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Estado de Minas

Combate ao coronav�rus no Brasil: paci�ncia no limite

Sem plano de imuniza��o, sem vacinas, intrometendo-se no Congresso, Bolsonaro esgar�a a corda


13/12/2020 04:00 - atualizado 13/12/2020 08:06

''O Ministério da Saúde, entregue a um general da ativa leigo no ofício e confortável como ajudante de ordens de um capitão reformado, não cuidou do planejamento da vacinação em massa da população''(foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)
''O Minist�rio da Sa�de, entregue a um general da ativa leigo no of�cio e confort�vel como ajudante de ordens de um capit�o reformado, n�o cuidou do planejamento da vacina��o em massa da popula��o'' (foto: Marcelo Camargo/Ag�ncia Brasil)
As mortes pelo v�rus assassino voltaram a aumentar em 22 estados, a ocupa��o nas UTIs est� no limite no Rio de Janeiro, sabe-se que o Minist�rio da Sa�de, entregue a um general da ativa leigo no of�cio e confort�vel como ajudante de ordens de um capit�o reformado, n�o cuidou do planejamento da vacina��o em massa da popula��o e... E a� vem o presidente Jair Bolsonaro dizer sabem voc�s o qu�?

“Estamos vivendo um finalzinho da pandemia”, disse ele na quinta-feira. � de cair a cal�a ou algo assim. Depois, foi ver um pequeno trecho de rodovia repavimentada no Rio Grande do Sul, onde ficou 10 minutos exibidos pela estatal TV Brasil acenando para motoristas, e foi embora todo prosa dirigindo um esportivo Camaro da PRF. Cum�?
 
Ainda h� quem aplauda tais disparates, como falar em “tratamento precoce” para uma doen�a sem cura e que vacina contra a covid-19 tem risco. Com a imuniza��o em massa come�ando em v�rios pa�ses, suas distra��es cada vez convencem menos. Corre o risco de acabar como quem entra no bar e a turma cochicha: “Ops! R�pido, disfar�a! Olha quem chegou!” A� n�o tem live em rede social que d� jeito.

Investidores e empres�rios j� n�o esperam nada entusiasmante desse governo. Cobram reformas como a tribut�ria e a administrativa, mas como obriga��o, ainda mais com o calend�rio flex�vel do ministro da Economia, sempre dando bronca nos outros e anunciando para daqui a alguns meses incertas “uma, duas, tr�s” privatiza��es.

As coisas ainda funcionam gra�as ao Banco Central, que se separou do ambiente t�xico do governo, ao Tesouro e � Receita. O Tesouro se endivida para cobrir a despesa que excede a arrecada��o de impostos pela Receita, e o BC tenta manter um ar de normalidade no mercado.

� evidente que falar de normalidade � exagero, embora seja o que o mundo m�gico da pol�tica parece acreditar. Em Bras�lia, s� se fala de elei��o das mesas diretoras da C�mara e do Senado em fevereiro, raz�o pela qual l� se v�o dois meses sem vota��o de algo relevante. Nem discurso bravo contra e a favor do governo existe mais.

A expectativa � que, eleitos os presidentes das duas Casas, todas as aten��es se voltem para a sucess�o de Bolsonaro, com a pandemia ainda matando pelo atraso do programa de vacinas, e a economia de volta ao cen�rio de estagna��o e mediocridade dos �ltimos anos.

No al�ap�o do Centr�o

A esta altura, na metade de mandato e obcecado com a reelei��o, o presidente j� deveria ter consci�ncia sobre onde errou, as �reas que precisa chacoalhar, um plano para governar de verdade.

Em vez disso, repete o erro de outros presidentes e enfia a m�o no ninho de marimbondos da sucess�o da C�mara. Ele opera para ofuscar a lideran�a do presidente em fim de mandato Rodrigo Maia. No Senado, dizia apoiar a reelei��o de David Alcolumbre. O STF barrou ambas as candidaturas � reelei��o, ao fazer cumprir a letra da Constitui��o.

