inclu�a menos frutas e vegetais do que as pessoas sem a doen�a”, diz Caroline.
“S�o necess�rias mais pesquisas para descobrir se esse baixo consumo contribui ou resulta da doen�a renal cr�nica e quais outros fatores podem estar envolvidos. Os m�dicos, �s vezes, aconselham pacientes com a doen�a a reduzir o consumo de pot�ssio, mineral comumente encontrado em frutas e vegetais”, comenta.
Existe um contraponto a esta recomenda��o m�dica. Consumir mais vegetais e frutas � interessante, segundo a nefrologista, para que pacientes com doen�a renal cr�nica combatam altera��es na microbiota que implicam em v�rias mudan�as na fermenta��o bacteriana e na gera��o de prote�nas t�xicas.
“Estas prote�nas t�xicas se acumulam no plasma, contribuindo para a s�ndrome ur�mica, e, como efeito, na progress�o da doen�a renal, em mediadores pr�-inflamat�rios e estresse oxidativo, no risco cardiovascular e na resist�ncia insul�nica”, aponta.
“Vale destacar que pacientes com doen�a renal cr�nica s�o inflamados cronicamente. O consumo maior de fibras e antioxidantes presentes em frutas e vegetais age de forma importante para melhora da microbiota intestinal, com efeito antioxidante e anti-inflamat�rio”, acrescenta.
“Sabemos que o estresse oxidativo est� relacionado � progress�o da les�o renal, das complica��es cardiovasculares e das maiores taxas de mortalidade. Consumir esses alimentos pode representar, a longo prazo, melhor status antioxidante, j� que contam como fitoqu�micos, poderosos antioxidantes, impedindo a gera��o de radicais livres”, destaca a nefrologista.
Dieta rica em frutas e vegetais diminui o risco de problemas cardiovasculares e complica��es futuras. “Estima-se que o risco de doen�as card�acas entre os indiv�duos que ingerem mais de cinco por��es de frutas e vegetais por dia seja reduzido em 20%, em compara��o com aqueles que comem menos de tr�s por��es por dia”, afirma.
Pesquisas mostram que aspargos, aipo, alface, br�colis, cebola, tomate, batata, soja e gergelim t�m grande potencial na preven��o e tratamento de doen�as cardiovasculares.
“Frutas e vegetais ajudam a regular a press�o arterial e a glicose no sangue, al�m de terem efeito favor�vel no perfil lip�dico. Eles previnem danos ao mioc�rdio, modulam as atividades enzim�ticas, regulam a express�o g�nica e as vias de sinaliza��o associadas a doen�as cardiovasculares”, informa a especialista. “Com esses benef�cios, eles ajudam a prevenir problemas nos rins”, finaliza.