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Estado de Minas COLUNA

Brasil e EUA: Nasce outro consenso

'Discuss�es para animar a economia e o emprego nos EUA servem ao Brasil. Mas tem de haver governo'


06/12/2020 04:00 - atualizado 06/12/2020 07:50

Biden tem missão dada pelo voto e sugere saber o que dele se espera(foto: Alex Wong/Getty Images/AFP)
Biden tem miss�o dada pelo voto e sugere saber o que dele se espera (foto: Alex Wong/Getty Images/AFP)
Dois gigantes chamam a aten��o no mundo pelas suas contradi��es agu�adas pela pandemia. Em tese, o progresso os assistia por igual – territ�rio extenso, riquezas naturais, l�ngua �nica, colonizados por imigrantes em busca de vida melhor. Na pr�tica, tomaram caminhos opostos desde sua g�nese, muito pr�xima no tempo. Eles tendem a se cruzar se n�o houver fortes mudan�as, cuja receita se assemelha a cada um. � a miss�o de Joe Biden dada pelo voto.

Sim, falo de EUA e Brasil. A maior pot�ncia global luta contra a decad�ncia, cada vez mais exposta pela r�pida ascens�o da China.

J� o gigante pela pr�pria natureza, segundo o Hino Nacional, nunca teve um passado de fartura a nos guiar na busca por um regresso, ao contr�rio dos EUA, ainda muito ricos, e da China, cultura com 5 mil anos de hist�ria ininterrupta. At� onde a vista alcan�a, sempre fomos uma na��o interrompida, e continuamos pela car�ncia hist�rica de lideran�as vision�rias. Jair Bolsonaro nem tem tal pretens�o.

A incapacidade de tranquilizar a popula��o, assombrada pelo v�rus, apresentando um plano cr�vel de imuniza��o ampla e irrestrita, � a �ltima da longa s�rie de evid�ncias de um pa�s sem rumo e governado por uma gente ora inepta, ora esnobe, mas sempre rasa e insens�vel.

Desse mato n�o sai cachorro, como se diz. Mas h� salva��o. Numa de suas vis�es, o grande Chico Xavier escreveu que, “embora ningu�m possa voltar atr�s e fazer um novo come�o, qualquer um pode come�ar agora e fazer um novo fim”.

� a esperan�a do novo governo dos EUA. Deveria ser a nossa tamb�m.

Pol�tico sem o carisma de Franklin Roosevelt, presidente que tirou os EUA da bancarrota nos anos 1930 e implantou os alicerces da era dourada do capitalismo, Biden sugere saber o que dele se espera.

Os governantes do p�s-New Deal de Roosevelt desmontaram a partir dos anos 1970 a ideia da grande sociedade de renda m�dia, capaz de garantir sua empregabilidade, a sa�de da fam�lia e a educa��o dos filhos sem amparo estatal. A sustenta��o social, criada s� para os mais carentes, veio da indu��o via impostos e tarifas para que as empresas crescessem investindo seus lucros e gerando empregos.

Esse dirigismo cedeu lugar ao tal neoliberalismo, que Trump jurou enfrentar, n�o o fez, e Biden quer reformar, se puder, com gasto p�blico e pol�tica industrial. Tal discuss�o se insinua por aqui.

Progresso compartilhado

A quest�o toda se resume, l� e aqui, ao progresso compartilhado, o que n�o tem havido nos EUA. Nem no Brasil, em que o quadro social � dram�tico, sobretudo pela estagna��o industrial h� 40 anos.

Nos EUA, a pauperiza��o da classe m�dia desembocou na elei��o de Trump com a promessa de trazer de volta as f�bricas e empregos que migraram para a China, em particular. Fez o oposto: cortou impostos das empresas e dos ricos; abriu uma guerra comercial e tecnol�gica com os chineses, que n�o reduziu o d�ficit comercial e refor�ou a influ�ncia da China na �sia; e tirou os EUA do Acordo de Paris no momento em que a prote��o ambiental se torna unanimidade no mundo.

A economia dos EUA, tal como aqui, mostra na superf�cie sinais de for�a, ao agrado do mercado de a��es. A competitividade empresarial, por�m, � cadente e desafiada pela tecnologia, minando empregos em tempo integral e a renda, origens do endividamento pessoal cr�nico.

Tais eventos explicam mais a polariza��o pol�tica nos EUA que o ressurgimento do racismo estrutural, as diferen�as identit�rias e o ambiente de �dio insuflado pela extrema-direita trumpista, segundo o grupo American Compass, formado por conservadores reformistas.

O dogmatismo inexpugn�vel

O painel das grandes tend�ncias econ�micas, tecnol�gicas e sociais em curso no mundo demonstra a mediocridade das nossas discuss�es e a falta de caminho, ilustrada pelas preocupa��es levadas � imprensa pela nata dos economistas mais ouvidos. Falam de precip�cio fiscal.

“O debate no Brasil est� mais ortodoxo que o FMI”, criticou Andr� Lara Resende, principal formulador da reforma monet�ria de 1994 com o colega P�rsio Arida, num f�rum da FGV na �ltima quarta-feira. “� impressionante o dogmatismo inexpugn�vel entre os economistas.”

E nos EUA, refer�ncia acad�mica e profissional da maioria deles?

Depois de um evento, por acaso tamb�m no dia 2, o ex-economista-chefe do FMI Olivier Blanchard, professor em�rito do MIT, afirmou: “Pesando minhas palavras com cuidado: podemos estar � beira de uma mudan�a no paradigma fiscal”. Ele se referia ao “grande acordo”, a concord�ncia de nomes como Lawrence Summers (titular do Tesouro no governo Clinton), Ben Bernanke, chefe do Fed na crise de 2008, e os professores de Harvard Jason Furman e Kenneth Rogof. S� medalh�es.

Emitir para crescer

Em resumo: os acad�micos que mais fazem a cabe�a dos mercados e da elite dos economistas no mundo afirmam que a estagna��o econ�mica, portanto, social, deve ser enfrentada pelo governo Biden com mais emiss�es de d�vida e de moeda, sem receio de colapso do d�lar e de infla��o, j� que os juros baixos ter�o vida longa. N�o se trata de emitir para gastar com mordomias, mas para investir. E s�.

Tal receita, com algumas adapta��es, serve ao Brasil. Esse “novo consenso” combina as pol�ticas fiscal, monet�ria e industrial, que nos EUA come�a a perder a m�cula de maldita, com a tecnologia como piv�, associada � mudan�a ambiental n�o s� pela raz�o clim�tica.

O mundo tende a reunir o keynesianismo do p�s-guerra com as pe�as sociais do New Deal e o arrojo dos startups com base tecnol�gica. Tudo junto e misturado. A l�gica financista da desregulamenta��o de mercados e Estado m�nimo j� come�a a mudar. Mas n�o no Brasil. Aqui falta governo para comprar vacinas e montar um plano de imuniza��o maci�a. “Tudo por culpa da China e do Biden”, gritar�o os radicais.

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