De volta ao al�ap�o do centr�o, em cujos partidos sempre atuou at� que adotou a ret�rica da antipol�tica para se eleger, Bolsonaro foi buscar em Arthur Lira, deputado do PP de Alagoas, r�u numa a��o da Lava-Jato no STF, o candidato para disputar a lideran�a de Maia.

O que pretende? Aprovar na C�mara projetos de sua agenda de armas, afrouxar as leis ambientais, regularizar terras da Uni�o griladas na Amaz�nia, abrir minera��o em �reas ind�genas, tornar cadeirinha de crian�a em carros um item opcional, as pautas revisionistas de comportamento – projetos, enfim, que Maia ou engavetou ou enfrentou com a maioria dos deputados.

S� projetos irrelevantes

Convenhamos, nada disso � relevante com a economia empacada desde os anos 1980. O pa�s regrediu vis-�-vis os emergentes, raz�o pela qual 75% da popula��o continua com renda familiar abaixo de cinco sal�rios m�nimos, a maioria dos adultos trabalha na informalidade, estados e munic�pios est�o insolventes, as empresas perderam o seu dinamismo, a infraestrutura sucateou, a criminalidade se alastra.

Esse era o pa�s que Bolsonaro encontrou ao se eleger, herdando uma economia razoavelmente organizada, mas necessitada, sobretudo ap�s a emenda constitucional do teto do gasto p�blico federal, de seguir em frente com as reformas, come�ando pela da governan�a do Estado, que � muito mais que cortar despesa. Bolsonaro nunca se interessou pelo que � urgente de fato, nomeou um czar para a economia que j� tinha ideias obsoletas 30 anos atr�s e ignorou ao recrutar generais para servi-lo � �rea das For�as Armadas voltada ao desenvolvimento.

N�o houvesse a pandemia e estar�amos discutindo neste fim de ano outra frustra��o dos cen�rios otimistas sobre o crescimento do PIB. Ao menos o BC n�o entrou no terrorismo do mercado e manteve a Selic em 2% ao ano. A alta da infla��o veio do aumento do consumo, que tende a murchar, e da desvaloriza��o cambial que deixou ocorrer a partir do fim de 2019, esperando elevar as exporta��es.

A abertura de Guedes

Fato � que n�o d� para levar a s�rio um governo que zera a tarifa de importa��o de rev�lveres e pistolas (s� para comparar, cadeira de rodas recolhe 15%), mas n�o quis ou n�o soube montar um plano de aquisi��o de qualquer vacina dispon�vel no mundo e validada por uma das ag�ncias renomadas (dos EUA ou da Europa, por exemplo), al�m de seringas. Deve ser a abertura comercial do Paulo Guedes...
 
Um governo que coloca o interesse pol�tico do presidente � frente dos da sanidade e da sobreviv�ncia da popula��o, que faz uma guerra de vacinas contra o governador Jo�o D�ria, de quem n�o gosta, pela sua ousadia de licenciar na China um imunizante para o Instituto Butantan envasar. Bolsonaro come�ou, como o seu �dolo Donald Trump, negando o horror da covid-19 e n�o soube recuar.
 
Bolsonaro perdeu e sabe disso. Vai ter vacina, ele queira ou n�o. Por isso o general Eduardo Pazuello anunciou medida provis�ria prevendo que qualquer vacina certificada no pa�s ser� requisitada pelo Minist�rio da Sa�de – o modo tosco de se apossar da vacina do Butantan, �nica j� pronta no Brasil. �bvio que D�ria ir� ao STF.
 
O contexto das elei��es na C�mara e no Senado � esse. Agora, feche os olhos e imagine o Congresso tamb�m submisso. Se at� partidos de esquerda est�o topando vender-se por uns trocados e pelo fim da Lei da Ficha Limpa, o Brasil acima de tudo est� de ponta-cabe�a.

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