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Estado de Minas BRASIL S/A

Um pa�s com governantes desqualificados n�o chega a lugar nenhum

Duas imagens resumem o Brasil. A da CPI � o Brasil que temos. O que se quer faz sucesso no exterior


11/07/2021 04:00 - atualizado 11/07/2021 08:08

Eduardo Saverin (camisa listrada), cofundador do Facebook, é exemplo de brasileiro que foi estudar fora e chegou ao topo(foto: Roslan Rahman/AFP)
Eduardo Saverin (camisa listrada), cofundador do Facebook, � exemplo de brasileiro que foi estudar fora e chegou ao topo (foto: Roslan Rahman/AFP)

Duas imagens retratam o Brasil que se tem e o Brasil que se quer. A do Brasil que desembarcou do desenvolvimento 40 anos atr�s se v� sem cortes nem censura na exposi��o das falcatruas no Minist�rio da Sa�de trazidas � luz pelos principais senadores da CPI da pandemia.

Os malfeitos s�o chocantes, agravados tanto por se darem � sombra das a��es tomadas para o enfrentamento do v�rus que j� levou 530 mil vidas, milhares pela falta de empenho do governo na compra de vacinas, quanto por sabermos das inc�rias gra�as a funcion�rios concursados n�o intimidados por militares e cupinchas de pol�ticos lotados na Sa�de pelo ent�o ministro, general Eduardo Pazuello.

Desperd�cios, contratos suspeitos, aus�ncia de responsabiliza��o individual expl�cita das chefias do minist�rio, car�ncia de planos de curto, m�dio e longo prazo, baixo conhecimento sobre o SUS e sua opera��o tripartite (executiva por estados e munic�pios e provedora de insumos, recursos e diretrizes pelo governo federal, depois de aprovado pelo Congresso), chefias ocupadas por gente ordin�ria.

Em s�ntese, pois os registros de in�pcia s�o fartos (e transcendem a pasta da Sa�de), o que a CPI vem devassando com os depoimentos da alta c�pula da Sa�de � a desorganiza��o do setor p�blico em geral – e menos por obra de seus quadros permanentes que pelo despreparo de ministros e governantes para planejar, administrar e entregar.

� da inapet�ncia executiva do Estado brasileiro, que vem de longe e se tornou pat�tica na atual gest�o, que brota a corrup��o. E ela � sist�mica, infiltra-se em todos os degraus da “firma” – seja ela governo eleito ou sistema permanente que lhe cabe gerir, orientar e controlar. A falta dessas premissas e de vis�o apartid�ria sobre a melhora da popula��o explicam a secular frustra��o do progresso.

O Brasil com prop�sito independe de ideologia ou n�o ter�amos sido o pa�s de maior crescimento econ�mico entre 1950 e in�cio da d�cada de 1980, com regimes democr�tico e autorit�rio neste longo per�odo. O que se perdeu desde ent�o? Essa � a pergunta chave. As respostas s�o m�ltiplas, j� que talento sempre houve, mas hoje n�o mais aqui. O Brasil que se quer desponta l� fora, e n�o falo de jogador de futebol. Eles s�o outstanding onde mais precisamos.

O sucesso que fala ingl�s

O senso de miss�o, essencial ao desenvolvimento mais econ�mico que social destas duas eras que inspiraram a fabulosa transforma��o da China depois de 1978, segundo o economista franco-americano Michael Pettis, professor em Pequim, desapareceu com a ru�na da ditadura.

A gest�o econ�mica se acocorou, o processo p�blico se tornou arena de luta entre os lobbies do patrimonialismo e o fetiche fiscalista, desenvolvimento virou palavra maldita, e veio o �xodo dos jovens, que voltou a crescer, enquanto fracassamos por inc�ria e omiss�o. O Brasil que se quer � visto nas carreiras excepcionais de dois jovens que foram estudar nos EUA, l� ficaram, e chegaram ao topo.

