
De 12 de mar�o de 2020, dia da primeira morte oficial por COVID-19, a abril, passaram-se 13 meses, 403 mil mortes, e contando, 15 milh�es de infectados, milhares de doentes com sequelas, economia arrasada, e omiss�es seriadas impostas ao governo pelo presidente que ainda hoje n�o reconhece a gravidade do v�rus, jamais visitou um hospital nem dirigiu palavras am�veis �s fam�lias enlutadas em todo o pa�s.
A marca f�nebre de mais de 400 mil v�timas coincidiu com o dia da live em que Jair Bolsonaro se dirige a seus apoiadores pelas redes sociais. Falou de ni�bio, de grafeno, minera��o em terra ind�gena, distribuiu acusa��es aleat�rias, como se fosse animador de programa policialesco e n�o algu�m obrigado pela fun��o a pedir investiga��o se soubesse de algum il�cito, mas n�o manifestou nenhum sinal de ang�stia pela trag�dia da pandemia, esse horror anunciado.
N�o se encontra sozinho na indiferen�a. Pela franquia escancarada a deputados e senadores para atacar o or�amento federal, desviando para suas emendas paroquiais at� despesas obrigat�rias com a sa�de e aposentadorias, ele arrebanhou apoiadores entre partidos que at� um ano atr�s acusava de corruptos – tal como afirmou sem sofismas para se eleger presidente.
Tamb�m encontrou em setores da economia, especialmente no mercado financeiro, apoio, que agora se desmancha, ainda que n�o faltem comensais dispostos a aplaudi-lo em jantares e almo�os arranjados com alguns supostos plutocratas.
Tamb�m encontrou em setores da economia, especialmente no mercado financeiro, apoio, que agora se desmancha, ainda que n�o faltem comensais dispostos a aplaudi-lo em jantares e almo�os arranjados com alguns supostos plutocratas.
Tudo em nome da preserva��o de reformas econ�micas prometidas por um ministro que se revelou aos que o desconheciam, ou simulavam n�o conhecer por conveni�ncia, um extremista de direita disfar�ado de liberal apenas um pouco mais culto que os seguidores de Bolsonaro.
Se a algo tem servido este tempo trevoso, a exposi��o do car�ter insens�vel e alienado de parte da sociedade � a mais berrante. Vem de longe, qui�� da forma��o da na��o, esse tra�o a ser enfrentado.
Hoje, tr�s realidades nos tomam a aten��o. A pandemia � o assunto dominante, obviamente, secundada pela desastrosa ou macabra atua��o do governo, sobretudo quanto � aquisi��o de vacinas no tempo certo, que n�o houve. A sequela dessas a��es e omiss�es abre a realidade de que logo mais come�ar� outra campanha eleitoral sem que tenham despontado op��es entusiasmantes. A �ltima realidade � a de sempre: o que fazer? Talvez antes de nome, construir um plano de reden��o.
2018 foi o 7x1 da pol�tica
Da primeira realidade se ocupar� a CPI aberta no Senado com o fim de apurar suas entranhas, se os senadores se preocuparem de verdade com a sorte de seus constituintes. Tr�s deles entre 11, um do Dem, outro do PL, um terceiro do Podemos, j� mostraram a quem servem.
Entre servir ao eleitor do estado que representam na chamada “Casa da Federa��o” ou ao Executivo a que cabem fiscalizar por obriga��o constitucional, escolheram o lado “pagador” e “provedor”.
A segunda realidade lembra a Sele��o goleada por 7 a 1 na Copa de 2014. Entrou em campo cal�ando salto alto e saiu humilhada – como os candidatos de centro na elei��o de 2018. Estavam certos de que a expuls�o de Lula pelo juiz da Lava Jato (agora anulada pelo STF) faria quem mais desancasse o PT correr para o abra�o. N�o avaliaram a vontade do eleitor, que ainda assim deu 47 milh�es de votos no 2º turno a Haddad, 10 milh�es a menos que a Bolsonaro.
Considerando que as absten��es e votos brancos e nulos apontaram 42,3 milh�es de insatisfeitos com tais op��es, � justo supor que a maioria queria algo diferente. � falta do que aspirava, dividiu-se entre o que j� conhecia com o candidato de Lula, n�o bem do PT, e o rumo ao desconhecido. 2018 foi o 7 a 1 da pol�tica.
Estamos outra vez no limbo
Outra vez estamos no limbo, agora n�o s� turvado pela sensa��o de frustra��o devido � corrup��o sist�mica, que a Lava Jato conseguiu singularizar em Lula, embora fosse da pol�tica em geral amasiada ao lado podre e difuso da economia. Hoje, a marca da morte por erros e omiss�es se faz presente, e n�o ser� esquecida at� as elei��es.
Esse � um drama mundial, mas mais cruel onde h� chefes narcisistas e senhoriais – EUA de Trump, �ndia de Narendra Modi, Brasil...
Tanto como satisfa��o �s fam�lias destro�adas quanto aos milhares de desempregados e pequenos empres�rios falidos, a expectativa que se avizinha � a de que o sofrimento possa ser, se n�o redimido, ao menos abrandado pela esperan�a de tempo melhor – um baita desafio.
Foi o que fez Joe Biden confiar mais na sua intui��o para derrotar Trump e, eleito, ignorar os conselhos dos economistas que avoam em torno do seu Partido Democrata como mosca de a�ougue e ir buscar no Novo Pacto do p�s-guerra de Franklin Roosevelt a inspira��o para um pa�s estra�alhado pelo �dio, ressentido pela perda de status de sua grande classe m�dia e desafiado pelo poder amea�ador da China.
Como roda girando em falso
O que nos amea�a s�o d�cadas de descaso com a maioria da popula��o – os dois ter�os com renda familiar total de at� cinco sal�rios m�nimos, metade deles at� 2SM. � o resultado de pol�ticas focadas em objetivos monet�rios e fiscais desconectados do desenvolvimento.
Fossem voltadas ao conjunto da sociedade, pobres e ricos, e j� teria sido implantada a digitaliza��o de cadastros seja de CPF, seja de CNPJ. Ningu�m se espantaria com a quantidade do que Paulo Guedes chamou de “invis�veis”, nem se alegaria como ess�ncia de uma reforma tribut�ria a busca de sua simplicidade.
Tamb�m n�o se poria todo o esfor�o da gest�o or�ament�ria sobre o gasto, se a m�trica de controle � dada pela rela��o entre a d�vida p�blica bruta e o PIB. Ela est� em 89,1%, ou mais razo�veis 61,3% do PIB, abatendo-se ativos do Tesouro como as reservas de divisas.
O que importa � que n�o s� o gasto influencia tal rela��o, j� que o crescimento do PIB � parte da equa��o. Dele s� falam platitudes.
E assim estamos como roda girando em falso, ref�m das utopias que desprezam o papel do Estado como indutor da riqueza empresarial e das fam�lias e das decis�es provincianas de pol�ticos sem senso de na��o nem vis�o sobre o que determina o progresso.