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Estado de Minas Brasil S/A

O fim de uma era de l�deres que nada constroem

Depois das chineladas do eleitor no pleito, prenuncia-se um tempo de respeito � prioridade social


10/01/2021 04:00 - atualizado 10/01/2021 08:20

Líderes como Trump dedicam-se a si e a seu entorno, filhos e corriola(foto: Afp/Jim Watson)
L�deres como Trump dedicam-se a si e a seu entorno, filhos e corriola (foto: Afp/Jim Watson)

O dia da inf�mia, como tem sido chamada a invas�o do Congresso dos EUA por apoiadores de Donald Trump, foi a representa��o dram�tica e repulsiva do fim de uma era. 

N�o de um presidente vil, narcisista, mit�mano compulsivo, mas de um tempo em que o eleitor, sentindo-se preterido pela intelig�ncia do pa�s, elege o pior entre as op��es eleitorais mais como resposta desaforada que um voto consciente.

� fim porque l�deres como Trump nada constroem, dedicam-se a si e a seu entorno, filhos e corriola, e a “causar”, o modo padr�o dessa turma de ocupar o espa�o discursivo.

Em pa�ses com opini�o p�blica e institui��es atuantes, eles t�m maior dificuldade de seguirem. Trump n�o passou, embora tenha tido 74 milh�es de votos, contra 81 milh�es do desafiante Joe Biden, do Partido Democrata.

Os que conseguem ultrapassar o primeiro mandato, seja por escolha do eleitor, seja pela c�pula do partido dominante, despem-se de pudores e revelam a face autocr�tica, como Chaves, na Venezuela, Putin, na R�ssia, Xi Jinping, na China, e, talvez, Jair Bolsonaro, admirador confesso de Trump e �nico governante de um grande pa�s a comprar o desvario trumpista de que a elei��o tenha sido fraudada.

Isso passou, enquanto fica evidente em pa�ses como R�ssia, Hungria e Pol�nia a natureza ditatorial do regime, disfar�ada por elei��es regulares. Mesmo na China, onde n�o h� elei��es, mas acabou a regra de dois mandatos sem direito � recondu��o para ungidos pelo Partido Comunista. Xi poder� presidir a China at� quando quiser.

Para Biden, depois da chinelada do eleitor ao eleger Trump e quase reeleg�-lo, o grande desafio ser� provar a capacidade da democracia liberal em atender aos reclamos por justi�a social e mostrar que a efici�ncia produtiva � poss�vel e mais equ�nime em regimes abertos.

Se governante populista e mand�o em democracias consolidadas busca legitimar-se pelo resultado da economia e demagogia nacionalista, o caso de Narendra Modi, na �ndia, Biden ter� de curvar-se � vontade do voto, que reconhece quem lhe serve com lisura, como a premi� da Alemanha, Angela Merkel, h� 15 anos eleita sucessivamente e maior lideran�a da Uni�o Europeia.

Mais que mudan�a de guarda


O que Biden fizer ter� um pouco do que Trump prometeu e n�o fez � classe m�dia depauperada dos EUA. Tamb�m ter� de ir al�m do social liberalismo da Alemanha – o mais bem-sucedido entre os regimes de bem-estar da Europa –, al�m de tentar superar a China tanto no rally tecnol�gico, quanto na disputa militar e geopol�tica.

N�o se trata, como aparenta a embalagem dos conflitos pol�ticos e sociais, de simples mudan�a de guarda entre governantes. � certo que a democracia – a verdadeira democracia multirracial – pode e deve triunfar. Mas s� o far� por meio de reformas estruturais e equitativas das institui��es e dos resultados econ�micos.

Isso n�o se resolve com programas tecnocr�ticos nem com a ilus�o de que a “m�o invis�vel” do mercado satisfar� todas as demandas.

O fen�meno � antigo, bastante estudado e est� na raiz do “novo” conservadorismo que ganha for�a no Partido Republico e que quer expelir Trump (por ter ignorado as promessas populistas com que se elegeu) e os libert�rios do neoliberalismo que vieram com ele.

Conservador e progressista?


A corrente republicana que disputa com Trump e a velha guarda do partido, gente do Lincoln Project, que apoiou a elei��o de Biden, e do American Compass, think tank de intelectuais conservadores, tem posi��es ousadas. Seu programa � muito mais pr�ximo ao que defende a senadora Elizabeth Warren, expoente da esquerda dos Democratas, e mesmo de Bernie Sanders que de pol�ticos e economistas neoliberais.

Eles dizem que � tempo de ser enterrado o reaganismo (referindo-se a Ronald Reagan, em cujo governo a desregulamenta��o da economia e o poder financeiro tornaram-se dominantes, assim como na Inglaterra de Margareth Thatcher) e recuperar o keynesianismo do p�s-guerra, com pol�tica industrial e aten��o priorit�ria ao emprego e sal�rio.

Op�em-se � esquerda porque tem a fam�lia e a comunidade (mas n�o a religi�o) como piv�s do que prop�em, mas n�o s�o retr�grados quanto aos costumes. Nem reacion�rios, como o trumpismo e o bolsonarismo.

Tal grupo tem nos senadores republicanos Mitt Romney e Marco Rubio seus l�deres no Congresso. Eles podem dar a Biden os votos que ele ainda precisa para aprovar reformas amplas, embora tenha alcan�ado a maioria no Senado, contando com a vice-presidente Kamala Harris (nos EUA, o vice-presidente exerce tamb�m a dire��o do Senado).

O atraso n�o � destino



A rea��o dos indicadores de mercado e do empresariado dos EUA ao que tende a ser o governo Biden � de al�vio, na expectativa de que se restaure rapidamente a previsibilidade que faltava a Trump e o an�ncio de mais medidas de gasto or�ament�rio tanto sob a forma de aux�lios diretos aos trabalhadores carentes quanto a grandes obras de infraestrutura e de apoio � pesquisa tecnol�gica.

J� est� precificado um aumento de impostos sobre empresas e mais ricos. N�o se descarta um olhar social ao estilo New Deal. Janet Yellen, secret�ria do Tesouro indicada, � especialista em trabalho, embora tenha sido presidente do Federal Reserve. Se derem aten��o � produ��o e ao emprego, precisar�o de outra macroeconomia e ter como piv�s a pesquisa e desenvolvimento, a ind�stria e os servi�os, al�m da economia criativa. Dificilmente n�o influenciar� outros pa�ses.

� onde entramos na hist�ria. Ou n�o. Bolsonaro desconhece tudo, o ministro Paulo Guedes n�o fala tal l�ngua (mesmo tendo lido Keynes em ingl�s tr�s vezes, como disse) e os militares no governo parecem mais atentos �s vantagens corporativas que ao pa�s. O que fazer?

N�o muito, mas j� considerar plano, programa e perfil de candidato vi�vel para 2022, esperar que o Congresso n�o vire um puxadinho do governo e rezar para que a vacina��o em massa aconte�a a despeito dos falsos magos da log�stica da sa�de. Atraso n�o � destino.



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