Um � Eduardo Saverin, 39 anos, cofundador do Facebook com Mark Zuckerberg, hoje cidad�o de Cingapura, onde multiplicou sua fortuna investindo em startups de tecnologia da �sia. Esta semana, apareceu em 1º lugar no Brasil no ranking dos bilion�rios da Forbes, com uma fortuna estimada em US$ 19,5 bilh�es.

Outro brasileiro, Cristiano Amon, 50 anos, tamb�m foi not�cia, ao assumir a dire��o executiva da americana Qualcomm, CEO da gigante da ind�stria de semicondutores produzindo entre outros componentes chips do iPhone. A Qualcomm � um dos carros-chefes da estrat�gia do governo Biden para enfrentar a China na corrida tecnol�gica.

Nosso liberalismo apedeuta

Como talento � qualidade universal, Saverin, Amon, entre outros em ascens�o no mundo, porque aqui estariam desempregados, poderiam ter criado o Facebook no Brasil, se tivessem condi��es e oportunidades. Mas como? A �nica fabricante nacional de semicondutores, a Ceitec, estatal criada em 2008 em Porto Alegre, ser� fechada porque n�o d� lucro, segundo o ministro da Economia, Paulo Guedes. Amon, formado em engenharia el�trica na Unicamp, provavelmente trabalhasse l�, e hoje estaria � procura de emprego. Nosso liberalismo � apedeuta.

O mundo sofre uma escassez de chips, montadoras est�o parando suas unidades no Brasil por falta de componentes, e a Ceitec teve cart�o vermelho por ser estatal e acumular preju�zo de R$ 160 milh�es. N�o entra na conta superficial desses senhores o preju�zo pela dispensa de 180 pessoas com alta qualifica��o t�cnica. A isso chegamos.

Chegamos e regredimos. Mas esperar o qu� de governantes sem no��o sobre pol�ticas de desenvolvimento, como o presidente da vez, que alega desconhecer economia e, quando se aventura a discorrer sobre o que n�o sabe, fala de minera��o em terras ind�genas, de grafeno e ni�bio, desconhecendo que conhecimento � o que cria riqueza, como mostram os pa�ses que trazem o mundo a reboque? E sem educa��o, que lhe preocupa s� o que lhe ati�a seus preconceitos, ningu�m prospera.

Fanfarr�es n�o constroem

As coisas v�o mudar para melhor? Um dia v�o e mais cedo mudar�o se se pensar desde j� como mudar e para onde a partir de 2022, j� que, por ora, restam as desintelig�ncias de um governante adolescente, a petul�ncia de pol�ticos fisiol�gicos e a tecnocratismo de uma gente sem no��o, e com muito pouca raz�o, na formula��o econ�mica.

Pegue-se como exemplo o pacote do Imposto de Renda com mudan�as de grande complexidade enviado � C�mara. O presidente Arthur Lira, um cardeal do centr�o, queria votar ainda este m�s sem passar pela CCJ e comiss�es tem�ticas, sem audi�ncia p�blica, para impedir que se constate que o resultado ser� um brutal aumento de carga tribut�ria para bancar projetos eleitoreiros de Bolsonaro. � o n�o caminho.

O tema mais quente � a volta da tributa��o do lucro distribu�do � al�quota de 20%. A maioria dos pa�ses onera o lucro distribu�do aos acionistas, dizem ele e o secret�rio da RF. Ok, t�m raz�o. S� que a afirma��o omite que a maioria dos pa�ses que tributa dividendos os abate da base de c�lculo do IR das empresas. � cinismo de ambos?

O Brasil que se quer existir� quando o governante n�o xingar seus advers�rios de “imbecil”, dizer que “nasceu naquele lugar”, fazer piadas homof�bicas, politizar os quarteis, amea�ar n�o ter elei��o sem voto impresso. Brasil de fanfarr�es n�o constr�i, s� destr�i.



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